Nesta etapa, 786 pessoas residentes nas áreas de intervenção dos projetos são beneficiadas com equipamentos de trabalho
Elissandra Costa ainda recebe o seguro-desemprego do último trabalho formal. Está desempregada, mas agora tem uma profissão adquirida por meio do projeto PAC de Inclusão Social desenvolvido em parceria entre a Secretaria de Estado de Habitação e o Instituto Dom Moacyr para atender a população residente nos bairros que compõem as Zonas de Atendimento Prioritário (ZAPs), que oferece, entre outras ações sociais, cursos de formação profissional. Ela, a mãe e outras três irmãs são pintoras e participaram na manhã desta sexta-feira, 15, da entrega dos kits de ferramentas e equipamentos de trabalho destinados aos concludentes dos cursos de pintor, cabelereiro, manicure e pedicure, eletricista, cozinha regional, encanador e pedreiro.
Os cursos de qualificação profissional dirigidos a pessoas beneficiadas pelas ações do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) foram lançados em 2009, uma iniciativa do Governo do Estado realizada em parceria entre Secretaria de Habitação e Interesse Social (Sehab) e Instituto Dom Moacyr. Inscritos nos programas de transferências de renda através do CadÚnico ou que estavam no momento da seleção em situação de vulnerabilidade social eram o foco dos cursos nas áreas de construção civil, imagem pessoal, indústria e gestão. Projeto beneficiou no total 1151 pessoas nos municípios de Rio Branco e Sena Madureira. Os cursos foram aplicados no Centro de Educação Profisisonal Campos Pereira e nas sedes das ZAPs.
Na capital, 786 receberão os kits compostos de material básico para o início das atividades profissionais. A coordenadora técnica de projetos, Elizabeth Souza, diz que monitoramento realizado com os egressos dos cursos indica um bom rendimento principalmente nos cursos da área de construção civil, na qual o índice de inserção no mercado de trabalho é de cem por cento. "Alguns deles se tornaram mediadores de outros cursos; outros que fizeram o curso de cabeleireiro estão abrindo pequenos negócios sozinhos ou em grupo", diz.
A dona de casa Francisca Costa, mãe de Elissandra e de outras duas moças que participaram do curso de pintura, estão em busca de uma oportunidade no mercado hoje ocupado por mão-de-obra masculina. Em seu currículo constam atividades como servente de limpeza e empregada doméstica, mas a formação em pintura de paredes é a realização de um sonho, mas agora mesmo com o diploma enfrenta com as filhas um outro obstáculo: o preconceito. Do total de 24 alunos do curso apenas seis eram homens. Dois deles não concluíram. "Sabemos que a firma está precisando e temos que ouvir que `mulher é para ficar em casa`, cuidando do marido e dos filhos. Eu amo pintar, sei fazer, faço bem feito e não há espaço para mim. Não vou desistir."
Elissandra Costa completa que, além da dificuldade em conseguir trabalho, os salários pagos às mulheres também são mais baixos se comparados aos dos homens. Ela, que acredita no próprio potencial, diz que vai insistir e que a mulher é perfeita para a função, pois é mais caprichosa e detalhista.
O representante da Sehab, Jarles Oliveira, lembra aos concludentes que é necessário insistir e ser criativo para conseguir espaço no mercado. "Acabou esse processo de que algumas atividades são de homens e outras de mulheres. Hoje as chances são dadas para as pessoas que têm coragem de agarrar as oportunidades. Em alguns Estados, as mulheres já são destaque na área de construção civil", afirmou. Ele anunciou que em breve novos cursos serão colocados à disposição, entre eles o de pedreiro. Eliete Costa e Erinalda Barbosa se animam e dizem que esse elas não vão perder.