Acre investe em pesquisa de lubrificante e gel retardante para uso em preservativos masculinos pela Natex
Primeiro foram as camisinhas. Agora o Acre investe em pesquisas para obter lubrificantes e produtos com ação retardante para uso em preservativos masculinos. A ideia é trabalhar com produtos oriundos da floresta amazônica, gerando renda para as comunidades – assim como a Natex, que utiliza látex de seringais nativos -, agregando valor aos produtos e fornecendo alternativas às matérias primas derivadas do silicone – caras e importadas.
A pesquisa, coordenada pela gerente de Projetos de Produtos Naturais da Funtac, Silvia Luciane Basso, é feita com recursos do Ministério da Saúde e faz parte do projeto "Desenvolvimento de Produtos com espécies vegetais amazônicas para a indústria de preservativos". O objetivo, segundo a farmacêutica responsável pela pesquisa, é agregar conhecimento científico para a geração de biotecnologia no desenvolvimento de produtos relacionados à produção de preservativos.
As espécies vegetais utilizadas na pesquisa estão sendo selecionadas a partir de pesquisa bibliográfica e coleta na Florestal Estadual do Antimary e na região do Juruá. "O lubrificante natural e o gel com ação retardante serão produtos inovadores, onde o Governo do Estado, através da Fundação de Tecnologia do Acre, será detentor da patente, com um desenvolvimento significativo para a região. A matéria prima utilizada na elaboração dos produtos que estão hoje no mercado é importada, à base de silicone, e muito cara. O governo brasileiro, dentro da política de distribuição de preservativos, depende de recursos astronômicos por conta desta importação", explica a pesquisadora.
A partir de uma agenda conjunta de trabalho entre o Governo do Estado e o Ministério da Saúde foi viabilizado, além da instalação da Natex – a fábrica de preservativos de Xapuri que utiliza látex de seringais nativos e beneficia diretamente cerca de 700 famílias – um novo financiamento direcionado para o desenvolvimento de produtos originários da biodiversidade amazônica. Entre estes produtos estão o lubrificante e o gel retardante, que poderá ser utilizado diretamente nas camisinhas ou vendido em saches.
"O gel retardante tem a função de atrasar a ejaculação precoce, uma disfunção muito comum, com prevalência entre 20% e 30% entre os homens. Hoje os produtos existentes no mercado são a base de benzocaína, um anestésico. Estamos pesquisando plantas com o mesmo efeito e os primeiros resultados devem sair até o final de 2010", disse Silvia.
A pesquisadora explica ainda que o desenvolvimento destes produtos tem grande importância econômica para o Estado, pois além de gerar renda para as comunidades da floresta, que vão atuar na extração dos óleos utilizados nos lubrificantes. "Por enquanto a fábrica de preservativos está vendendo toda sua produção para o Ministério da Saúde e quando ela iniciar a comercialização para o consumidor final é importante que haja opções de preservativos, como a camisinha com efeito retardante".