Governo do Acre: um Estado combativo às hepatites virais

No dia 28 de julho, o mundo inteiro celebra a luta contra as hepatites virais, doença silenciosa que ataca o fígado e nem sempre apresenta sintomas.

Talvez poucas pessoas saibam, mas o governo do Estado do Acre carrega um histórico combativo à doença, com grandes resultados constituídos ao longo de quase três décadas.

Formado em medicina pela Universidade Federal do Pará (UFPA), o governador Tião Viana é doutor em medicina tropical pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB) e pós-graduado em Doenças Infecciosas e Parasitárias pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.

Em 1999, Tião Viana convidou o médico Raymundo Paraná e os especialistas Tarik Asselah e Cristian Trepo (França) e Michael Manns (Alemanha), para uma intensa frente de pesquisa no Acre (Foto: Arquivo Sesacre)

Com todo esse preparo, os combates iniciais contra a doença se iniciaram no fim da década de 1990, quando Tião Viana era senador da República e convidou o médico hepatologista Raymundo Paraná e os especialistas Tarik Asselah e Cristian Trepo (ambos da França) e Michael Manns (Alemanha), para uma intensa frente de pesquisa quanto ao caráter epidemiológico e clínico das hepatites virais na Amazônia. A ação se deu por meio do Programa Saúde Itinerante.

Os estudos contribuíram para mapear a distribuição das hepatites B, C e Delta não só no Acre, mas em todo o país.

À época, o estado concentrava uma quantidade grande de pacientes com cirrose hepática e câncer de fígado. O resultado das pesquisas do grupo foi exitoso, e novas ações foram patrocinadas pelo Ministério da Saúde, desde a capacitação de pessoas, a criação do curso de medicina do Acre, e de um programa de vacinação pioneiro contra a hepatite B, que atingiu 90% da população.

Serviço de Atendimento Especializado (SAE)

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O Serviço de Atendimento Especializado foi criado em 2001. É também conhecido como Unidade do Fígado e Doenças Tropicais (Foto: Arquivo Sesacre)

No início da década de 2000, durante a gestão de Jorge Viana no governo e Tião Viana no Senado, foi criado o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), também conhecido como Unidade do Fígado e Doenças Tropicais. A unidade trata de várias patologias além das hepatites, como tuberculose, aids e outras doenças do fígado.

O SAE possui 15 médicos infectologistas, um pediatra, um clínico-geral, dois gastroenterologistas, dois assistentes sociais, um odontólogo e uma educadora.

Funcionando há seis anos no Hospital das Clínicas (HC), a unidade não recebe apenas pacientes do Acre, mas de outros estados e até países, como Amazonas, Rondônia, Bolívia e Peru.

Marco histórico: Acre realiza transplantes de fígado

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Os transplantes de fígado iniciaram em 2014, numa parceria com o médico Tércio Genzini. Atualmente, 12 transplantes já foram realizados em Rio Branco (Foto: Arquivo Sesacre)

Sem dúvida uma das maiores conquistas do governo do Estado na luta contra as hepatites virais foi a autorização concedida pelo Ministério da Saúde ao HC para a realização de transplantes de fígado.

O marco se iniciou em 2014, por meio de uma parceria com o médico Tércio Genzini, diretor do Grupo Hepato (SP), que é parceiro do Acre para a implementação do trabalho de captação e transplantes de fígado.

Atualmente, 12 transplantes já foram realizados em Rio Branco, caracterizando um marco na saúde pública estadual.

Acre é o segundo estado a receber medicamento revolucionário

No ano passado, graças aos esforços do governo, o Acre foi o segundo estado brasileiro a receber as medicações Sofosbuvir e Declatasvi, consideradas revolucionárias no tratamento contra a hepatite C, pois aumentam em mais de 90% a chance de cura da doença. Atualmente, a medicação é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado.

O paciente Álvaro Melo faz tratamento há 19 anos e foi um dos primeiros a fazer a cirurgia de transplante de fígado.

“São 19 anos de muita luta. No início eu fiz parte do estatuto da Aphac. Só tenho a agradecer ao governo e a todos que se envolveram nessa luta. Agora estou preparado para tomar essa medicação, que vai devastar o vírus C dos pacientes do Acre. É uma vitória muito grande”, comemora Melo.

Já Francisco Marinheiro veio do Rio Grande do Norte em busca de tratamento médico contra a hepatite C. “Houve um tempo em que, no Acre, os portadores de hepatites precisavam deixar o estado para realizar seu tratamento em outras cidades, a maioria com dificuldades e longe da família. Hoje, a realidade é outra: a gente vem de outros estados fazer esse tratamento aqui. Eu sou muito grato ao governo por isso”, depõe.

Merieux: o laboratório de estudos revolucionários

Outra grande conquista do governo do Acre foi a cooperação com o a Fundação Francesa Merieux, que resultou na implantação do Centro de Infectologia Charles Mérieux, o primeiro laboratório de biologia molecular do Acre, e o segundo do país.

O laboratório é destinado principalmente aos estudos, pesquisas científicas e análises clínicas das hepatites virais, e também de vírus que só circulam por aqui, como o vírus oropouche, além daqueles de impacto mundial como os da zika, chikungunya e dengue. O laboratório foi implantado este ano, no Hospital das Clínicas.

O protagonismo do governo na luta contra as hepatites

Ao longo de quase três décadas, foram essas as ações e esforços do governo na luta contra as hepatites virais. O protagonismo vem resultando em avanços significativos, a partir de um trabalho desenvolvido com base em resultados determinantes para o desenvolvimento da assistência médica aos portadores de doenças do fígado no Acre.

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