Jorge Viana discute setor madeireiro em seminário durante FIAM 2008

O ex-governador do Acre falou da importância da valorização dos bens fornecidos pela floresta e da conscientização das vantagens do uso sustentável dos recursos

 

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Jorge Viana diz que é preciso prioridade política, facilitação para os que querem fazer o aproveitamento da floresta de forma sustentável (Foto: Angela Peres/Secom)

A política florestal praticada no Acre desde 1999 foi apresentada em um dos maiores eventos de negócios do Brasil, a Feira Internacional da Amazônia (FIAM). O ex-governador do Estado e atual presidente do Fórum de Desenvolvimento Sustentável, Jorge Viana, coordenou a abertura do Seminário Regional de Políticas Públicas Setor de Madeira e Móveis. Centenas de pessoas lotaram o auditório para assistir à palestra ministrada pelo engenheiro florestal.

Com o tema A Indústria do Setor Madeira e Móveis da Região Amazônica, Jorge Viana, falou da importância da valorização dos bens fornecidos pela floresta e da conscientização das vantagens do uso sustentável dos recursos.

Os seminários são um dos segmentos que fazem parte da programação da quarta edição da FIAM, realizada de 10 a 13 de setembro na capital amazonense. O evento é destinado a profissionais da área ambiental, secretários de governo, empresários e estudantes. De acordo com a superintendente da Suframa, Flávia Grosso, a jornada de seminários internacionais sobre o desenvolvimento amazônico, compartilhamento do conhecimento gerado na região, oferece suporte ao setor produtivo, além de orientar e o aperfeiçoamento de políticas e de projetos estratégicos públicos e privados. Neste ano serão mais de 16 seminários com a participação de mais de 300 especialistas, palestrantes e mediadores.

Aline Brito, trabalha na Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas, ela era uma das pessoas que ouvia atentamente os apontamentos do ex-governador. Segunda ela, a política estratégica voltada para a conservação, agregando as populações ao processo de desenvolvimento implantada por Jorge Viana no Acre, que também são mantidas pelo atual governador, Binho Marques, serviram a ainda servem de exemplo para os demais estados amazônicos.

Em entrevista concedida à Agência de Notícias do Acre, Jorge Viana, avalia o setor industrial de móveis e madeira, fala das dificuldades e dos entraves e apresenta alternativas para o crescimento do setor. Além de comentar sobre a importância da FIAM.

Como o senhor avalia o setor industrial de móveis e madeira na região Amazônica?

Sou engenheiro florestal, e as pessoas que me conhecem sabem que sou defensor intransigente na busca de valorização daquilo que está acima ou abaixo da terra na Amazônia, que são as nossas riquezas maiores. Então que essas riquezas possam se tornar em melhoria de vida do nosso povo, em geração de emprego e na instalação de empreendimentos, fazendo o aproveitamento sustentável dela. Nestes eventos temos a oportunidade de avaliar como as coisas estão andando, e apontar caminhos para que elas andem mais rápido. E o Acre é sempre uma referência da busca de fazer a floresta valer dinheiro, valer a geração de emprego e ajudar o Brasil a se desenvolver.

Quais são os desafios que o setor ainda encontra?

É muito importante que se dê uma atenção política para a Amazônia. A gente tem 23,5 milhões de pessoas morando nos Estados amazônicos, é uma das regiões mais ricas do planeta e tem gente passando fome e necessidade. É preciso prioridade política, facilitação para aqueles que querem fazer o aproveitamento da floresta de forma sustentável, trancando a porta daqueles que querem destruir. Essa mediação é que vai fazer com que o Brasil leve vantagem de ter a Amazônia. Porque senão fica parecendo que a gente tem que pagar o preço por ter, eu penso exatamente o contrário quando a gente aprender a usar e valorizar nossas riquezas e aí nós vamos ver que é um privilégio ser, viver e trabalhar na Amazônia.

Qual a importância da FIAM para o desenvolvimento sustentável da região?

É um evento muito importante, porque promove e discute. Uma das coisas boas que a Amazônia explora ainda pouco é a indústria limpa e sustentável do turismo. A realização de eventos é uma coisa fantástica, seja em Manaus ou Rio Branco. Xapuri, por exemplo, pode ser um grande centro de eventos. A gente já tenta ver como o está andando o setor industrial do segmento florestal e o que temos fazer para ele melhorar. Eu acho que temos que fazer uma reformulação profunda no crédito para atividades florestais, sejam marcenarias, indústrias florestais, cultivo de espécies florestais na Amazônia, porque o tempo dessas atividades é outro. É diferente do comércio, de outras atividades industriais e de serviços. O Brasil precisa aprender isso, o Banco do Brasil tem que se reformular e mudar seus prazos, linhas de crédito e ter políticas de incentivo que possam valer a pena do ponto de vista econômico investir em atividades de uso sustentável daquilo que a floresta oferece.

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