Equipe de sensibilização empreende ações lúdicas entre servidores e usuários
Eles chegam aos hospitais e repartições, cantam, tocam, representam, brincam e fazem graça: é a equipe de artistas do Departamento de Sensibilização da Secretaria de Humanização. Vanessa Oliveira, Isabel Carvalho, Christian Rego e Juciane Silva têm por missão intervir no cotidiano dos servidores e usuários do sistema público estadual por meio da linguagem lúdica, para transmitir informações, despertar emoções e promover a integração entre as pessoas.
“Arte e humor são fundamentais na comunicação”, salienta Francis Mary Alves de Lima, responsável pela pasta de Humanização, criada no início deste ano, com a nova gestão governamental. Autora de palestras-espetáculo de sucesso como “Topa Tudo por Direitos” e “Não Consuma o Consumidor”, apresentadas ao longo dos anos em que atua no setor público, Francis tem tarimba para sustentar a proposta lúdica de seu trabalho (veja mais informações no box “Por que brincar?”).
Assim calçada, a Sensibilização está operando em várias frentes. A primeira ação foi reativar a confraternização dos aniversariantes do mês, uma medida simples que agrada a maioria. Ao mesmo tempo, foi desenvolvida a Rádio Humanizar, que utiliza a linguagem das antigas rádios para realizar dinâmicas e promover a comunicação e a expressão entre os servidores, normalmente em seu local de trabalho.
A Rádio também admite “franquias”, ou seja, o setor que quiser produzir uma programação própria, não necessariamente no formato e estilo da original, é incentivado a fazê-lo. O Huerb (Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco) já saiu na frente e a voz oficial da rádio é do servidor Raimundo Nonato Muniz. “Nós queremos animar, aliviar a tensão. A reação das pessoas é superlegal. Aos poucos, aqueles que parecem ‘marrentos’ vão se soltando e brincando junto, dá para ver que só faltava alguma coisa para envolvê-los”, conta Nonato.
Neste mês de dezembro, a Rádio Humanizar apresentou o Cartão Cantado para desejar feliz Natal aos servidores, apropriando-se de um modelo que já vinha sendo posto em prática pela Fundação Elias Mansour em anos anteriores.
Saúde tem uma das maiores demandas
Já o Arte-Cura é um projeto desenvolvido especialmente para a área da saúde, em que os artistas vão a ambientes hospitalares para descontrair o dia-a-dia frequentemente tenso de servidores, pacientes e acompanhantes. No Hospital do Idoso, o grupo de Sensibilização incentivou a produção de uma radionovela, “Pecado Redentor”, criada e interpretada pelos anciãos. Também é realizada a prática de trabalhos manuais, especialmente no programa Colcha de Retalhos, em que, assim como no belo filme que leva este título, os participantes são convidados a contar sua história de vida e retratá-la em tecidos que comporão uma colcha.
Nas unidades do Sistema de Atendimento de Saúde da Mulher e da Criança (SASMC), além das visitas da equipe caracterizada de palhaço, já foi até produzido um livro, o “Diário de Bordo”, com o relato das impressões dos artistas e coleta de histórias fictícias ou vividas pelos pacientes, como a narração “Um Pudim de Verdade” (veja abaixo). Kelly Silva, técnica de enfermagem, avaliza: “Eu achei legal esse projeto. Foi bom tanto para as crianças quanto para a equipe de trabalho. Todos ficam perguntando quando as palhacinhas vão voltar”.
Arte para ver e exercer
O Cine Servidor é outra iniciativa da Humanização. Às terças e quintas, às 12h30, são exibidos filmes de até 90 minutos, normalmente comédias, para os servidores e público em geral, no auditório da Biblioteca Pública.
O setor está compondo o Banco de Talentos, que cadastra servidores públicos que possuem dons artísticos com o objetivo de convidá-los a participar de projetos de voluntariado e fazer apresentações. Em outubro, vários integrantes do banco, entre cantores, instrumentistas, dançarinos, poetas e contadores de história, participaram do Sarau do Servidor, apresentado no Teatro Plácido de Castro. Além desses, entre os talentos da casa estão artistas plásticos, artesãos e fotógrafos.
Entretanto, o acanhamento é um dos entraves observados entre alguns servidores, que temem se expor por receio de ser alvo de comentários, conforme relata Josecília Piauhy, a “Cila”, chefe do Departamento de Sensibilização. Mas, felizmente, Cila também tem acompanhado casos de servidores que, aos poucos, vão se desinibindo e reunindo coragem para se expressar artisticamente, fator que, em qualquer cultura, representa o aumento significativo de autoestima para o indivíduo.
O processo de humanização do trabalho é uma tendência de toda a vanguarda de gestão de pessoal no mundo. As mais arrojadas empresas e setores do poder público estão buscando se afinar com esse princípio, que visa ampliar a qualidade de vida e a produtividade.
O governo do Estado percebeu a pertinência dessa iniciativa, abraçou a ideia e criou uma área pioneira. Agora, a Secretaria Adjunta de Humanização está se empenhando para valorizar as pessoas que trabalham no sistema público e desenvolver o seu potencial. Afinal, um servidor consciente de suas necessidades e possibilidades como ser humano se torna mais dedicado à causa da excelência no serviço público.
{xtypo_rounded2}Por que brincar?
Antes de tudo, porque é muito gostoso! E, como toda atividade permeada por sensações de prazer e alegria, brincar promove biológica e psiquicamente a vida. De que maneira? O brincar, ainda que solitário, envolve sofisticados processos mentais, que desenvolvem as diversas modalidades da inteligência. Quando realizado em grupo, estimula a cooperação e aprofunda os vínculos afetivos entre os participantes.
Diretamente conectados à brincadeira, estão o humor e o riso, comprovadamente benéficos à saúde. Não por acaso, a palavra “humor” descende de “húmus”, adubo, que é a riqueza da terra, ou o alimento da vida.
Por isso, em todo o mundo, educadores arrojados como a musicista e pesquisadora brasileira Lydia Hortélio, defendem, de modo revolucionário, que o conteúdo didático ministrado dentro das salas de aula, tantas vezes a contragosto das crianças, pode ser naturalmente transmitido por meio das brincadeiras tradicionais, ao ar livre e num ambiente de liberdade e descontração. Afinal, quem disse que o aprendizado e a eficiência têm de ser sisudos?{/xtypo_rounded2}
“Um Pudim de Verdade” – história verídica coletada no programa Arte-Cura
Sempre tive a fama de ser boa cozinheira e, modéstia à parte, sou mesmo. Gosto muito de cozinhar. Dizem que quem cozinha bem faz com amor e, no meu caso, isso é pura verdade!
Certo dia, minha irmã, que é também minha vizinha, pediu-me para fazer um dos meus gostosos pudins. Até aí tudo bem. O problema começou quando ela disse:
– É que o José [marido dela] adora pudim, mas não acerto a mão e os meus nunca saem bons. Mas eu tô querendo agradar o “bichim”, que trabalha tanto… Então você faz o pudim e eu digo pra ele que fui eu que fiz.
Mesmo achando errado mentir, fiz o tal pudim. O marido dela comeu lambendo os beiços e cobrindo a mulher de elogios. O tempo passou e um dia o José pediu:
– Amor, faz outro pudim gostoso que nem aquele que você fez para mim, faz?
E lá veio ela correndo me pedir para fazer outro pudim, mas dessa vez fiz melhor. Incentivei que ela mesma o fizesse, dizendo que ajudaria ensinando as medidas certas dos ingredientes. Ela aceitou e foi direto para a cozinha. Mas, enquanto o marido assistia à televisão e ela separava os ingredientes, esqueceu a medida do leite e pediu para sua filha de 6 anos me perguntar quantas xícaras eram necessárias. A menina perguntou. Mas foi gritando da janela de sua casa para a minha:
– Tiaaaaaa! Quantas xícaras de leite tem que colocar no pudim para ficar igual àquele que a senhora fez pro pai outro dia?
O José levantou do sofá, dizendo:
– Como é que é?
Bom, eu não preciso contar o resto, né?
(História contada por Antônia, mãe do menino Kauã, paciente do Hospital da Criança)