Em Cruzeiro do Sul, 80% das vítimas desistem de levar adiante o processo contra agressores
Com uma programação variada, as mulheres cruzeirenses comemoraram no último sábado, 12, o Dia Internacional da Mulher, em evento realizado pela Articulação Juruaense de Mulheres, com a participação de igrejas, entidades governamentais e não-governamentais e, principalmente, muitas mulheres, que lotaram o auditório do Núcleo da Secretaria Estadual de Educação. Com música, teatro, poesias, palestras e sorteio de brindes, a manhã transcorreu em ambiente alegre e descontraído e solidificou a nova postura da mulher, que hoje procura e defende seus direitos.
A professora aposentada Celene Lourenço considerou a comemoração um momento histórico “As mulheres têm tido grandes avanços, mas precisamos de mais. Hoje temos a presidente Dilma e muitas mulheres se destacando nas mais diversas áreas, e isso faz com que a gente se sinta muito mais à vontade, mais feliz por ser mulher.”
Importante participação foi a da juíza da Segunda Vara Criminal e Execuções Penais de Cruzeiro do Sul, Evelin Campos Cerqueira. Convidada pela organização, ela falou sobre o tema: “Violência Doméstica e a Lei Maria da Penha”, quando explicou sobre o que ocorre no dia-a-dia em seu setor de trabalho, quais os tipos de violência, a quem as mulheres em situação de violência devem procurar e quais medidas o Judiciário pode adotar para ajudar essas mulheres. Segundo a juíza, é muito alto o índice de violência contra as mulheres em Cruzeiro do Sul, e, o que é pior, 80% das vítimas desistem de levar adiante o processo contra seus companheiros.
O secretário de Desenvolvimento Social, Antônio Torres, afirmou ter gostado da festa. Durante seu pronunciamento, ele lembrou que o governo do Estado tem como principal preocupação que as políticas públicas cheguem às pessoas, especialmente às mulheres. Segundo explicou, foi esse o pensamento do governador Tião Viana ao criar a Secretaria da Mulher e entregá-la à direção de Concita Maia, que tem um histórico de luta pela valorização da mulher.
Mulher amparada
A dirigente do Centro de Referência Vitória Régia, Rosalina Souza, contou que a entidade, que funciona desde 2006, já atendeu 4.118 mulheres em diversas situações. Ela vê com bons olhos o fato de o centro estar sendo cada vez mais procurado. De lá as mulheres são encaminhadas para a Delegacia da Mulher e para a Casa Abrigo. Para ela, o governo tem contribuído muito com suas políticas para as mulheres. O centro de referência faz trabalho de prevenção, com palestras nas comunidades e nos bairros. Além disso, está promovendo cursos de artesanato no âmbito do Projeto Mais Cultura do Ministério da Cultura que visam dar oportunidade às mulheres de obterem alguma renda com a venda dos produtos.
Rosalina conta que muitas mulheres não denunciam os agressores, pois imaginam que ficarão inseguras e quando voltarem para casa a agressão pode ser pior. Mas aconselha: “Procurem apoio nas igrejas, nos centros de referência, na delegacia, com as amigas. Não desistam, pois, quando se deixa passar o primeiro tapa, a violência pode evoluir para a morte.”