Os fabricantes de barcos, canoas, bajolas e peças para embarcações e quem realiza os consertos, em Cruzeiro do Sul, não tinham um endereço certo. Eles trabalhavam no bairro da Lagoa, embaixo das casas, na beira do Rio Juruá, ou na ponta da praia no bairro Miritizal.
“Até então, a gente trabalhava de forma artesanal, debaixo das casas, na beira do rio. Quando alagava a gente ficava sem trabalhar, e hoje vamos ter nosso ponto de referência para trabalhar”, comemora Nivaldo Santos, presidente da Cooperbajola, a cooperativa dos fabricantes de bajola.
No sábado, 9, eles foram contemplados com a entrega do Polo Naval. São quatro barracões, com 26 empresas de serviços navais, que foram projetados respeitando a arquitetura das palafitas. “Agora a indústria naval de Cruzeiro do Sul ganhou um grande suporte com esse polo, e eu tenho certeza de que a partir dessa ajuda do governo, desse empreendimento, de quem tem preocupação em fazer essa indústria crescer, com certeza os construtores terão melhor condição para produzir mais e melhor”, afirma o senador Aníbal Diniz.
Os investimentos para a construção do Polo Naval e a aquisição de equipamentos ultrapassam os R$ 3 milhões. “É uma condição de trabalho digna, um endereço para que as pessoas possam saber onde encontrar esses serviços, e com os equipamentos que nós entregamos aqui eles vão ter um aumento da produtividade”, comenta Edvaldo Magalhães, secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (Sedens).
Há 11 meses instalada em Cruzeiro do Sul, a Marinha do Brasil, em breve, vai realizar cursos para habilitar os navegantes. “Orientação para uma navegação segura é o que damos mais ênfase. E o polo vai favorecer bastante para a navegação continuar segura”, explica o capitão Viana, comandante da Marinha em Cruzeiro do Sul.
Ponto referencial de cultura e comércio do Juruá
Otávio Souza Lima Filho é fundidor, responsável, entre outras funções, por fazer as palhetas de motor rabeta. Ele compartilhou as dificuldades que enfrentava no período de inverno e está otimista com o novo local de trabalho. “Vai ser uma melhora muito grande para nós e para quem mora na beira do rio, para os ribeirinhos. Vai ser um ponto referencial para a gente trabalhar. É um endereço certo”, reconhece.
Os moradores da região, que utilizam os rios como estradas, agora têm o espaço em que podem desenvolver suas atividades sem se preocupar com o período chuvoso. “Nós estamos aqui, respeitando e consolidando uma atividade industrial que vai atender não só Cruzeiro do Sul, mas o Juruá inteiro e parte do Amazonas, pela alta tecnologia que está incorporada, e a região dos rios Iaco, Purus, Caeté, Macauã, Acre, Xapuri e todos os que compõem a bacia do Acre. É um grande passo de homenagem à cultura do povo do Juruá e à economia do Acre”, enfatizou o governador Tião Viana.
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