Marina Silva recebe um dos mais importantes prêmios internacionais na área ambiental

Senadora acreana foi escolhida pela Fundação Sophie, da Noruega, em reconhecimento a sua história de luta por um desenvolvimento sustentável na Amazônia

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Marina Silva recebe o décimo prêmio internacional (Foto: Assessoria Fundação Sophie)

Mahatma Gandhi dizia: "Nunca subestime a capacidade de os indivíduos mudar o mundo". Para os membros da Fundação Sophie, da Noruega, a acreana Marina Silva confirma as palavras do pacifista indiano. A senadora foi escolhida para receber o Prêmio Sofia 2009, um dos mais importantes do mundo, concedido à pessoa ou organização que tenha contribuído para reforçar a consciência de defesa do meio ambiente e a importância de alternativas para o desenvolvimento sustentável do planeta. A solenidade de entrega do prêmio acontece nesta quarta-feira, 17, às 16 horas, no Christiania Teater, em Oslo, Noruega.

Criado em 1997, pelo escritor norueguês Jostein Gaarder (autor do livro "O mundo de Sofia", best seller traduzido em 53 idiomas) o prêmio já foi entregue, entre outras pessoas e instituições, à Wangari Maathai, a ecologista queniana que foi Nobel da Paz em 2004.

Este é o quarto prêmio internacional que Marina Silva recebe depois que deixou o governo federal e voltou ao Senado. Há um ano ganhou a medalha Duque de Edimburgo do príncipe Philip da Inglaterra, em reconhecimento à sua luta em defesa da Amazônia brasileira (o mais importante concedido pela WWF); recebeu, também, o "World Rainforest Award", concedido pela Rainforest Action Network (RAN) como reconhecimento por seu compromisso de proteger a floresta tropical; e o XIV Prêmio N"Aitun 2009, destinado à pessoas e instituições que se destacam na defesa do meio ambiente. A senadora venceu ainda outros dez prêmios internacionais, ganhou dezenas de prêmios e medalhas nacionais e já foi escolhida, pelo jornal britânico "The Guardian", em 2007, uma das pessoas em condições de ajudar a salvar o planeta.

Reconhecimento a um passado e um presente de lutas

(Fonte: Assessoria Fundação Sophie)

A vencedora da edição deste ano do Prêmio Sofia cresceu na pobreza em uma das áreas mais isoladas do mundo e foi analfabeta até a sua adolescência. Como ativista, senadora e ministra, ela se dedica a garantir a proteção do maior e mais rico ecossistema do planeta: a Floresta Amazônica. Seu esforço e coragem – e suas realizações – são sem comparação.

Marina Silva cresceu como uma das 12 irmãs de uma família pobre seringueira no Estado do Acre, oeste do Brasil. Aos 16 anos ela contraiu hepatite e foi enviada à capital Rio Branco para fazer o tratamento. Ela era analfabeta, mas com um sonho de estudar e se tornar uma freira. Trabalhou como empregada doméstica, aprendeu a ler, foi matriculada em uma escola pública e iniciou estudos preparatórios. Ao longo do caminho, recebeu inspirações da Teologia da Libertação e do ativista ambiental Chico Mendes (assassinado pelos pecuaristas em 1988), que se tornou um de seus amigos. Ela se tornou politicamente ativa e uma fervorosa defensora de negociação, a luta pela não-violência e soluções inovadoras. Marina Silva viu muitos dos seus colegas ativistas assassinados. Ainda assim, não se deu por vencida. Estava certa de que a civilização deveria ser baseada na sustentabilidade.

Em 1994, foi eleita senadora pelo Partido dos Trabalhadores do Acre. O presidente Lula a nomeou Ministra do Meio Ambiente em 2003, onde enfrentou enormes desafios. No novo cargo, ela conseguiu forjar alianças para utilizar leis e instituições e dar a volta por cima na luta pela causa ambiental. Enormes áreas foram conservadas, mais de 700 pessoas foram detidas por atividades ilegais na floresta, mais de 1.500 empresas foram encerradas, e equipamentos, propriedades e madeiras ilegais foram confiscados. Essas medidas foram eficazes.

Marina Silva garantiu a redução do desmatamento para o segundo nível mais baixo em 20 anos – praticamente 60% a partir de 2004 a 2007. Como resultado disto, o planeta evitou a emissão de mais de 520 milhões de toneladas de CO2, ou dez vezes as emissões anuais da Noruega. Embora lutasse para proteger a floresta tropical, ela também equilibrava suas ações com políticas para os povos indígenas, a agricultura tradicional e a sociedade em geral.

Outro resultado de esforços da Marina Silva é o Fundo Amazônia, criado para evitar emissões de gases de estufa através da floresta tropical conservação. O Fundo é financiado por contribuições nacionais e internacionais. Marina Silva saiu do Governo Federal e hoje continua a sua luta a partir de seu lugar no Congresso Nacional. Ela ainda exerce uma grande influência sobre a política ambiental no Brasil e é uma referência do assunto para o mundo.

 

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