Governo realiza oficina para produtores da agricultura familiar indígena do Rio Iaco

O governo do Acre, por meio das secretarias de Agricultura (Seagri) e de Educação, Cultura e Esportes (SEE) e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a organização não governamental GIZ, de cooperação alemã, realizaram uma oficina com os produtores da agricultura familiar da Terra Indígena (TI) Mamoadate.

Para chegar à Aldeia Jatobá, onde foi realizado o encontro, a equipe de governo, formada pelo engenheiro agrônomo Paulo Roberto Lima Verde (Emater) e pelo técnico agrícola José Paulo dos Santos (Seagri), enfrentou uma verdadeira odisseia. Foram 312 km de Rio Branco até Assis Brasil, mais 81 km pelo Ramal Icuriã e mais duas horas de barco.

Oficina foi oferecida para os produtores da Terra Indígena Mamoadate. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Durante a oficina, que teve a duração de dois dias, os técnicos do governo explicaram aos agricultores indígenas o funcionamento do programa Catrapoa, que distribui recursos da agricultura familiar às aldeias, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

Foi explicado aos produtores, ainda, como fazer o Cadastro da Agricultura Familiar (CAF), como fazer o cadastro de credor junto à Receita estadual e, ainda, como preencher a guia de entrega junto ao Setor da Merenda Escolar da SEE, para que eles possam, inclusive, receber os recursos.

Os técnicos do governo explicaram aos produtores como acessar o CAF e preencher as guias de entregas. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O programa consiste no fornecimento do excedente de produção dos agricultores indígenas para as próprias escolas das aldeias, em que o governo estará adquirindo a produção para incrementar a merenda escolar.

Além da oficina, os agricultores realizaram na aldeia a primeira entrega do excedente da produção à Escola Indígena Kapjpaha. Dentro da TI Mamoadate, nada menos do que 18 produtores foram habilitados, a partir de uma chamada pública realizada em março, para fornecer itens à merenda.

Ao todo, 18 produtores familiares indígenas foram contemplados com a chamada pública do Catrapoa. Foto: Mardilson Gomes/SEE

“Essa foi somente a primeira entrega feita pelos agricultores indígenas. Ao longo de todo o mês e até o fim do ano, outras entregas serão realizadas, beneficiando não somente os produtores, mas os alunos das escolas nessas aldeias ao longo do Rio Iaco”, explicou Paulo Roberto.

Entre as contempladas com os produtos estão as escolas Emélio Padilha, Kapjpaha, Sete Estrelas, Betel, São Pedro, Katahiri, Emilio Pandalia e Nossa Senhora da Conceição. Já entre os gêneros alimentícios entregues estão macaxeira, inhame, carne de porco, galinha caipira, peixe, melancia, mamão e banana comprida, além de hortaliças.

Enlatados

A merenda escolar tradicional continuará a ser entregue aos estudantes indígenas, agora com o incremento dos produtos da agricultura familiar, o que irá melhorar e dinamizar a merenda escolar nas aldeias.

Com o programa, crianças terão um incremento no cardápio da merenda escolar. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Para o agricultor Jurandir Lourival Jeminawá, da Aldeia Betel, o incentivo dado pelo governo é muito importante, porque agora as crianças não irão consumir somente produtos enlatados. “Só o enlatado estava afetando as crianças da nossa aldeia”, relatou.

Já para Deuzimar Francisco Jeminawá, também da aldeia Betel, que irá fornecer diversos alimentos da agricultura familiar como macaxeira, banana, galinha, peixe e abacaxi, com a alimentação natural será melhor para as crianças. “Elas estão mais acostumadas, vai ser bem melhor, disse.

“Não tinha para quem vender”

Além de prover a segurança alimentar, o programa Catrapoa cumpre uma função social. Os produtores simplesmente não tinham para quem vender o excedente da produção, já que fazer com que chegasse à cidade mais próxima, Assis Brasil, era muito difícil.

É o caso de Edmilson Manchineri. Ele vai fornecer banana, macaxeira, mamão, leite e galinha caipira para as escolas. “Nossos produtos não tinham saída. A gente não tinha condições de pagar para levar para a cidade e vender, por isso, esse incentivo está sendo muito importante”, afirmou.

“Não tinha nem como a gente entregar nossa produção na cidade”, afirma o produtor Sérgio Manchineri. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Agora, Edmilson irá vender sua produção para a própria aldeia. “O pessoal da aldeia vai conhecer a nossa produção, que não vai mais estragar, e vamos fornecer produtos de primeira qualidade”, acrescentou.

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