O trabalho com o barro é uma atividade humana que resiste ao tempo e que traduz a riqueza de uma cultura popular. No Acre, a Fundação de Bem-Estar Social (Funbesa), que atualmente está ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds), é uma referência na qualificação e comercialização do artesanato em argila. Com mais de 30 anos de atuação, a instituição possui uma trajetória importante na história da conservação dessa atividade cultural.
No governo de Binho Marques, após algumas reformulações na política de educação profissional oferecida pelo Estado, a Funbesa continuou com a sua produção de artesanato, no entanto, apenas para a comercialização dos produtos. A Fundação funciona nas dependências da Seds, onde dispõe de uma oficina para a confecção de variadas peças em argila, como jarros, vasos, cofres, panelas, objetos de decoração, que são vendidos em uma pequena loja, no espaço da Secretaria.
Segundo a coordenadora do Programa de Artesanato em Cerâmica, Ana Cleide Paiva, servidora da instituição há mais de 25 anos, após a descentralização da Assistência Social, cuja maioria das ações a Funbesa executava foi municipalizada, os cursos de artesanato em cerâmica e cipó foram estruturados somente para atender os adolescentes em situação de vulnerabilidade social. “Mas, ao longo dos anos, os jovens foram perdendo o interesse em participar desses cursos, buscando atividades mais voltadas para a área da informática”, declarou.
Assim, a oferta de vagas passou a ser preenchida pelos adolescentes carentes dos bairros. Foi o caso de Carlos Afonso, que chegou à Funbesa aos 12 anos, como aluno, e hoje, aos 41, é um dos principais artesãos da oficina.
“Eu descobri a Funbesa com 12 anos. Entrei aqui, passei um ano fazendo curso e atualmente sobrevivo da minha arte. Sustento minha família, ministro minhas oficinas, a cerâmica é minha vida”, diz.
Diariamente, cinco artesãos trabalham na oficina. A renda obtida na comercialização das peças é subdividida entre esses profissionais, que são autônomos, e serve também, para a compra da matéria-prima e o pagamento das taxas ambientais, de retirada do barro e queimada das peças.
“O governo do Estado reconhece a importância da Funbesa como referência na preservação dessa cultura regional através do trabalho com o barro, que num passado não tão distante atuava com uma série de cursos e hoje ainda conserva essa tradição, produzindo e gerando renda para os artesãos que aqui trabalham”, verbaliza o secretário da Seds, Antônio Torres.