A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), por meio da Comissão Estadual de Gestão de Riscos Ambientais (CEGdRA), entregou nesta quarta-feira, 29, a Sena Madureira, Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus (Regional do Purus), o Plano Integrado de Prevenção, Controle e Combate às Queimadas e Incêndios Florestais do Estado do Acre.
Sena Madureira é a terceira cidade e sede de regional a receber o Plano, que prevê a ação conjugada de diversas instituições visando minimizar as queimadas e incêndios florestais. Juntamente com o documento, a Sema também entregou ao Corpo de Bombeiros um veículo e equipamentos de combate aos incêndios florestais financiados pelo Fundo da Amazônia (BNDES).
Foram disponibilizados 30 kits de combate aos incêndios florestais para Sena Madureira, Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus. Cada kit é composto por luvas de segurança em couro, óculos de proteção fabricados em PVC, máscaras tipo lenço para combate, capacetes, abafadores contra incêndio, pinga-fogo com tanque de aço inoxidável, enxadas em aço especial, limas-chatas, foice em aço carbono especial, botina de segurança, mochilas costais para combate com tanque flexível e facões 128. Também foi cedida uma caminhonete 4 x 4 para uso do Corpo de Bombeiros de Sena Madureira.
O plano traz dados e informações sobre o clima (envolvendo os níveis de precipitação pluviométrica e focos de calor em cada regional), mapas detalhados e o planejamento de atuação dos órgãos estaduais e federais na prevenção, controle e combate às queimadas e incêndios florestais em todo o Estado, assim como as ações relacionadas às alternativas produtivas ao uso do fogo.
Estavam presentes à solenidade o secretário de Estado de Meio Ambiente, Edegard de Deus, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Acre, coronel Flávio Ferreira Pires, o prefeito de Sena Madureira, Nilson Areal, representantes da Brigada do PrevFogo (Ibama),do ICMbio, Imac, Seaprof e demais autoridades civis e militares.
A importância do Plano
Para o capitão Antônio Marcos Silva Velasquez, comandante do 6º Batalhão de Educação, Proteção Ambiental e Combate a Incêndio Florestal da Regional Purus, todo apoio do governo, com equipamentos e elaboração do plano, é fundamental para o combate a incêndios no Estado. “Com o plano e o kit distribuídos pelo governo, quem ganha é a sociedade civil, pois agora o Corpo de Bombeiros poderá ser mais eficaz na prevenção e combate aos incêndios florestais. A Regional Purus é extensa, e isso dificulta agirmos em todas as localidades da regional, mas com os recursos distribuídos pelo governo amplia-se nosso campo de ação no combate a incêndios.”
O secretário Edegard de Deus afirmou estar otimista em relação à possibilidade de diminuição dos focos de calor e aos riscos de incêndios na região, lembrando que diversas providências têm sido tomadas, levando em conta aspectos preventivos: “O governador Tião Viana tem disponibilizado alternativas viáveis para que não haja necessidade do uso do fogo, que está proibido no Estado por uma ação dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. Além de estarmos promovendo os roçados sustentáveis, fazendo uso da mucuna já há algum tempo. Atualmente o governo vem disponibilizando máquinas e implementos, seja para o preparo dos terrenos a serem usados no plantio, seja para a manutenção e abertura dos ramais necessários ao escoamento da produção, ou mesmo para a construção de açudes”.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Acre, coronel Flávio Ferreira Pires, lembrou que foi feita uma grande mobilização entre órgãos federais, estaduais e municipais para a elaboração desse plano. “Estamos satisfeitos com o enfrentamento e a redução dos focos de calor em todo o Estado. E que esse plano e os equipamentos distribuídos pelo governo do Estado sirvam pra diminuir ainda mais esses números de incêndios florestais no Acre”, concluiu.
Nilson Areal, prefeito de Sena Madureira, disse que essas ações fortalecem a importância de parcerias desse tipo entre Estado e prefeituras. “Quando todas as esferas do Executivo trabalham em parceria, e quem ganha são os moradores e o meio ambiente. Com iniciativas como essa, o governo vem contribuindo com a melhoria na qualidade de vida das pessoas e protegendo as florestas”, disse.
Combatentes do fogo
O 6º Batalhão da Regional Purus, localizado em Sena Madureira, fez uma grande parceria na luta contra os incêndios florestais. Esses parceiros pontuais são as Brigadas do PrevFogo ( Ibama) e a Brigada ICMbio, que auxiliam o Corpo de Bombeiros na prevenção e no combate a incêndios florestais na Regional Purus.
A PrevFogo é composta por 15 homens, enquanto a Brigada ICMbio é formada por sete integrantes. Todos receberam treinamentos específicos com o Corpo de Bombeiros para o combate a incêndios florestais. Além de auxiliar no enfrentamento de incêndios, os brigadistas também conscientizam os moradores das reservas extrativistas Cazumbá-Iracema, São Francisco e Santa Rosa, em Sena Madureira, Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus, com palestras sobre educação ambiental.
Para Anderson Peixoto, coordenador do PrevFogo no Acre, o projeto de formação das brigadas é voltado para suprimir a carência de pessoal nos municípios que apresentam situação crítica em relação às queimadas e incêndios florestais. “É um dos principais trabalhos do Ibama voltado ao combate de incêndios florestais. Esse trabalho é realizado em parceria com os municípios onde são constatadas maiores ocorrências de incêndios. Hoje, no Acre, temos brigadas instaladas em Sena Madureira, Feijó e Cruzeiro do Sul preparadas para qualquer tipo de enfrentamento ao fogo”, explicou.
As ações em conjunto minimizam a necessidade do uso do fogo para o preparo de roçados, disponibilizando alternativas mais viáveis e adequadas, mas o desafio ainda é grandioso: são 40 mil pequenos produtores no Estado que tradicionalmente utilizam a queima no preparo de pequenos roçados de subsistência. As queimadas, quando realizadas de forma indiscriminada e sem nenhum controle, causam grandes danos às florestas e mesmo ao ar que se respira nas cidades, devendo ser prevenidas e combatidas. Contudo, segundo muitos produtores rurais que vivem da agricultura familiar, a determinação do Fogo Zero, sem critérios que levem em conta as necessidades e possibilidades de pequenos agricultores, pode se converter num empecilho aos meios de subsistência para muitas famílias, que, acompanhadas e tecnicamente bem orientadas, não ofereceriam riscos ao meio ambiente.