Médico acreano relata importância do carinho ao curar-se de câncer

Durante os intervalos em seu serviço de guarda no gabinete do governo do Estado, o soldado da Polícia Militar Allan Queiroga focava sua atenção nos livros de Medicina, que cursava na Universidade Federal do Acre (Ufac).

A leitura chamava a atenção do governador Tião Viana, pois não importava o dia ou a hora que passava, lá estava o jovem com o livro no colo.

Assim seguiu, de domingo a domingo. Queiroga formou-se e seguiu seu destino de buscar especialização e residência em outros ares.

Queiroga (C) relatou sua experiência ao governador Tião Viana, que estava acompanhado do deputado Daniel Zen e equipe de governo (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Ao se especializar em cirurgias no Rio de Janeiro e São Paulo, Queiroga pensou em voltar logo para seu estado, mas decidiu, em conjunto com o irmão, buscar mais conhecimento, de crânio e microcirurgia. “É uma área que não tem nenhum profissional no Acre. Enquanto não houver pessoas que fomentem isso, vai continuar sem”, explicou.

A inversão de lados

Foi nessa decisão que Queiroga ganhou da vida uma oportunidade de aprender algo mais, não por força de vontade, mas por caminhos que só o destino poderia responder. Ele descobriu então, após dores e uma fraqueza em seu corpo jovem e sem vícios de fumo e bebida alcoólica, um grave câncer próximo ao coração.

Mais especificamente, o câncer é de mediatismo, localizado entre os pulmões. “Ele podia não aguentar mais, estava no limite, mas ele venceu. Renasceu”, falou Tião Viana, já pedindo que o jovem médico contasse mais sobre suas lições. “Agora me conta: você virou paciente, e o que a vida te ensinou?”, perguntou.

“Sentir o carinho das pessoas foi muito importante”, disse Queiroga (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Como paciente, Queiroga aprendeu um novo olhar sobre sua profissão e o ato de curar. Durante o intenso tratamento, enquanto sentia as dores e buscava a cura, ele afirma que percebeu a importância do acolhimento por parte da equipe.

“Apesar de ser gentil, atencioso, minha prioridade era sempre a parte técnica e científica. Agora eu pude viver algo bem diferente, no sentido de ver a atenção de forma de carinho para o paciente”, disse o médico e paciente. “Sentir o carinho das pessoas foi muito importante.”

Hoje, curado, Queiroga fez questão de ir à Casa Civil, na última semana, falar para o governador e sua equipe sobre a experiência que teve, reafirmando que está de volta para o Acre e quer continuar servindo o povo, como já havia feito antes. Mesmo durante seu tratamento, o jovem de 28 anos vinha ao estado ser voluntário para cirurgias infantis de lábio leporino.

Queiroga finaliza explicando o que o levou a buscar outra especialização, caminho que o levou a descobrir sua doença e curá-la. “As pessoas daqui merecem boas coisas. A gente queria voltar logo, mas tinha a sensação de que podia trazer algo a mais”, afirmou.

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