O governador Tião Viana recebeu na Casa Civil, na manhã desta quarta-feira, 16, os representantes da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no Brasil (MST), que vieram ao Acre para uma troca de experiência envolvendo os projetos do governo voltados para a agroindustrialização e apresentar as novas experiências do movimento com foco no desenvolvimento da reforma agrária.
A agenda foi acompanhada, ainda, por representantes das secretarias de Desenvolvimento da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens), e de Agricultura e Pecuária (Seap), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e da cooperativa Acrepeixe.
Tião Viana, forte apoiador do movimento no Brasil desde os tempos em que esteve no Senado, quando chegou a alocar emendas para o MST, apresentou os principais projetos do Acre na agroindustialização – uma linha produtiva feita com respeito ao meio ambiente e desenvolvimento socioeconômico, a partir da implementação do modelo público-privado-comunitário e de mercado, que une governo, empresário, pequeno, médio e grande produtor rural.
“O latifúndio merece uma reflexão profunda. Aqui queremos mostrar e unir respostas econômicas rápidas, a partir desse trabalho feito com maior rentabilidade e com base num modelo inclusivo”, destacou Tião Viana, ao falar do cooperativismo, da suinocultura, da piscicultura e do plantio de frutíferas no estado.
O coordenador nacional do MST, Alexandre Conceição, pontuou que o movimento vive uma nova fase no país, não apenas focado em ocupar a terra, mas em projetos e parcerias com cooperativismo semelhantes aos do Acre, a partir da produção de diversos alimentos, pautados na sustentabilidade e numa nova matriz econômica que beneficia as mais de 400 mil famílias ligadas ao MST.
Segundo ele, a produção deve ser fortemente aliada à qualidade, para que os pequenos produtores entrem de fato no mercado, fortalecendo as cooperativas.
“O Brasil precisa conhecer o Acre e essa experiência de produção e integração. A reforma agrária só tem sentido se vier produzir alimento saudável para abastecer o campo e a cidade. E nisso o Acre tem dado exemplo. É por isso que viemos aqui para observar e aprender como este estado integrou essas políticas de assentamento e produção agrícola para, a partir desses modelos produtivos, aplicarmos em nossos projetos em todo o país”, pontuou.
Parceria e cooperativismo
Atualmente o MST detém oito milhões de hectares de terras e 450 mil famílias assentadas, e já trabalha com um modelo de parceria e cooperativismo semelhante ao do Acre.
“Objetivamos futuramente uma parceria com o Acre para, quem sabe, colocar alguns produtos da reforma agrária na alimentação escolar. Nós produzimos leite, arroz, sucos, farinha, açúcar e outros com alto valor agregado da produção de alimentos saudáveis”, conta o coordenador.
O gestor da Sedens, Sibá Machado, pontuou que é bastante oportuna a troca de experiência entre o MST e o Acre. “É a reforma agrária produzindo com sustentabilidade e baixo custo à sociedade. É motivo de alegria saber que a experiência que está sendo vivida na agroindustrialização acreana também está sendo praticada dentro da reforma agrária”, destacou o gestor.
O superintendente do Incra no Acre, Eduardo Ribeiro, disse que o órgão, junto ao MST, apoiará a disseminação das políticas econômicas do Acre no Brasil.
“Que outros estados possam se espelhar nesse modelo. E nós vamos ajudar a colocá-lo em funcionamento em outras regiões do Brasil, no sentido de levar dignidade e desenvolvimento para as pessoas”, enfatizou.