O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), em parceria com o Sebrae, realizou nesta quarta-feira, 17, o evento Agricultura em Debate: por que Plantar Cacau?. O fórum, realizado no auditório do Sebrae em Rio Branco, discutiu estratégias para fortalecer a cadeia produtiva do cacau no estado.
O fórum foi aberto com uma análise abrangente sobre o mercado global do produto, destacando a atual alta nos preços devido à escassez de oferta, fenômenos climáticos adversos e recursos limitados. “A alta dos preços é um desafio para os consumidores, mas representa uma oportunidade única para impulsionar a produção de cacau no Acre, no Brasil e globalmente”, afirmou Luiz Tchê, titular da Seagri.
Durante o evento, foram abordados tópicos essenciais para o desenvolvimento da produção cacaueira no Acre. Municípios como Manoel Urbano, Bujari, Acrelândia, Xapuri e Plácido de Castro estão na vanguarda desse investimento. Luiz Tchê destacou ainda que o cacau nativo, cultivado de Assis Brasil a Marechal Thaumaturgo, inclusive em comunidades indígenas, já é uma realidade no comércio local.
A Seagri tem implementado diversas ações para fortalecer a produção de cacau no estado, incluindo a formação de jardins clonais e viveiros para a produção de mudas, em parceria com o Iapen, além de iniciativas voltadas ao extrativismo do cacau selvagem em terras indígenas. “Estamos capacitando nossos produtores e ampliando o apoio técnico para assegurar que o Acre se torne um polo de excelência na produção de cacau”, disse Luiz Tchê.
Outro ponto de destaque foi o fortalecimento das comunidades, como a Acenom, focada na cadeia produtiva do cacau e liderada por mulheres, e a Lago do Tapiri, que trabalha com cacau nativo e óleos vegetais. Há ainda projetos em andamento destinados à habilitação de técnicos para certificação de amêndoas de cacau no Ministério da Agricultura e Pecuária, o que impactará positivamente na viabilidade de comercialização.
O secretário de Agricultura reforçou o potencial único do cacau nativo do Acre: “Nossa produção é diferenciada, com um valor agregado pela proteção da floresta e pela qualidade do cacau. Estamos criando uma nova cadeia produtiva, que beneficiará todo o estado, especialmente as comunidades indígenas”.
Iniciativas inéditas
Presente no evento estavam diversos produtores de cacau do estado, além de compradores e iniciativas que fazem chocolate com o cacau acreano, como a marca Luisa Abram, que produz chocolate utilizando cacau selvagem da Amazônia.
A barra de chocolate da marca é feita com um cacau extremamente raro, que cresce espontaneamente em diferentes regiões da Floresta Amazônica. Esse cacau selvagem é colhido por comunidades ribeirinhas que preservam as árvores nativas da fruta. Cada rio representa uma região, com um perfil de sabor distinto.
A representante da empresa, Ruth Evangelista, explicou: “A Luisa compra o cacau dos ribeirinhos acreanos e manda produzir em São Paulo, transformando-o em chocolate. Estamos aqui para mostrar que o cacau selvagem da nossa região tem um enorme potencial e valor agregado”.
Com iniciativas semelhantes, o Acre se posiciona estrategicamente no mercado de cacau, promovendo a geração de emprego e renda, além de contribuir para a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável da região.