Como parte dos eventos da Rio+20, os governos do Acre (Brasil) e de Sabá (Malásia), apresentaram suas políticas ambientais, conquistas e desafios para pessoas de vários lugares do mundo. Isso, graças também ao trabalho da WWF nos dois países, responsável em aproximá-los por suas políticas ambientais, inclusive, com a intermediação para um acordo bilateral.
Na ocasião, a WWF lançou junto aos dois governos, nesta terça-feira, 19, para uma sala lotada, a publicação “Uma forma diferente de fazer negócios: primeiros passos na construção da Economia Verde no Acre, Brasil; e em Sabá, na Malásia”.
O livro, um breve relatório sobre os resultados da conservação das florestas feitas nos Estados do Acre e do Sabá – intercâmbio apoiado pelo WWF-Brasil, WWF-Malásia e WWF do Reino Unido – teve como objetivo apresentar os resultados deste trabalho conjunto e mostrar porque os dois estados estão na vanguarda da união entre desenvolvimento sustentável e conservação das florestas.
Tanto no Acre quanto no Sabá, a WWF-Brasil apoia o manejo adequado das florestas. Produtos como madeira, borracha e castanha são utilizados como fonte de renda para comunidades inteiras, ao mesmo tempo em que existe a promoção da conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida dos comunitários.
Informações do Governo do Acre mostram que o manejo florestal feito a partir de parcerias como essa – mas que envolvem também comunidades, empresas e outras organizações não governamentais – tem aumentado o valor da renda média de famílias acreanas que vivem do extrativismo.
Nos últimos anos, rendas médias situadas entre R$ 1,2 mil e R$ 3 mil foram elevadas para R$ 4 e R$ 6,5 mil por meio do uso adequado da floresta. Nos últimos 10 anos o desmatamento foi reduzido e o crescimento composto do Produto Interno Bruto do Estado bate a casa dos 71,1%.
No estado do Sabá, na Malásia, o WWF apoia a produção sustentável de óleo de palma e uma série de iniciativas que têm por objetivo envolver os cidadãos e cidadãs numa forma diferente de se relacionar e tirar seu sustento da floresta.
Habitar, produzir, conservar
O governador do Acre, Tião Viana, afirmou que o desenvolvimento sustentável no Acre é algo que já existe há 20 anos. “Conhecemos e definimos nosso território, fizemos o arcabouço jurídico e hoje temos para mostrar ao Brasil e ao mundo um modelo que mostra que é possível habitar, produzir e preservar. E isso voltado a vários recursos, da água à floresta”, contou.
Tião Viana declarou ainda que o Acre já tem uma experiência exitosa para mostrar e que hoje é necessário apenas dar escala para um sistema que já existe. “Precisamos dar escala a essas atividades. Precisamos abrir os mercados aos nossos produtos, como o açaí, a pupunha, o cupuaçu e os nossos peixes. Mas sinto que os organismos internacionais estão esperando resultados, eles não querem ser responsáveis por este processo”, reclamou.
O senador Jorge Viana disse que os Estados do Acre e do Sabá estão há muito tempo discutindo algo que a ECO-92 e a Rio+20 ainda tentam materializar. “Temos aqui duas experiências reais de transição para uma economia verde. São caminhos bastante avançados que, no caso do Acre, queremos aprofundar: como usar melhor as florestas”, afirmou o senador.
Ações concretas
A secretária Geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Britto, afirmou que o lançamento da publicação é uma demonstração de que duas regiões, com características semelhantes e uma grande biodiversidade, mesmo que estejam muito distantes uma da outra, tem muito a trocar. Ela disse ainda que ao contrário do que vem ocorrendo na Rio+20, este trabalho mostra ações concretas e não apenas reafirmações e declarações genéricas.
“Não precisamos de palavras, mas de metas claras e objetivas. Existe um trabalho a ser feito e precisamos que as instituições vão lá e o façam. Para garantir água, energia e alimentos para todos é preciso ter metas e ações”, afirmou.
O diretor do Departamento Florestal de Sabá, Datuk Sam Mannan, afirmou que Sabá quer reverter o movimento feito em décadas anteriores, quando o desenvolvimento era fruto do desmatamento e da diminuição da qualidade de vida de sua população. “Historicamente temos mais de 3 milhões de hectares de florestas devastadas em nosso Estado. Erramos feio, mas estamos tentando consertar isso. Ainda temos 53% de nossas florestas intactas, ao contrário de diversos outros países que acabaram com sua cobertura florestal”, disse.