“As feridas profundas que ele tinha já estão quase saradas. Cuidam do meu irmão com carinho e respeito. Demonstram amor pelo que fazem, e isso reflete no trabalho que realizam, sem contar a facilidade de não precisarmos ir todos os dias ao Hospital do Câncer”, são as palavras da irmã de um paciente atendido pelo programa “Cuidados Paliativos”.
Cuidados Paliativos – também conhecido como Cuidados de Final De Vida – é o programa feito, desde 2009, com pacientes Fora de Possibilidade Terapêutica (FTP), do Hospital do Câncer do Acre (Unacon), unidade do complexo Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco.
Pacientes que estão em estado de FTP são aqueles que já passaram por todos os tipos de tratamento contra o câncer como cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outros. Quando diagnosticado o paciente é encaminhado à equipe de cuidados paliativos que passa a acompanhá-lo.
A equipe é composta por uma médica, uma nutricionista, uma fisioterapeuta, uma psicóloga, dois enfermeiros, duas assistentes sociais e um motorista. Atualmente, o grupo atende 22 pessoas com câncer, que são assistidos em suas casas, e na Unacon, quando estão ser internados.
E.J., 41 anos, portador de câncer no cérebro, recebe em sua residência, todos os dias, a visita de um dos especialistas que compõe a equipe para as avaliações de rotina. A nutricionista, por exemplo, constrói o cardápio do paciente a partir das necessidades de proteínas e vitaminas que ele necessita. Segundo a médica Holda Moreno, coordenadora da equipe, os suplementos e proteínas que o paciente precisa são de conhecimento do hospital.
O trabalho da fisioterapeuta é auxiliar a família no cuidado com o paciente, evitando o aparecimento de úlceras de pressão – feridas que aparecem onde existem proeminências ósseas. Os procedimentos incluem exercícios respiratórios e fisioterapia motora para que o corpo não perca suas funções.
A psicóloga faz uma atividade com a família de preparação e conscientização, em relação ao estado de saúde do paciente, com o objetivo de promover melhor qualidade de vida durante o tratamento.
O enfermeiro cuida da medicação seja ela via oral, intramuscular ou venosa e assistência domiciliar. Juntos ao médico, esses profissionais fazem a prática do bem cuidar, no qual o médico é quem organiza toda equipe.
As famílias são as que mais agradecem ao atendimento diferenciado. Maria Socorro Gomes é irmã de E.J. e diz ficar “sem palavras” ao ver o irmão melhor e em casa.
“Não fazemos esse trabalho para curá-los do câncer, cuidamos dos sintomas da doença, isto é, feridas, inchaços e outros. Nosso real papel é de amenizar a dor e o sofrimento dessas pessoas, que são seres humanos e precisam da nossa atenção. Além disso, não tratamos apenas do paciente, mas também dos familiares. O acompanhamento da psicóloga é mais com as pessoas da família que estão em contato direto com o portador de câncer, pois a estabilidade emocional nesses casos é indispensável”, afirma Holda Moreno.