“A última vez que uma equipe do governo tentou chegar aqui no inverno pra entregar uns títulos, no ano passado, eles desistiram no meio do caminho e ficaram com raiva porque tavam com lama até o joelho”, brinca o produtor Francisco Neves, ao falar sobre a dificuldade de chegar até o Projeto de Assentamento Itaúba, localizado no município de Manoel Urbano, num ramal de 40 quilômetros, localizado à beira do Rio Purus.
Ainda assim, o desafio foi encarado por uma equipe do Governo do Estado, com servidores da Secretaria de Produção e Agronegócio (Sepa), e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que levaram para a comunidade 56 linhas de crédito para as famílias produtoras da comunidade.
Composta por uma sede às margens do Purus e loteamentos com cerca de 100 hectares cada, o Itaúba foi organizado pelo Incra há quase uma década, possuindo mais de 200 lotes, onde vivem mais de 300 pessoas.
Com a regularização em dia, por meio de uma parceria entre o Incra e o Governo do Estado, com empenho do escritório local da Sepa, as famílias passaram a ter acesso a dois créditos, o Fomento e o Fomento Mulher, que, juntos, liberam até R$ 11.400, com uma alta taxa de subsídio.
Cemilla Carmo, chefe de departamento de fomento e mecanização da Sepa, lembra que o desenvolvimento do agronegócio é uma das principais políticas públicas do plano de governo de Gladson Cameli, e que, estimular tanto a regularização fundiária quanto o acesso ao crédito para os pequenos e médios produtores, é dar uma oportunidade a esse crescimento econômico e social.
“O governo trouxe hoje a oportunidade dos produtores investirem em suas propriedades. É um crédito do Incra que fornece aos beneficiários da regularização fundiária um subsídio de até 80% no crédito exclusivo pra ele usar em sua propriedade, para ele crescer”, destaca Cemilla.
De melhorias a herança
Enquanto o crédito Fomento é usado para viabilizar projetos produtivos de promoção da segurança alimentar e nutricional e de estímulo à geração de trabalho e renda num valor que pode chegar até R$ 6,4 mil, o Fomento Mulher é determinado para implantar projeto produtivo sob responsabilidade da mulher titular do lote no valor de R$ 5 mil.
Moradores do Itaúba, o casal Elionor de Oliveira e Isaías Castro nasceu e se criou na comunidade, nunca se mudou, e considerou o assentamento um lugar muito bom de se viver. Com cinco filhos criados e casados, eles brincam que agora é curtir o restante da vida um com o outro e comemoram o dinheiro que chega numa boa hora pra investir ainda mais na propriedade.
“Esse dinheiro vai servir pra muita coisa. Eu quero fazer o curral do lado do meu campo, criar umas galinhas e mais outras coisas se Deus permitir. Isso garante pra minha família paz, tranquilidade e o necessário. Tô feliz, esse dinheiro vai nos fazer muito bem”, conta a senhora.
Sebastiana Lima e Antônio Lima são outro casal que mora no Itaúba há 15 anos. Com 11 filhos e seis netos, plantam roça, milho, abacaxi e banana na propriedade, sonhando em investir em gado para gerar um fortalecimento do lote que ficará um dia para os filhos.
“Com esse dinheiro, a gente vai comprar umas coisas que precisa pra ajudar na colônia. Dá pra produzir mais agora”, conta Antônio. Para Sebastiana, o sentimento de pertencimento ao Itaúba só aumenta: “Eu não quero sair daqui não, quero continuar na minha colônia. O sonho da gente sempre foi de produzir mais no lote e zelar, comprar um gado, melhorar porque também é herança, né? Tem que deixar pros filhos”.