Ambientalista apaixonado pela preservação dos tracajás sofreu infarto nesta quinta-feira
“Eu tento me dedicar ao máximo, não apenas para conseguir bons resultados, mas porque eu sei que por trás de toda a defesa dessas duas espécies há coisas mais valiosas”, disse o coordenador do Projeto Quelônios no Acre, Abraão Libdy Kerdy. O ambientalista apaixonado por aquilo que fazia morreu na manhã desta quinta-feira, 26 de maio, vítima de um infarto fulminante.
Quando perguntado sobre que “coisas mais valiosas” seriam essas, o orgulhoso acreano e descendente de árabes apontou com os lábios para o rio Abunã e afirmou: “Não sei lhe dizer muito ao certo, mas sinto que aqui na mata podemos ser e ter uma força diferente de tudo o que tem nas cidades. Salvar tracajás e iaçás é importante, sim, senhor, mas é apenas parte das coisas”.
Preservação ambiental, conservação das espécies, segurança alimentar. Este é o tripé do projeto SOS Quelônios, ao qual Abraão dedicou os últimos anos de vida. Com base em Acrelândia, o projeto é desenvolvido numa faixa do rio Abunã, que se inicia antes de Plácido de Castro, na região da Bolívia, e se estende até Marmelo, em Rondônia. Junto ao projeto, Abraão Kerdy trabalhava como um mouro em plena floresta amazônica. Quando chovia durante as madrugadas frias do rio Abunã, Kerdy, junto com os 14 companheiros do projeto, saíam pelas praias “vulneráveis” procurando as covas mais rasas.
O SOS Quelônios nasceu de uma iniciativa da Associação de Moradores de Plácido de Castro. Em 22 de julho de 2000 o projeto foi fundado e conta com a participação de mais de 150 famílias ao longo do Abunã. O principal parceiro do projeto é o governo do Estado, através da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).
“Este é um trabalho que exige muito amor à causa, porque as dificuldades são muito grandes e todos são voluntários. Para que este trabalho aconteça, as parcerias são fundamentais, principalmente a parceria com o governo do Estado, que nos ajuda a manter o projeto”, afirmava Abraão Kerdy .
A ação só teve início quando ele se deu conta de que já não era comum encontrar quelônios no rio Abunã, e hoje seus resultados já fazem uma importante diferença para o ecossistema acreano.