Terminou neste domingo, 25, o IX Congresso Internacional de Saúde da Criança e do Adolescente (Cisca), sediado pela primeira vez na Região Norte, em Rio Branco. O evento, realizado de 22 a 25 de novembro, na Universidade Federal do Acre (Ufac), contou com pesquisadores de todo o mundo.
Foram 450 trabalhos aprovados de 720 enviados, 120 professores, 4 palestrantes internacionais, 134 conferências e 61 mesas redondas. Ao todo, o congresso teve 1650 inscritos, e mais de 1 tonelada de alimentos arrecadados. Os insumos foram doados à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Educandário Santa Margarida, Lar Vicentino e Portal São Francisco Xavier.
A realização do congresso sela mais uma etapa da parceria entre o governo do Acre, a Ufac e a Faculdade de Medicina do ABC, que visa a formação continuada dos profissionais de saúde no estado. Guida Aquino, reitora da Ufac, destaca a importância do Congresso para a saúde pública.
“Para nós, é um momento de grande contribuição para a academia, e para além disso, a importância desse congresso que se dá também pela contribuição que ele vai dar nas políticas públicas de saúde da criança e do adolescente pro nosso Estado. Então com os palestrantes que vieram de renome internacional, fica claro a qualidade desse evento”, destaca Guida.
O evento contou com programação variada, que incluiu simpósios, conferências, mesas de discussão, cursos de imersão, apresentação de trabalhos orais e em forma de pôsteres. Profissionais que atuam na saúde da criança e do adolescente, bem como pesquisadores, professores, extensionistas, estudantes de graduação e pós-graduação, empresas públicas e privadas ligadas ao segmento da infância e da adolescência, participaram do congresso.
Descoberta nova ramificação no coração
Além do sucesso de público, o IX Cisca foi marcado também por fatos inéditos na ciência mundial, contribuição dada por pesquisadores empenhados nas diversas frentes de trabalho. Um exemplo é a grande descoberta de uma nova ramificação no coração, resultado do trabalho de um grupo de pesquisadores do Brasil e Finlândia.
“Estamos falando de uma descoberta sobre a ramificação nervosa de uma região importante do corpo humano, que é o coração, e que efetivamente há 500 anos vem sido descrita como tendo três ramos fasciculares. Neste ano, nós conseguimos escrever um quarto ramo ventricular esquerdo, e isso muda conceitos da ciência, o que nos permite acima de tudo trazer novas formas de entender algumas doenças e prover melhorias no tratamento de doenças do coração”, explica Luiz Carlos de Abreu, coordenador do IX Cisca e membro do grupo de pesquisa responsável pela descoberta.
Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), destaca a importância do feito. “É uma descoberta importante porque advém de pesquisas realizadas no Brasil, e é muito importante saber que o Brasil realiza pesquisa de ponta, o que é fundamental no conhecimento da eletrofisiologia, do reconhecimento da expressão eletrocardiográfica desse tipo de achado, e depois, da correlação dos dados da patologia, da anatomia e da eletrofisiologia com diagnósticos de situações clínicas em que esse tipo de situação, seja útil.”
Fortalecimento da pesquisa
Há dois anos, por iniciativa do governador Tião Viana, o governo do Estado, a Universidade Federal do Acre (Ufac) e a Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) iniciaram a parceria para a realização de 40 pesquisas, entre mestrado e doutorado, sobre saúde pública.
O projeto do governo detém investimentos da ordem de mais de R$ 1,3 milhão e representa, além da qualificação para as políticas públicas do estado, um passo importante para a instauração do curso de Medicina na região do Juruá, no Acre. A ação é executada por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), com o intermédio da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sect), em parceria com a FMABC e a Ufac. Foram selecionados 40 médicos e outros profissionais da saúde – 30 fizeram o mestrado e dez, o doutorado.
Durante a gestão de Tião Viana, o Acre já ofereceu oportunidade para mais de mil profissionais se qualificarem na área da saúde. Nesse período, o governo realizou parcerias com as universidades de São Paulo (USP), Federal da Bahia (UFBA), de Brasília (UnB), Federal de Santa Catarina (UFSC) e Federal do Pará (UFPA). Recentemente, o governo começou uma nova parceria com a Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, para a área do Direito.