Governo do Acre recepciona haitianos no Parque de Exposições

O primeiro grupo de haitianos a chegar à capital é formado por 32 pessoas, as mulheres são a maioria (Karen Aiache)
O primeiro grupo de haitianos a chegar à capital é formado por 32 pessoas, as mulheres são a maioria (Karen Aiache)
O primeiro grupo de haitianos a chegar à capital é formado por 32 pessoas, as mulheres são a maioria (Karen Aiache)

O primeiro grupo de haitianos a chegar à capital é formado por 32 pessoas, as mulheres são a maioria (Karen Aiache)

Alívio, alegria e gratidão eram os sentimentos relatados pelo primeiro grupo de haitianos que chegaram ao abrigo montado pelo governo do Acre no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, na madrugada desta quarta-feira, 11. Durante a estadia estimada em 15 dias, o grupo contará com serviços de alimentação, higiene, acesso a internet, vacinação e vários tipos de exames e atendimento médico.

O primeiro grupo a chegar à capital é formado por 32 pessoas – as mulheres são a maioria. Desses, apenas dois entendem o português e o espanhol e ajudam na comunicação entre os estrangeiros e a equipe formada para atendê-los. Na administração, a Diretoria de Humanização da Fundação Elias Mansour (FEM), com o apoio da Secretaria de Habitação (Sehab), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds) e Polícia Militar do Acre.

“Esta é uma ação solidária do governo do Estado com os haitianos, dando um tratamento digno a essas pessoas, que já sofreram bastante durante o período que aguardavam a liberação da fronteira no Peru. Aqui serão garantidos, além do alojamento, acesso à alimentação, saúde e documentação necessária para que eles possam seguir viagem em busca de oportunidades de trabalho”, destaca a diretora de Humanização, Elineide Medeiros.

Ela acrescenta que até domingo é esperada a chegada de mais 200 haitianos, que já  foram cadastrados pela Polícia Federal em Epitaciolândia. Ainda será realizado um cadastro socioeconômico para identificação da mão-de-obra, tendo em vista a manifestação de interesse para a contratação dessas pessoas por empresas de outros Estados. “É um grupo com especialidades diversas, tem havido uma busca relevante por parte das empresas, interessadas nessa contratação. Essa mediação tem sido feita pela Sejudh, e todo esforço está sendo concentrado para que a passagem dos haitianos pelo Estado seja realizada da melhor forma”, pontua.

Liberação da fronteira

Os estrangeiros estavam havia três meses aguardando liberação da Presidência da República do Brasil na fronteira do Peru com a Bolívia. Segundo informações da Sejudh, a entrada foi restringida a esse grupo até que os ajustes a respeito das questões diplomáticas fossem realizados. O decreto federal de janeiro de 2012 autoriza a entrada de estrangeiros legalizados no país. A decisão visa proteger os haitianos da exploração por “coiotes” e exposição a condições subumanas durante o traslado até a fronteira com o Acre.

A partir de agora, a legalização dos haitianos poderá ser feita na embaixada brasileira da capital do Haiti, Porto Príncipe, evitando, assim, diversos transtornos. Por mês será realizado o cadastro de 100 pessoas que desejarem sair do Haiti com destino ao Brasil. Essa notícia alegrou o grupo que já residia no Brasil e ainda tem parentes em seu país de origem.

É o que enfatiza a estudante Lafortune Joseph Paulane, quando relata a alegria por já estar com sua filha de nove meses de idade em território brasileiro. “Quando estava em Iñapari estava vivendo muito mal, pois não havia comida nem água ou espaço para tomar banho, era muito sofrimento. Agora estou feliz, pois no Brasil é diferente, as pessoas são bondosas”, relata.

Brasil como rota da esperança

Superados os primeiros transtornos vividos pelos haitianos com o terremoto que arrasou Porto Príncipe, em 2010, o contador Obel Rolder viu no Brasil uma possibilidade de recomeço de vida. Ele partiu de sua terra natal há um ano com esperança de conseguir emprego e moradia segura para então trazer a família.

Obel migrou para o Brasil há um ano e mora em São Paulo, onde começou como ajudante de encanador e hoje já atua em sua área de formação, em um escritório de contabilidade. O contador veio ao Acre acompanhar a transição da esposa, Saint Vil Mynose, que estava há três meses em Iñapari, no Peru, aguardando autorização das autoridades brasileiras para ingressar no país.

Rolder fala três línguas – português, espanhol e francês – e no grupo ajuda na comunicação com a administração do abrigo. “Minha esposa estava sofrendo muito, com anemia, por falta de alimentação e água apropriada para o consumo. Era muito sofrimento, e agora eles estão muito felizes pelo acolhimento no Brasil. Agora vamos aguardar somente a documentação ficar pronta e voltar para São Paulo, onde trabalharemos para ter condições de buscarmos nossos filhos”, relatou.

Ele também falou da emoção dos haitianos com a notícia da liberação da fronteira. Disse ainda que a felicidade era um sentimento comum entre as 300 pessoas que já estão na cidade de Epitaciolândia aguardando transporte para chegar até Rio Branco. “Estão todos muito felizes com a oportunidade de ingressar no Brasil, cheios de esperança por dias melhores.”

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