O governo do Estado, por meio da Secretaria da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis e Desenvolvimento Florestal (Sedens), continua a promover investimentos na área do Complexo Florestal do Rio Gregório. Localizada entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul, ao longo da BR-364, a área é composta por três florestas públicas estaduais – a do Rio Liberdade, a do Mogno e a do Rio Gregório, que juntas somam 480 mil hectares e abrigam 422 famílias, organizadas em seis associações comunitárias.
Nesta segunda-feira, 4, a Sedens está abrindo e pavimentando uma rua de mil metros na Vila São Vicente, situada na região da ponte do rio Gregório. No local estão sendo construídas 17 casas pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), que na região está sendo desenvolvido pela SEDENS.
Segundo conta o gerente regional da Sedens, José Maria Freitas, o governo viu a necessidade dos moradores da floresta em relação a uma moradia digna e, por isso, passou a trabalhar em projetos para trazer o PNHR à região. Pelo programa cada morador recebe recursos de R$ 30,5 mil para construir sua casa e depois paga apenas R$ 1.250 mil divididos em quatro parcelas anuais.
A Sedens organiza todo o processo em parceria com as seis associações comunitárias, tendo sido criado inclusive um conselho comunitário florestal composto por três membros de cada associação e que faz a interlocução com o governo. No momento estão sendo construídas 80 casas (já em fase final), 17 moradias na Vila São Vicente e outras 63 ao longo da Floresta do Rio Gregório e Mogno. Outras 130 casas estão em processo de licitação. O secretário Edvaldo Magalhães estima que até o final do ano mais de 300 casas já estarão contratadas.
Outros investimentos
Éden Magalhães, que é presidente do conselho comunitário e é dos quadros da Sedens, explica que a ação da Sedens na região da Floresta é estruturar as comunidades como um todo levando em consideração especialmente fatores como a preservação ambiental. Assim, as casas em construção, têm água própria, sanitários, algumas em madeira beneficiada e outras mista com alvenaria.
O plano para estruturar a Vila São Vicente é minucioso. Nas áreas ribeirinhas habitadas pelos moradores que receberão as casas serão plantadas fruteiras como manga, abacate, jaca e palmeiras como o açaí. As mudas são produzidas pelo governo na Unidade de Gestão Integrada (Ugai) do Rio Liberdade.
A Sedens também construiu um açude comunitário que vai ser gerido pela Associação dos Produtores Agroflorestais da Vila São Vicente e pela Associação dos Produtores Agroflorestais do Rio Gregório. Na vila ainda será construída uma praça. Éden Magalhães chama a atenção de que não será uma praça tipo urbana, mas dentro da realidade da floresta. A localização da praça será no meio de um plantio de mogno, feio há muitos anos pelo morador pioneiro da Vila, Manoel Lima.
O vereador José Sidenir das Chagas, de Tarauacá, está fazendo a mobilização para que o Programa Luz Para Todos também chegue às casas.
A Sedens também está preocupada com a questão do lixo na Vila São Vicente. Afinal são mais de 600 pessoas na área e o lixo produzido já é volumoso. Além de trabalhar na educação ambiental, a secretaria está construindo lixeiras para colocar em todas as casas. Está sendo firmada uma parceria com a prefeitura de Tarauacá e o prefeito está estudando como o lixo vai ser recolhido. Também será feita a compostagem do lixo orgânico para que o adubo resultante seja utilizado no cultivo de hortas.
Para o secretário Edvaldo Magalhães a questão do lixo é um item importante principalmente por se tratar de unidades de conservação.
Outro incentivo importante do Governo do Estado para os guardiões da floresta é a criação de um bônus florestal anual no valor de R$ 1,5 mil para todos os moradores que aceitam fazer o manejo florestal. Para isso foram abertas 412 contas individuais na Caixa.
Na área do lazer, a SEDENS organizou o Copão da Floresta envolvendo as seis comunidades e mais de 30 equipes de futebol. A SEDENS construiu os campos e doou os kits (bolas, calções, camisas e chuteiras). Todos os sábados e domingos as partida acontecem. Até o final do ano haverá um campeão e esse campeão vai disputar com a equipe campeã da Floresta do Antimari, situada no Vale do Acre.
Moradores felizes
O pioneiro da Vila São Vicente, Manoel Lopes de Lima, mora há 30 anos no local. Ele viveu uma história de muita dificuldade. Quando a BR-364 ainda não era asfaltada, para se locomover pela estrada era a pé ou no lombo de burro. Lima hoje tem um possui um comércio ao lado da ponte, mas no início ele e a esposa tinham que buscar gasolina e óleo diesel em Ipixuna no Amazonas descendo pelo Rio Gregório.
“Aqui a gente está satisfeito com os investimentos do governo, pois nunca tínhamos visto isso aqui. Hoje a gente está no asfalto e estamos vendo nossa vila ser construída”.
A presidente da Associação da Vila São Vicente, Aparecida André Nunes, elogiou o governador Tião Viana e o prefeito de Tarauacá, Rodrigo Damasceno, mas sugeriu que haja investimento em segurança na vila.
Na Floresta do Mogno onde estão sendo construídas casas mistas em madeira e alvenaria quem se deu bem foi o morador do Projeto Taquari, Vanderlei Mota Martins. Ele é pedreiro profissional, carpinteiro, eletricista, mas já há alguns anos escolheu viver na área de terra no Projeto Taquari, próximo a floresta do mogno. Com o surgimento do PNHR ele está trabalhando na construção de casas para construir, junto com os filhos Nardson e Vandernilson, por empreitada. A demanda de trabalho de construções cresceu a ponto de o pedreiro recusar serviço. “Preciso cuidar da minha área também”, relata.