A banana é uma das frutas mais utilizadas na culinária acreana. Está presente em diversos pratos, verde ou madura, podendo ser consumida in natura, cozida, frita, em doces ou ainda como aperitivo. Na capital do Estado, o preço da fruta é “salgado”; no interior os produtores têm dificuldades de mercado consumidor. Mas essa realidade está sendo transformada com a integração do Estado através da BR-364, e a partir desta semana a banana produzida em Tarauacá reforça o abastecimento na Ceasa Rio Branco.
A movimentação no porto, no centro de Tarauacá, foi intensa durante toda a última sexta-feira, 23. Embarcações de todos os portes chegavam a todo instante carregados de banana das variedades prata, maçã e comprida. Comunidades mais isoladas como a Semeada, a cerca de cinco horas descendo o Rio Muru, já têm como transportar sua produção. Em 2011 receberam do governo do Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Acre (Proacre), um barco de quatro toneladas.
“Esta será, a partir de agora, uma rotina para produtores da região. Hoje é a banana, mas todo o excedente de produção tem como alternativa outros mercados consumidores, incluindo Rio Branco”, explica o secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), Lourival Marques. A banana que não alcança maior preço que R$ 2 o cacho, no município, passa a ser comercializada a R$ 5.
Para incentivar a comercialização, a Seaprof organizou uma feira e reuniu 70 produtores. Gente como Maria Alves Farrapo, a “Dona Joia”, da Comunidade Semeada. Ela trouxe 109 cachos de bananas para a primeira feira realizada no município, que contou com a presença do governador Tião Viana, do secretário de Agricultura e Pecuária (Seap), Mauro Ribeiro, prefeito do Bujari, Edvaldo Teles, “o Padeiro”, do presidente da Assembleia Legislativa do Acre, deputado Élson Santiago, do deputado Geraldo Pereira e do deputado Walter Prado.
A Cooperativa Agroextrativista de Tarauacá (Caet) comprou as 30 toneladas de bananas trazidas para a Feira da Banana pelos pequenos produtores rurais de Tarauacá. O mais relevante é que o preço pago pelo cacho da fruta foi no valor de R$ 5. Além do aumento de mais 150%, os produtores têm a garantia da comercialização.
Cultivo da banana é fonte de renda de pequenos agricultores
Na colônia Volta Grande, Seringal Transual, distante duas horas de barco subindo o Rio Muru, o produtor Pedro de Araújo, 62, cuida sozinho de um bananal a perder de vista. As espécies são nativas, do grupo maçã, prata e comprida. Ele garante que tira 400 cachos da fruta por mês. Sua produção poderia ser ainda maior com alguns tratos culturais no bananal.
“Não tenho muito ânimo porque o preço que querem dar é muito baixo. A gente chega à cidade e os atravessadores querem levar tudo de graça”, reclama. Essa é a queixa comum dos produtores da região, que enfrentam dificuldade por causa da pouca renda, realidade em transformação a partir da oportunidade de ampliação do mercado. A cidade de Tarauacá não consegue absorver toda a produção, e a superoferta deixa os preços lá embaixo.
Neste primeiro ano em que a BR-364 permite trafego, inclusive no período de chuvas, a colheita de banana saiu de caminhão para Rio Branco para ser comercializada na Ceasa. Todos os 400 cachos que o produtor Pedro de Araújo retirou de seu bananal foram vendidos e a renda foi de R$ 2 mil. O momento bom é dividido com outros produtores.
O produtor agora se anima e já pensa em buscar financiamento para melhorar a produtividade do bananal. “O senhor pode me dar uma ajuda?”, pergunta Pedro de Araújo ao secretário Lourival Marques. A ajuda que o produtor pede é para acesso a linha de crédito que financie investimento em sua propriedade.
“O escritório da Seaprof em Tarauacá tem condições de atender os produtores facilitando o acesso ao crédito”, garante Lourival Marques. É que o governador Tião Viana autorizou este ano a contratação de técnicos, sendo nove para o município. Na colônia Volta Grande, além de banana, também são cultivados abacate e abacaxi. Agora Pedro de Araújo quer ampliar as culturas para feijão, macaxeira e milho. “Se tem para quem vender, vale a pena a gente trabalhar, não é mesmo?”, pondera o produtor.
Banana que faz crescer
A bananeira produz o ano inteiro e pode ser plantada durante a estação chuvosa. Nasce em todo tipo de solo. Cresce em áreas com muito sol e não suporta solos encharcados. Dependendo da variedade, um cacho fornece até 40 quilos.
Devido ao seu valor nutricional, é um excelente alimento. Unitariamente, contém entre 80 e 120 calorias, dependendo da variedade e tamanho. Essa fruta pode ainda auxiliar na manutenção das defesas imunológicas. A banana é também boa fonte de vitamina B6, com pelo menos 10% da dose diária de vitamina C recomendada. Além disso, fornece 2 gramas de fibra solúvel, que ajuda a diminuir o nível de colesterol no sangue.
Criatividade para tirar o sustento
Desempregada, Roneida Lima descobriu que a banana poderia ser uma saída. Hoje é sua fonte de renda e tudo começou depois de assistir a um programa na televisão. “Depois do programa fui pesquisar na internet e criei uma receita própria”, garante. Cada embalagem com 140 gramas pode chegar a R$ 20.
Roneida participou da Feira da Banana, expondo para comercialização os produtos que fabrica e que tem como matéria-prima a banana-prata verde. Depois de desidratada e triturada, Roneida adiciona farinha – uma mistura que ela afirma que, além de emagrecedora, é um excelente redutor de colesterol.
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