Mistérios, promessas e amor proibido são os destaques da segunda noite de apresentação de quadrilhas do Arraial Cultural da Gameleira. Cinco grupos, dois de municípios do interior e três da capital, levaram cor e alegria para o calçadão da Gameleira, o mais famoso de Rio Branco.
A primeira a se apresentar foi a quadrilha No Cutuque do Fuzil, que mostrou a fé e a religiosidade do povo de Porto Acre. “A mãe de Santinha fez uma promessa à Virgem Maria e a todos os santos para casar a filha quando ela completasse 18 anos”, narra o coreógrafo Gelssy Silva. Ele conta que a preparação foi difícil, mas a emoção de se apresentar em Rio Branco é grande.
Já a quadrilha de Sena Madureira, Farofa do Capeta, realizou um casamento proibido entre João, um feirante trabalhador, e Rosinha, a filha de um coronel. A cerimônia foi realizada na própria feira em meio a vendedores e clientes. “Este é o segundo ano que concorremos [no Arraial Cultural]. Sair do interior e chegar até aqui é o auge para nosso grupo”, enaltece o coordenador-geral Denísio Xavier.
O grupo Sassaricano na Roça, de Rio Branco, fez um casamento à moda antiga, resgatando as tradições da quadrilha da região Norte, sem deixar de lado o caipira estilizado de hoje em dia. A coordenadora Lis Ferreira conta que o grupo trabalhou o ano inteiro ensaiando e vendendo rifa para juntar dinheiro e fazer bonito no dia da apresentação. “Para quem ama quadrilha de coração, a emoção é tão forte que faz a gente chorar”, exalta.
Os mistérios e os folclores da Vila Restauração, no município de Marechal Thaumaturgo, formam o pano de fundo para a história de amor da quadrilha Pega Pega, também de Rio Branco. Até o dia da apresentação foram muitos encontros para decidir o tema, o figurino e como arrecadar dinheiro para levantar o projeto. “Apesar de dançar há nove anos, toda vez eu fico com a perna bamba durante a apresentação, como se fosse a primeira vez”, confessa o brincante da Pega Pega, Maycon da Costa.
Para fechar a noite, a quadrilha Amor Junino conta a história de um matuto de sorte, que ganha a vida cantando até conquistar os palcos, fazer sucesso e encontrar o grande amor da sua vida. O grupo teve dificuldades com o figurino mas nada que comprometesse a apresentação. “Muitas quadrilhas não têm a oportunidade de conseguir levantar recurso para se apresentar com tanto glamour como a Amor Junino”, destaca Maria Rita Aragão, coordenadora da quadrilha.
O Arraial Cultural mantém viva a tradição das quadrilhas no Acre. Ao todo, 15 grupos se apresentam no calçadão da Gameleira, nove de Rio Branco e seis de municípios do interior do estado. “Como ex-diretor de Cultura, considero muito importante o destaque que o arraial dá para nossas quadrilhas, tornando o evento aberto à população. Isso é quase tudo na minha vida”, analisa o professor Adalberto Martins.
A apuração será realizada neste sábado, 8, e a apresentação das campeãs será no domingo, 9. Cada quadrilha recebe R$ 3.000 pela participação e esse valor é maior para as primeiras cinco colocadas. A quadrilha que sair na frente recebe R$ 6.000 como incentivo.