Ministro e diretora da ANP apontam importância do Acre no leilão do gás e petróleo

Empresários e políticos compareceram ao leilão (Foto: Romerito Aquino)

Empresários e políticos compareceram ao leilão (Foto: Romerito Aquino)

O ministro interino das Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse na quarta, 27, que a 12ª Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo (ANP), na qual a Petrobras arrematou o bloco exploratório AC-T-8, da Bacia do Acre, no Vale do Juruá, tem um papel pioneiro e poderá contribuir para o aumento da produção de gás no país.

Por sua vez, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, considerou “a entrada da Bacia do Acre como nova possibilidade no cenário exploratório brasileiro” uma das razões dos grandes sucessos alcançados no leilão realizado ontem no Rio de Janeiro.

As declarações do ministro das Minas e Energia e da diretora-geral da ANP apontam para a importância da exploração de gás natural convencional no Acre para as pretensões do Brasil ser autossuficiente no gás que necessita para movimentar a indústria nacional e também a geração de energia elétrica.

Presente ao movimentado leilão da ANP, realizado no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, o governador Tião Viana dimensionou a entrada do Acre na exploração de gás natural e petróleo do país como “a nova fronteira econômica da Amazônia, que está se abrindo”. Segundo o governador, foi dado “um grande passo de uma nova caminhada” após a Petrobras dizer sim ao “novo pacto socioambiental” do Acre.

Os R$ 12 milhões previstos para serem gastos em investimentos pela Petrobrás no Acre contribuíram para que 12ª Rodada de Licitações tenha investimentos previstos de mais de meio bilhão de reais, considerando apenas os valores de Programa Exploratório Mínimo (PEM) oferecidos pelas empresas vencedores.

No total, foram arrematados 72 dos 240 blocos ofertados e a arrecadação com bônus de assinatura foi de aproximadamente R$ 165,2 milhões. A média de Conteúdo Local oferecido foi de 72,61% para a fase de exploração e de 84,47% para a de desenvolvimento.

Além do bloco exploratório do Acre, a Petrobras arrematou, sozinha ou em consórcio, 48 outros blocos, sendo 43 como operadora. No total, 12 empresas apresentaram ofertas vencedoras, sendo oito brasileiras e quatro estrangeiras. As outras empresas vencedoras foram Alvopetro, Bayar, Companhia Paranaense de Energia, Cowan, GDF Suez, Geopark, Nova Petróleo, Ouro Preto, Petra Energia, Petrobras, Trayectoria e Tucumann.

A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, destacou como grandes sucessos da 12ª Rodada tanto a entrada da Bacia do Acre quanto os resultados obtidos na Bacia do Paraná e o reforço de blocos no Parnaíba, reiterando a importância dessa bacia que hoje já produz em torno de 6% do gás brasileiro. Magda também destacou a confirmação do papel das bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, onde estão 54 dos 72 blocos arrematados.

Durante todo o dia, o amplo auditório do Hotel Windsor ficou lotado de empresários, políticos e técnicos encarregados de fazerem os lances dos blocos oferecidos para serem explorados nos próximos anos pelos vencedores dos leilões ocorridos ontem no Rio de Janeiro.

Além do governador Tião Viana e do senador Anibal Diniz (PT-AC), a delegação do Acre no leilão da Agência Nacional de Petróleo contou com as presenças da chefe da Casa Civil do governo, Márcia Regina de Sousa, do secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus, e do assessor governamental Marcelo Siqueira.

Inclusão do estado gera muita satisfação

O governador Tião Viana e a delegação do Acre deixaram o Rio de Janeiro satisfeitos com o retorno da Petrobras ao trabalho de exploração de gás natural convencional e petróleo em terras acreanas. Na década de 70, a Petrobras prospectou e explorou gás e óleo no Vale do Juruá acreano, para onde a empresa agora retorna.

O bloco arrematado pela Petrobrás foi o AC-T-8

O bloco arrematado pela Petrobrás foi o AC-T-8

Tão antigo quanto o trabalho de prospecção petrolífera da Petrobras no Acre é a participação política do governador Tião Viana, que desde 1999 vem tentando retomar a exploração do gás natural para o Estado obter recursos preciosos, através de royalties e participações especiais, necessários à continuidade de seu desenvolvimento econômico sustentável.

“Todos os estudos feitos por empresas contratadas pela ANP mostram evidências muito fortes de que o Acre pode ser uma grande reserva de petróleo e gás no Brasil. Se isso se confirmar, o Acre e principalmente a região do Juruá terá um grande desenvolvimento na sua economia”, afirmou recentemente o governador.

Tião Viana diz sempre que vem acompanhando todos os passos da prospecção de petróleo e gás que pode mudar a história do Acre. “Todo o processo começou com a Petrobras na década de 70, que perfurou alguns poços na região do Juruá e detectou que existiam indícios de petróleo e gás na região. Agora outras empresas fizeram vários estudos de aerogravimetro para mapear a região e estudos geofísicos, sísmicos e geoquímicos para analisar os resíduos”, explica o governador.

A perspectiva otimista com a exploração de gás e petróleo no Acre também é compartilhada por outras autoridades e especialistas do assunto. Ao promover palestra no Acre em outubro sobre o leilão da ANP, a pedido de Tião Viana, a diretora-geral Magda Chambriard informou que a agência já investiu mais de 140 milhões no Acre desde 2000.  Segundo a diretora, os recursos serviram apenas para provar as fortes evidências de haver petróleo e principalmente gás natural no Estado. Por isso, a agência aposta tanto no potencial acreano.

Para Magda, o leilão de ontem foi especial para a Agência Nacional de Petróleo, pois o evento veio concretizar uma diretriz nova da agência, que busca descentralizar a indústria petrolífera brasileira fora das bacias na região do Sudeste, em especial no Rio de Janeiro. Com o leilão, Chambriard conta que a ANP espera materializar um esforço de levar a exploração de petróleo às demais regiões do país.

“Desde 2003 tivemos uma reorganização nos nossos planejamentos. Resgatamos a indústria naval brasileira e desenvolvemos as vias para fornecimento terrestre. Neste ano, agendamos três diferentes rodadas de licitações. A 1ª ocorreu em maio, com 11 estados e foco no Norte e Nordeste. E só um estado era do Sudeste. A 2ª rodada é diferente. É esta do Pré-Sal. A 3ª rodada será a de novembro, com participação de 12 estados e centrada na exploração terrestre”, detalhou ela.

Magda também reafirmou a responsabilidade socioambiental da agência reguladora em relação às áreas que serão licitadas para a exploração no Acre. A diretora também enfatizou as expectativas altas do órgão em encontrar gás natural na região do Vale do Juruá, que faz fronteira com um mercado aquecido quando se trata de exploração do gás, o peruano.

“E lá no Peru eles fazem uma festa. Assim, chegamos à conclusão de que não podemos deixar o gás natural de lado no Brasil. E o Acre faz parte deste nosso esforço. Há fortes evidências aqui da existência do gás. O suficiente para colocarmos áreas acreanas em licitação”, concluiu.

Ao falar da palestra da diretora da ANP, o governador Tião Viana disse que o leilão seria um novo marco econômico para o Estado. Para Viana, sem a atuação precisa de Magda e a tendência da ANP em tirar o núcleo do mercado de petróleo brasileiro do Sudeste, o Acre dificilmente estaria vivendo este momento tão otimista quanto à exploração de gás natural.

“Este é um momento histórico para o Acre, pois marca uma nova fronteira econômica que está chegando. Tornando-se cada vez mais real. A diretora Magda Chambriard, com todos os seus mais de 30 anos nesta área, foi uma das pessoas que mais ajudou o nosso Estado a chegar até aqui. E a vinda dela aqui traz para a nossa população uma enorme esperança de que este projeto vai dar certo. De que teremos um nova identidade econômica”, disse o governador

Otimismo de Newton Monteiro e Nilo Santiago 

O mesmo otimismo em relação à presença de gás natural e petróleo no Acre foi compartilhado pelo consultor e ex-diretor da ANP, Newton Reis Monteiro, que esteve em Rio Branco em setembro também ministrando palestra  sobre a exploração e produção de petróleo e gás no estado.

Segundo disse Monteiro, a expectativa é que a exploração comece em dois anos. “Antes de pensar em perfurações, a gente tem que fazer uma licitação. Eu diria que, se tudo der certo, em dois anos vamos começar a perfurar”, disse Monteiro.

Ele também lembrou que, desde 2007, mais de R$ 100 milhões foram investidos em estudos e levantamentos físicos, sísmicos e geoquímicos para verificar a possibilidade e condições de prospecção de gás natural e petróleo na região do Juruá. O resultado, segundo Monteiro, foi positivo. “Eu estou extremamente otimista em relação ao Acre. Todos os números indicam que tem óleo. A melhor coisa é que o Acre é vizinho de um local que tem muito óleo, que é o Peru”, destaca.

Na época, o governador do Tião Viana ressaltou a importância dessa medida para a economia do Acre. “Até seis meses após a perfuração e a detecção do óleo é possível montar uma unidade de produção e poder comercializar. Isso é de grande oportunidade para mudar a economia do Estado. Para que o pequeno e o médio empresário tenham oportunidade de viver essa fronteira econômica que está por vir”.

Viana garantiu ainda que a exploração do petróleo não deve interferir nas políticas ambientais defendidas pelo governo. “Nada é incompatível com as políticas sustentáveis do governo do Acre. Nós deixamos fora qualquer área de proteção, áreas indígenas e qualquer situação que pudesse trazer risco ambiental”, afirma.

No mês de outubro deste ano também foi a vez do servidor da Petrobras, Nilo Santiago, especialista em petróleo, ministrar palestra em Cruzeiro do Sul sobre os impactos e os benefícios que uma região pode ter a partir da exploração. Santiago destacou que o Vale do Juruá está no meio de uma região que apresenta pontos de exploração, como Amazonas, Peru e Venezuela. “Se nestes lugares há petróleo e gás, aqui também tem”, afirmou.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter