Com o objetivo de fortalecer a proposta de combate ao racismo nas unidades de internação de menores em Rio Branco, o governo do Estado, por meio do Instituto Socioeducativo (ISE), realizou durante todo este mês uma série de atividades culturais voltadas à reflexão sobre a posição dos negros na sociedade.
O evento faz parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, comemorado em todo o território nacional em 20 de novembro e regulamentado pela lei 12.519/2011, isso após um longo período de preconceito sofrido pelas gerações que sucederam a época de opressão.
Temas como preconceito de cor, raça e religião foram tratados durante um mês nos quatro centros socioeducativos da capital.
Segundo o diretor em exercício do instituto, Antônio Azevedo, o órgão tem a compreensão de levar uma proposta pedagógica capaz de ajudar os socioeducandos a ter sua resiliência e, assim, fazer seu projeto de vida após a desinternação.
Azevedo lembrou que no Acre o ISE tem cerca de 9,6% de reincidência, números considerados satisfatórios, porque a média nacional se aproxima de 30%.
“O governo trabalha forte na educação como medida de prevenção, para evitar a cooptação desses adolescentes com passagens pelo sistema por grupos criminosos e futuros ingressos nos presídios”, esclarece.
“A cultura participativa que eu não conhecia lá fora, aqui os educadores mostram e ajudam a desenvolver. Arrependo-me do ato infracional que cometi. Às vezes, uma palavra machuca mais do que ‘peia’. Sofri preconceito na minha infância pela cor da minha pele, e racismo é uma coisa inútil”, disse W.O.P., 16, que cumpre medidas no Centro Socioeducativo Aqury.
Olhando o futuro
W.O.P. escreveu uma peça teatral intitulada Zumbi, encenada pelos internos, nesta sexta-feira, para discutir o sentimento de discriminação sentido por todos os lados e que tornou o negro excluído da sociedade e marginalizado no mercado de trabalho.
O adolescente infrator tem planos de estudar teatro e tentar uma carreira na área quando quitar, na Justiça, sua dívida com a sociedade.
“Nós estamos tentando mostrar que somos todos iguais, com respeito e dignidade. Como escola, não observamos nenhum caso de preconceito no ambiente, mas estes rapazes precisam estar preparados para viver em harmonia com a família e a sociedade, quando de sua saída”, explica a diretora da Escola Darquinho, Marineide Diógenes.