Índios Katuquina são capacitados para elaboração de projetos

O Centro de Formação e Tecnologia do Juruá (Ceflora) concluiu um curso de informática voltado para a elaboração de projetos na Terra Indígena (TI) Katuquina, com a participação de 26 índios, todos eles jovens estudantes do ensino fundamental. O curso, realizado na Escola Tamakaiã, teve duração de 80 horas e, segundo o mediador, Reuben Honório Fernandes, o aproveitamento foi excelente. Durante o curso, os participantes elaboraram 46 projetos utilizando programas como o Word para digitar e estruturar os documentos, o Excel para desenvolver as planilhas dos cálculos orçamentários e o Power Point para fazer a apresentação.

O Centro de Formação e Tecnologia do Juruá (Ceflora) concluiu um curso de informática voltado para a elaboração de projetos na Terra Indígena (TI) Katuquina (Foto: Flaviano Schneider)

O Centro de Formação e Tecnologia do Juruá (Ceflora) concluiu um curso de informática voltado para a elaboração de projetos na Terra Indígena (TI) Katuquina (Foto: Flaviano Schneider)

No ato de encerramento, foram apresentados três projetos: o primeiro objetivando a gravação de um CD com músicas tradicionais Katuquina, o segundo visando o resgate da medicina tradicional, com a construção de um laboratório para elaboração de remédios à base de plantas, enquanto o terceiro aponta a necessidade de organizar atividades esportivas nas aldeias, especialmente futebol e voleibol, com o intuito de afastar os jovens da bebida alcoólica.

A TI Katuquina tem 622 habitantes, distribuídos em cinco aldeias. A cultura original Katuquina quase foi perdida ao longo dos anos, devido à proximidade da TI com Cruzeiro do Sul e pelo fato de ser cortada pela BR-364. Levi Pequeno de Souza, um jovem líder, que na organização do povo Katuquina exerce o cargo de representante da área de educação, analisou como de grande importância a realização do curso, devido ao fato de que a tecnologia está avançando na comunidade.

“Temos até internet aqui. Precisamos dela para fazer projetos, fazer ofícios, memorandos para poder enviar para os órgãos competentes. Até hoje outros faziam os projetos para nós, mas nós mesmos queremos fazer”, disse.

Tecnologia é bem-vinda

Levi conta que havia dúvidas em relação ao avanço da tecnologia nas terras indígenas, por temor de que ela acabasse com a cultura tradicional. “Esse perigo não existe. Os 26 que fizeram o curso vão trabalhar de acordo com a nossa cultura. Vamos registrar, passar para o computador, do computador para os slides e finalmente fazer a apresentação.”

A Escola Tamakaiã tem 10 computadores e vai receber mais 40 unidades. Além disso, vai ganhar também uma sala de química, laboratório de biologia e ciências, e ampliação da sala de informática. Por tudo isso, Levi solicita outros cursos na área de informática e de administração. “Precisamos cada vez mais de técnicos para manter nossa estrutura”, disse.

Odair da Silva Alves, que elaborou o projeto da gravação de um CD com músicas tradicionais, explica que o enfraquecimento da cantoria tradicional Katuquina o motivou. “Temos muitas músicas, mas os nossos anciões e anciãs, que são conhecedores da cultura tradicional,  estão diminuindo cada vez mais. Então, para que a gente não perca futuramente o conhecimento tradicional do nosso povo, a gente propõe esse projeto.”

O índio Levi Pequeno de Souza elaborou um projeto de resgate da medicina tradicional e explica por quê: “Antes do contato com os brancos nós só usávamos as ervas tradicionais, para fazer as curas de vários tipos de doença. Depois chegaram novos tipos de infecções e a gente passou a depender de remédios da farmácia. Queremos fortalecer nossa medicina tradicional e também trabalhar em parceria com a nossa equipe de saúde que utiliza o remédio da farmácia”.

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