Fernando Bezerra disse que vai lutar pela construção de 500 casas para moradores de área de risco em caráter de emergência
O transbordamento do rio Acre, que atingiu 20 mil pessoas e obrigou quase 500 famílias a procurarem abrigo no Parque de Exposições, trouxe ao Estado o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, acompanhado do coronel Humberto Viana, da Defesa Civil Nacional, e do coordenador do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, Armin Augusto Braum.
O ministro anunciou a liberação do recurso de R$ 900 mil solicitado pelo governador Tião Viana para o atendimento das vítimas da cheia e disse que vai se empenhar junto à presidente Dilma Rousseff para que seja autorizada a construção de 500 casas do programa Minha Casa Minha Vida, em caráter emergencial, para que os desabrigados não voltem às áreas de risco.
Após desembarcar em Rio Branco, o ministro fez um sobrevoo sobre a capital para conferir a força da natureza e sentir o impacto da cheia na vida das famílias. Oito bairros e cinco mil imóveis foram atingidos até agora.
O prefeito Raimundo Angelim destacou a rapidez com que foi atendido o decreto de situação de emergência. “Em sete anos que estou à frente da prefeitura, passamos por cinco alagações e em nenhuma delas tivemos uma resposta tão imediata para uma situação de emergência”, afirmou.
Angelim também ressaltou o nível de organização no atendimento das famílias e na estrutura oferecida, que vai desde a acolhida pelo serviço social até entretenimento para crianças e adultos.
“Eu duvido de que em todo o país haja um município ou Estado que tenha essa organização. Os móveis de cada família são identificados, relacionados e guardados. Os animais de estimação são vacinados e alimentados, as seis mil refeições servidas por dia são elaboradas segundo um cardápio feito por nutricionista. Temos 104 carros e caminhões para ajudar no deslocamento dos desabrigados. Por dia, são consumidos 18 mil litros de água potável, além de cursos profissionalizantes, palestras, recreação infantil, atendimento médico e até sessões de cinema.”
O governador Tião Viana agradeceu o empenho e a solidariedade de cada um que está ajudando o Acre a passar por esse momento, desde voluntários a funcionários de secretarias de Estado e município, e a presidente Dilma, que se sensibilizou com a situação e encaminhou o ministro da Integração Nacional para verificar a questão pessoalmente.
“Quem faz o sobrevoo tem a oportunidade de ver a dimensão da cheia, e o ministro viu que este não é um pedido político, que não estamos nos aproveitando de uma situação para pedir mais dinheiro. Nós sabemos como a presidente Dilma tem cuidado das contas do Brasil e todos os compromissos que ela tem que cumprir”, disse o governador, lembrando que a ocupação histórica de Rio Branco, às margens do rio Acre e sem ordenamento territorial algum, é um problema que precisa ser resolvido com uma política mais estruturante.
Recursos, casas e mudança de conceito
Fernando Bezerra anunciou, além da liberação do recurso de R$ 900 mil, que estará na conta do governo do Estado até a próxima terça-feira, que vai lutar para que a presidente Dilma libere a construção de 500 casas em caráter emergencial. Segundo o ministro, as unidades habitacionais fariam parte do programa Minha Casa, Minha Vida, e, até que fossem concluídas, provavelmente as famílias seriam beneficiadas com outro programa, o aluguel social, caso elas não tenham mais condições de retornar às suas moradias em área de risco.
O ministro elogiou a atuação conjunta do governo do Estado e da prefeitura de Rio Branco no atendimento aos desabrigados. “Eu estive em 19 Estados e testemunhei situações como esta e outras tragédias. Quero aplaudir a Defesa Civil do Estado e do município e cada uma das pessoas envolvidas nesse trabalho. O Acre também é Brasil e é mais brasileiro que muitos Estados, por sua história de luta para pertencer ao país. Tenho certeza de que a presidente Dilma vai sinalizar positivamente com a construção das 500 casas para retirar as famílias de áreas de risco.”
Bezerra se posicionou favorável à ajuda emergencial, por ser necessária, mas deixou claro que a política da presidente Dilma prevê uma ação voltada para trabalhos mais concretos e duradouros, com mudança de postura e de conceitos. “O Brasil gasta muito nos eventos pós-tragédias. É hora de introduzir uma nova cultura política, a de diagnóstico de risco, prevenção e conscientização das pessoas. As famílias precisam entender que não se pode morar em área de risco, que o barato pode sair muito caro. Vamos oferecer políticas de readequações, como o ordenamento territorial urbano e o estatuto das cidades."
Acadêmicos formam Brigada Jovem
Duzentos acadêmicos de Serviço Social fazem parte da Brigada Jovem Operação Alagação. Eles vão auxiliar em diversos serviços dentro do Parque de Exposições, entre eles o acolhimento dos desabrigados e a identificação de famílias que precisam de fraudas e leite. As brigadas foram uma sugestão do governador Tião Viana e iniciaram com jovens voluntários que atuaram no combate à dengue.
“Não tem gesto maior que a solidariedade e é isso que estamos vendo mais vez aqui no Acre, que é um estado solidário. A mobilização acontece em todas as camadas da sociedade, são estudantes, professores, funcionários, poder público. Essa ação da Brigada Jovem é um exemplo de como o povo acreano tem um sentimento forte de solidariedade”, Aníbal Diniz, Senador.
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