Lula dialoga sobre educação com jovens estudantes no Crie – artigo

Foto: Gleilson Miranda/Secom
Foto: Gleilson Miranda/Secom

Ao visitar, na manhã desta terça-feira, em Rio Branco, o Centro de Referência em Inovação para Educação, localizado no centro da cidade, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou impressionado e declarou: “Em 50 anos, nunca vi nada parecido com isto aqui”.

Após conversar demoradamente com um grupo de jovens, numa das salas, anunciou que vai organizar em São Paulo, ou Brasília, um encontro nacional para mostrar as melhores experiências educacionais do país, como a do Acre, “que a mídia elitista nunca mostra”.

Seu ex-ministro do Turismo (2003-2007), Walfrido dos Mares Guia, que agora o acompanha como assessor, com largo conhecimento educacional desenvolvido em Minas Gerais, também se emocionou e foi enfático: “Nunca vi, em nenhuma parte do mundo, uma coisa tão bem feita, tão articulada e com tanta competência”.

O governador Tião Viana e assessores, além de políticos, secretários de Estado e simpatizantes, acompanharam o ex-presidente pelas diversas salas, onde foi recebido com enorme carinho.

Numa delas, quatro crianças na faixa de 10 a 12 anos representaram um trecho de “O Fantasma da Ópera” e, no final, correram para abraçar o ex-presidente. “É muito chamego!”, comentou uma repórter fotográfica que cobria a visita.

O que vocês esperam de um presidente?

Ao fim da visita ao centro educacional, Lula se demorou numa conversa com um grupo de jovens com mais idade, que cursa o ensino médio ou a universidade.

Uma jovem indagou sobre o que ele teria a oferecer para a juventude num possível retorno à presidência da República.

Lula sugeriu que a pergunta fosse feita de outra forma. Por exemplo: “O que os jovens querem que o presidente faça?”, ou “o que vocês acham que poderiam fazer neste governo”?

Em seguida, fez comparações entre as aspirações dos jovens de hoje e os de sua geração: “É importante saber a diferença de comportamento entre os jovens de 40 ou mais anos atrás e os de hoje. Antes era tudo distante das populações mais pobres. Os sonhos eram pequenos. Eu, por exemplo, com a idade de vocês queria ser mecânico e nem sabia por quê. Fui trabalhar numa fábrica de parafusos e minha mãe, aproveitando um uniforme de meu irmão mais velho, fez um macacão pra mim. Mas, ao fim do trabalho, vi que o macacão estava limpo, não parecia que eu era mecânico. Aí eu enfiei a mão num tambor de óleo queimado e me lambuzei. Cheguei em casa todo sujo”.

Não quero que vocês trabalhem cedo, mas que estudem!

“Essa é a minha preocupação. Vocês precisam ter muito mais que nós. No passado, a elite brasileira não tinha interesse que nosso povo estudasse. Os escravos, então, só prestavam para trabalhar e dar o sangue pro país. Somente 422 anos depois da descoberta do Brasil veio a primeira universidade. Precisamos apostar mais na educação, porque é a única coisa que pode colocar para o povo a igualdade de oportunidades.”

Lula disse que o Instituto que tem o seu nome, em São Paulo, montou um plano de educação para ser criado até 2024, oferecendo, a todos os jovens brasileiros, ensino desde a creche até a universidade. Ele defende que as comunidades assumam a escola.

“Se elas não estiverem envolvidas, não vai dar certo. A diretora da escola tem que ser indicada pela comunidade”, afirmou.

Ao encerrar o encontro, ofereceu aos jovens do Crie alguns conselhos:

“Nunca digam que não gostam de política. Ou que não gostam de governo porque nenhum presta.”

“Se acham que ninguém presta, ainda assim, não abandonem a política. Quem sabe, o governador perfeito esteja dentro de vocês!”.

“Não parem de sonhar. Vocês, jovens, têm tempo de construir a comunidade, a cidade e o país nos quais vocês moram.”

Mudanças velozes

O governador Tião Viana também falou aos jovens na ocasião. Ele disse ter lido num livro, recentemente, que as coisas hoje estão mudando com tanta velocidade que daqui a 50 anos o homem poderá prolongar sua vida, talvez, de modo infinito.

Mas, por enquanto, propôs aos jovens: “Não deixem que a mentira, as infâmias sejam donas da agenda de amanhã.”

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