Intercâmbio rural: projeto incentiva produtores a investir no cultivo de seringueiras

Durante dois dias 40 produtores e oito técnicos visitaram viveiros de mudas, seringais de cultivo e a fábrica de preservativos masculinos (Foto: Assessoria Seaprof)

Durante dois dias, 40 produtores e oito técnicos visitaram viveiros de mudas, seringais de cultivo e a fábrica de preservativos masculinos (Foto: Assessoria Seaprof)

Para contribuir e incentivar o crescimento do cultivo da seringueira em solo acreano, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o governo do Estado promoveram o primeiro intercâmbio entre produtores rurais de seis municípios do Alto e Baixo Acre, Sena Madureira e Manuel Urbano. Durante dois dias, 40 produtores e oito técnicos visitaram viveiros de mudas, seringais de cultivo e a fábrica de preservativos masculinos, a Natex.

Durante o encontro foram abordados os seguintes temas: todo o processo da cadeia produtiva da borracha, na produção de mudas de seringueira enxertadas em viveiros, visitação nas áreas que receberam mudas de raízes nuas e ensacoladas e o desenvolvimento do seringal de cultivo, os processos da sangria, coleta e beneficiamento da matéria prima.

O Programa de Florestas Plantadas para plantio de seringueiras desenvolvido pela Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) incentiva produtores através da mecanização de áreas já degradadas, doação de mudas de seringueiras, acesso ao crédito e assistência técnica. O modelo agroflorestal de plantio combina o cultivo da seringueira com espécies frutíferas como banana e abacaxi. Segundo o coordenador da divisão da Borracha da Seaprof, Ademir Batista, essa é uma das alternativas de geração de renda enquanto o látex não é explorado.

Visitação aos seringais de cultivo consorciado com plantação de bananas (Foto: Assessoria Seaprof)

Visitação aos seringais de cultivo consorciado com plantação de bananas (Foto: Assessoria Seaprof)

Ademir Batista explica que nos municípios de Brasileia, Xapuri, Capixaba, Epitaciolândia, Assis Brasil, Sena Madureira e Manuel Urbano estão sendo implantados os seringais de cultivo numa área de até cinco hectares. Na propriedade são estabelecidas as culturas secundárias que vão garantir recursos para o produtor rural até que a seringueira comece a produzir.

A primeira parada foi na propriedade de Paulo Sergio Peres, no Bujari. A propriedade, além de possuir 56 hectares de seringueiras plantadas que já proporcionam um rendimento de 5.500 litros de látex por ano, também é polo de pesquisa de espécies clonais.

A próxima visita foi a um jardim clonal. A engenheira florestal Miriam Nascimento, responsável técnica pelo viveiro, acompanhou o grupo explicando cada etapa de produção das mudas de seringueira das mesmas espécies que são distribuídas pelo Programa Florestas Plantadas.

A produtora Regina Magalhães Fonseca, da Linha 6, Ramal 25, em Manuel Urbano, foi contemplada com o Programa Floresta Plantada e ainda não sabia como consociar com outras culturas, como a existente na propriedade de Omar Facundo de Oliveira, localizada em Epitaciolândia. “É bom porque a gente tem uma renda enquanto a seringueira cresce”, declarou.

O intercâmbio foi concluído com visitação à fábrica de preservativos masculinos Natex, em Xapuri. Para Ademir Batista, o objetivo da atividade foi alcançado por mostrar todo o processo da cadeia produtiva da borracha.

Florestas Plantadas é objeto de pesquisa de doutoranda colombiana

Orientada pelo doutor em Fitopatologia e pesquisador da Embrapa Acre Rivadalve Coelho Gonçalves, a engenheira agrônoma Carolina Jaramillo, natural de Medellín, Colômbia, acompanhou o grupo durante o intercâmbio. Ela conta que os seringais de cultivo que estão sendo implantados no Acre são fonte de pesquisa para sua tese de doutorado em Meteorologia Agrícola pela Universidade de Viçosa, de Minas Gerais.

Grupo que participou do intercambio (Foto: Assessoria Seaprof)

Grupo que participou do intercambio (Foto: Assessoria Seaprof)

“O foco é o modelo de rentabilidade do seringal de cultivo e do seringal tradicional”, explica. Na Embrapa Acre, as pesquisas com seringueira tiveram início na década de 70, utilizando plantas bicompostas com o objetivo de identificar as mais adaptadas às condições climáticas do Estado e mais resistentes a doenças. Desde 2008, a unidade retomou pesquisas com seringueiras bicompostas a partir de clones melhorados pela indústria de pneus Michelin e pelo Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), instituição com sede na França, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

“A pesquisa embasa cientificamente o programa de fomento florestal no Acre”, explica o pesquisador Rivadalve Gonçalves, responsável pelos estudos com seringueira na Embrapa Acre, acrescentando que os plantios são importantes para reduzir dependência na importação de látex e que cada hectare pode abrigar 500 árvores e ter uma produção de 2,2 mil litros por ano.

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