Monges budistas vivenciam intercâmbio cultural na Biblioteca da Floresta

Um encontro de combatentes da mesma luta foi o que se tornou a visita de dois monges budistas vindos da Ásia (China e Índia) e dois discípulos europeus (Inglaterra e França), feita à Biblioteca da Floresta na terça-feira, 17.

Encontro dos monges budistas com  representantes do Instituto de Fé e Política do Acre (Foto: Eduardo Ferreira/ Biblioteca da Floresta)
Encontro dos monges budistas com representantes do Instituto de Fé e Política do Acre (Foto: Eduardo Ferreira/ Biblioteca da Floresta)

Na chegada, os religiosos foram acolhidos por lideranças religiosas do Instituto Ecumênico de Fé e Política (IEFP) do estado, que acompanharam a visita aceitando o convite feito pelo professor Marcos Afonso Pontes, diretor da biblioteca.

Os passos dados no lugar, que é espaço de memória da resistência vivida pelo povo da floresta neste extremo ocidental da Amazônia brasileira, reservaram surpresas e identificação.

Ao conhecerem sobre os “empates” (os motivos e como ocorriam), disseram que também eles, budistas, lá na Ásia se manifestavam em defesa da natureza, assumindo a mesma postura: sem armas, de braços dados como barreiras humanas.

A caminhada pela Biblioteca da Floresta emocionou os membros do instituto: Massimo Lombardi (padre), Cid Mauro Araújo (pastor), Rosália Maia (representante do budismo no Acre), Antônio Carlos Pinheiro (católico), Isabela Costa (terapeuta), Ivanilde Lopes (católica), Manoel Pacífico (secretário geral do IEFP). Todos se reconheceram nos ambientes, nas imagens, nos utensílios e nas histórias contadas.

A biodiversidade retratada nos ambientes encantou os visitantes (Foto: Raquel Castro/ Biblioteca da Floresta)
A biodiversidade retratada nos ambientes encantou os visitantes (Foto: Raquel Castro/ Biblioteca da Floresta)

Manoel Pacífico recordou o bispo católico já falecido dom Hélder Câmara, que defendia o diálogo interreligioso e esteve em Tóquio (Japão) para um encontro de líderes religiosos defendendo a bandeira da paz.

“Esse foi um intercâmbio entre culturas”, disse padre Massimo. Mas os monges deixaram a certeza de que não foi o último grupo a vir – outros se preparam para também conhecer o estado.

Motivos da viagem

A vinda ao Acre não foi um acaso. Durante o rito de preparação para se tornar pajé, Putani Yawanawá teve uma miração (visão que se tem sob o efeito do chá da Ayahuaska) de que esses monges budistas iriam à aldeia onde habita.

Em viagem a Paris (França), a pajé os encontrou, contou o que viu e desde então ficou agendada a vinda. Além do povo Yawa, monges e discípulos devem conhecer também os Ashaninkas.

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