Levar políticas públicas a todas as localidades do Estado é um desafio assumido e executado pelo governo do Povo do Acre. Com este propósito a titular da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), Concita Maia, tem se empenhado em conhecer a realidade dos cidadãos acreanos, principalmente daqueles que moram nas regiões mais afastadas e de difícil acesso, onde as ações de gênero ainda não chegaram. Na última semana, Concita Maia esteve na aldeia Alves Rodrigues para uma reunião com as lideranças de 12 comunidades, que residem na Terra Indígena Mamoadate do Rio Iaco.
A viagem se dividiu em três percursos, o primeiro, durou cerca de três horas de carro, de Rio Branco a Assis Brasil. Em seguida, a equipe percorreu mais 76 quilômetros de ramal até chegar às margens do Rio Iaco, para que pudessem completar a última etapa e assim pudessem chegar ao seu destino final: aldeia Alves Rodrigues, na Terra Indígena Mamoadate, lugar em que o povo Manchineri habita.
O objetivo do encontro foi conhecer a realidade local e as dificuldades que o povo Manchineri enfrenta no seu dia a dia. “O convite na verdade partiu do governo. É muito bom poder contar com gestoras públicas como a secretária que se dispõe a conhecer a realidade de um povo, para então desenvolver políticas públicas”, contou a liderança indígena, Sebastião Manchineri.
Entre as pautas da reunião, foram discutidas ações em educação, saúde, alimentação, produção, transporte, habitação, fortalecimento da cultura Manchineri, além da fomentação da inclusão socioprodutiva das mulheres indígenas. Sabá Manchineri também destacou alguns investimentos do governo do Estado para seu povo, como a criação de alevinos, estruturação física e pessoal das escolas comunitárias e a entrega de equipamentos para funcionamento da Associação Manchinei. “A vinda de autoridades nas nossas aldeias é muito importante para estabelecer uma relação de trabalho, partindo das demandas e necessidades vindas das comunidades”, reafirmou Sabá.
Na ocasião a gestora da SEPMulheres, Concita Maia, aproveitou a ida para conhecer o roçado da comunidade, onde estão implantando um Sistema Agroflorestal (SAF), que proporciona um retorno econômico a longo prazo e utiliza a sucessão natural da flora nativa para fortalecimento do terreno em que se pratica o trabalho agrícola. Uma próxima ida da equipe do governo do Estado à Terra Indígena Mamoadate ficou marcada para o dia 01 de outubro, desta vez, na aldeia Extrema, última comunidade indígena do Rio Iaco habitada pelo povo Manchineri.
Secretária apresenta projetos para lideranças indígenas
“Nós da SEPMulheres temos uma preocupação maior com aquelas mulheres que ainda estão muito longe das políticas de gênero, que são as índias, ribeirinhas, produtoras rurais e todas as outras que moram nos lugares mais afastados. Essas são as mulheres que nos preocupam mais e com as quais nós temos um compromisso maior, pois temos a meta de levar ações de gênero para todas as mulheres do Acre”, ressaltou Concita Maia ao apresentar os projetos da SEPMulheres voltados para as mulheres indígenas.
Para a liderança, Luzia Manchineri, a participação das mulheres nas decisões que influenciam no futuro da aldeia é de suma importância. “Sinto falta da participação das mulheres nas reuniões e nos momentos de decisões, mas essa participação tem que partir de nós mesmas”, afirmou.
A parteira e uma das índias com maior idade da aldeia, Tereza Manchineri falou de sua alegria em fazer parte desse novo momento na para as índias do Mamoadate. “Por sermos mulheres já não somos tão prestigiadas e quando nos tornamos idosas, ai que a coisa fica pior. Ter uma secretária que valoriza a cultura indígena das mulheres e os saberes das mais velhas é muito importante para nós”, disse.
“As parteiras também é outra linha de trabalho da qual pretendemos atuar, cuidar e preservar. O reavivamento e o repasse do saber da floresta é uma das metas de trabalho da SEPMulheres, além claro, da independência econômica das nossas índias”, reafirmou Concita Maia.
Reencontro de raízes
“Estou muito emocionada, primeiro por pisar no chão em que minha avó protagonizou a sua história. Meu pai é filho de uma índia Manchineri, esta é minha origem, aqui estão as minhas raízes sanguíneas. Segundo e não menos importante, por fazer parte de um governo que se dispõe a ouvir a todos, sem distinção de classe social, cor, raça, etnia, sexo ou religião”, afirmou emocionada Concita Maia.