Serviço chega agora ao Ramal do Batoque, na divisa dos municípios de Rodrigues Alves e Mâncio Lima, que receberá 10 Km de asfalto
A tarefa anual de beneficiamento de ramais em todo o estado é difícil, devido principalmente à fragilidade do solo. Algo como ‘enxugar gelo’ como se referiu o governador Binho Marques em visita recente ao Vale do Juruá. Isto porque as fortes chuvas anualmente destroem o trabalho feito no ano anterior. Por isso, o Governo do Estado vem desenvolvendo um trabalho mais definitivo, pelo menos nos ramais mais importantes, para garantir a permanência do benefício, através da construção de pontes, bueiros, piçarramento e até mesmo asfaltamento.
O primeiro ramal a receber asfalto no Vale do Juruá foi a Linha 3, situado no projeto Santa Luzia, em Cruzeiro do Sul. Os 15 km de asfalto vieram beneficiar uma região densamente povoada e de grande produção agrícola. Agora está em andamento a segunda grande obra nos ramais, desta vez contemplando o ‘ramal do Batoque’, situado bem na divisa dos municípios de Rodrigues Alves e Mâncio Lima.
O ramal do Batoque é estratégico; ele faz a ligação entre Mâncio Lima e outros quatro assentamentos que pertencem a Rodrigues Alves: São Pedro, São Paulo, Paraná dos Mouras, Havaí, além de um pólo agroflorestal. Segundo informação do diretor local do Deracre, Josinaldo Batista Ferreira, no total serão asfaltados 10 km, com investimento do governo do Estado de cerca de R$ 4 milhões. A entrega da obra está prevista para agosto. No ramal, já está pronta a ponte sobre o Igarapé Branco, com 22 metros de extensão e que custou R$ 62 mil.
Desafios
O ramal do Batoque passa por terras baixas, com muitos igapós. No período chuvoso, o ramal fica intrafegável, até para cavalos, que atolam na lama. As pessoas doentes, nesse período, são levadas até Mâncio Lima em carros de boi, numa viagem que pode durar até três horas. É o que aconteceu no último sábado com Bertoldo Cassimiro do Nascimento, que, em carroça de boi, estava levando a esposa para a cidade. Bertoldo mora no pólo agroflorestal e manifesta sua satisfação ao ver avançar as obras do asfaltamento. "Nós acreditamos que a chegada do asfalto vai melhorar muito nossa vida", disse.
Os moradores do ramal e do pólo são produtores de farinha, arroz frutas e verduras. O produtor Raimundo Nonato Barroso mora há um ano no Polo Agroflorestal. Com um sítio de 10 hectares ele produz especialmente verduras e frutas. Toda a verdura produzida, ele conta, é vendida. Ele enxerga no asfalto a independência da população local.
Também a professora Juciana Silva de Alencar vê com expectativa a chegada do asfalto. Ela mora há seis anos no pólo. Segundo informou, a escola agroflorestal possui 50 alunos no Ensino Fundamental (1ª à 4ª série) e a chegada do asfalto vai alargar o horizonte dos alunos, que poderão mais facilmente conhecer outros lugares, além da facilidade para chegar à escola.
Mais de mil km de ramais
Somente nas cidades de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima existem cerca de 1.200 km de ramais. Todos os anos o Governo do Estado e as prefeituras têm que investir pesados recursos para a reabertura deles. Segundo o diretor local do Deracre, o órgão fez parceria com o município de Rodrigues Alves, para reabertura de cerca de 500 km de ramais. Com a prefeitura de Mâncio Lima também foi feita parceria para reabertura dos 180 km de ramais do município.