Casa de Leitura Chico Mendes dá exemplo de que leitura é essencial para o desenvolvimento humano
 Acompanhado do presidente da FEM, Daniel Zen, Milton Hatoum se encanta e diz que vai doar livros à Casa de Leitura Chico Mendes. (Foto: Sérgio Vale) |
 Micirlene de Almeida Santos, de 13 anos, apresentou a magia da leitura à irmã de quatro anos, Milene. (Foto: Sérgio Vale) |
 Rodrigo Batista, de nove anos, conta e interpreta a história do Seringueiro na Justiça aos visitantes da Casa. (Foto: Sérgio Vale) |
O escritor Milton Hatoum visitou a Casa de Leitura Chico Mendes, na manhã desta quinta-feira, 19, acompanhado do presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Daniel Zen, e de representantes do Comitê Chico Mendes, como o ativista Abrahim Farhat, mais conhecido como "Lhé". Durante a visita, as crianças leitoras da Casa cantaram, contaram histórias e interpretaram contos amazônicos.
A Casa de Leitura Chico Mendes não foi batizada com esse nome "casa" em vão. Ao chegar, os leitores-visitantes devem tirar os sapatos, como forma de respeito ao entrar em um lar. E foi assim, descalços, que os visitantes desta quinta-feira assistiram à pequena Milene de Almeida Santos, de quatro anos, contar uma história que terminava assim: é a casa do Joaquim Mudim.
Milene é irmã de Micirlene de Almeida Santos, de 13 anos. Foi Micirlene quem levou a irmã mais nova para acompanhar as sessões de leitura na Casa. Aos poucos, lembra a irmã, a pequena Milene começou a interagir com as outras crianças, com os livros e com as histórias. "Um dia, estávamos dividindo um texto para a leitura. Então, a Milena, na época com três anos, ao ver que não tinham dado o texto a ela, reclamou: cadê a minha parte?", destacou a coordenadora da Casa, Maria Antonia Oliveira.
Rodeados por livros (mais de 1,2 mil títulos), revistas, mesas de estudos e instrumentos musicais, as crianças se desenvolvem por meio da leitura, como se estivessem realmente em casa. Rodrigo Batista, de nove anos, demonstrando habilidade literário-teatral, contou a história do Seringueiro na Justiça, que trata da briga por justiça entre seringueiros e fazendeiros na Amazônia.
O escritor Milton Hatoum ficou emocionado. Depois de ter participado do Laboratório do Escritor, realizado na noite desta quarta-feira, 18, ele pôde comprovar a necessidade do desenvolvimento da leitura para o crescimento intelectual das pessoas. "A Casa da Leitura Chico Mendes é uma experiência vitoriosa e exemplar. Certamente, essa idéia deveria ser levada para toda a Amazônia. Esse é o verdadeiro laboratório de leitura", destacou o escritor.
A Casa de Leitura Chico Mendes foi criada em 2005. Ela é construída em madeira, no mesmo modelo das casas do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH), respeitando a arquitetura das casas do bairro Chico Mendes. Os agentes de leitura e auxiliares da Casa são os próprios moradores do bairro, vizinhos do local. Como fruto do trabalho desenvolvido, em breve será lançado um livro de poesias compostas pelo grupo de leitores estimado em 116 pessoas, entre crianças, adultos e idosos.
De acordo com o presidente da FEM, Daniel Zen, a Casa é um espaço destinado ao desenvolvimento da leitura nas comunidades distantes do centro da cidade. "As casas de leitura ou os pontos de leitura se destacam pela proximidade com a comunidade. Isso permite o estímulo da leitura e facilita o acesso ao livro, àquelas pessoas que estão distantes das grandes bibliotecas", ressaltou Zen.
