Objetivo é intensificar o crescimento pessoal, a relação interpessoal, a comunicação, a concentração e o controle emocional
O Instituto Socioeducativo do Acre (ISE) trabalha com métodos pedagógicos que ajudam jovens em medidas socioeducativas a se ressocializar. Isso acontece através da promoção da cidadania, educação, cultura e arte. Um exemplo de que esse artifício tem dado certo é a realização da oficina Linha Sobre Linhas, elaborada a partir de uma prática dos próprios adolescentes, que utilizavam o tempo ocioso para confeccionar pulseiras.
Sem ter acesso aos recursos e com a imaginação produtiva, adolescentes em medidas socioeducativas desenvolveram uma habilidade de fabricar, de forma artesanal, pulseiras. Retirando as linhas de suas roupas, toalhas e também do cobertor, recolhiam os gravetos deixados no chão pela vassoura e completavam os seus utensílios de distração.
Os educadores perceberam a facilidade dos adolescentes em confeccionar as pulseiras. Com a habilidade se expandindo entre eles, houve a necessidade de que tal prática passasse a ser uma atividade monitorada. Em uma roda de conversas com os adolescentes surgiram as ideias da oficina, inclusive o nome Linha Sobre Linhas.
Umas das coordenadoras do Instituto Socioeducativo (ISE), Sandra Amorim, elaborou a oficina teoricamente, e depois os próprios adolescentes executaram o projeto.
A oficina faz parte de um projeto maior chamado Monitor Educativo. Esse, por sua vez, reconhece o adolescente como um líder, um articulador socioeducativo, pois utiliza aptidões e habilidades para repassar experiências e conhecimentos aos outros socioeducandos, proporcionando interatividade, respeito e liberdade de expressão.
Muitos adolescentes não têm a coragem de dizer a seus familiares, em especial às mães, o quanto os ama, e através das pulseiras eles acabam expressando todos os seus sentimentos com frases e palavras de afeto.
O processo de confecção das peças com linhas não se limitou tão-somente aos objetos, mas alcançou também o trabalho com sandálias, chaveiros, e canetas.
O objetivo da oficina é intensificar o crescimento pessoal, a relação interpessoal, a comunicação, a concentração, o respeito às diferenças, a coordenação motora fina, o trabalho em equipe, a superação de limites, o controle emocional, a aceitação de normas e regras, e o fortalecimento de vínculos.
O diretor da Unidade de Internação Provisório (UIP), Norberto Lima, afirma que com a prática os adolescentes passaram a ter outra postura. “Melhorou bastante o comportamento dos meninos.”
Adolescentes do sistema socioeducativo disseram que, depois da oficina, sentiram-se mais tranquilos. “No começo a gente fazia as pulseiras só para passar o tempo, mas agora a gente faz porque a gente gosta mesmo. A gente se sente mais tranquilo agora”, explica um dos meninos.
Fundado há três anos pelo ex-governador Binho Marques, o ISE realiza políticas voltadas ao jovem em risco social, ações de prevenção de reincidência de ato infracional por adolescentes egressos do sistema socioeducativo e presta apoio técnico aos que estão em conflito com a lei.