Com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) no setor agropecuário, o governo do Estado, junto a instituições financeiras e outros organismos, anunciou neste sábado, 26, a instituição do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas (ABC), no Acre. O anúncio foi feito na fazenda do produtor rural Jorge Moura, em Capixaba (76 quilômetros de Rio Branco, na BR-317).
O ato reuniu pequenos, grandes e médios produtores rurais, instituições financeiras, representantes dos órgãos da área de produção e meio ambiente, do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), parlamentares e cerca de 40 alunos do curso de agronomia da Universidade Federal do Acre (Ufac).
O plano ABC tem por finalidade a organização e o planejamento de ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis.
Visa também a recuperação de áreas degradadas por meio de alternativas tecnológicas que objetivam aumentar a produção animal e minimizar a emissão dos GEE, contribuindo para atenuar os efeitos das mudanças climáticas.
“Esse é um grande programa fruto de um pacto mundial [COP15] que tem por desafio produzir com tecnologia dentro das práticas sustentáveis. Só esta fazenda atende três dos eixos propostos pelo ABC”, conta o secretário de Estado de Agricultura e Pecuária, José Carlos Reis.
Tião Viana falou sobre os projetos que o governo vem executando na produção e indústria, os quais já cumprem as metas propostas pelo plano ABC.
O resultado dessas políticas públicas exibe um novo modelo econômico com base na conservação ambiental.
“O Acre já reduziu em 15% o desmatamento e está aumentando a produção. Até 2020 nossa meta é reduzir até 300 milhões de toneladas de carbono e avançar na redução de até 80% do desmatamento. Queremos assegurar os princípios da sustentabilidade incorporando em toda atividade a tecnologia. Queremos que o campo, que hoje alcança no Acre uma renda anual de R$ 1,5 bilhão, possa atingir até R$ 10 bilhões no futuro”, conta o governador.
O superintendente do Mapa no Acre, Luziel Carvalho, disse que o Estado já possui um potencial produtivo na economia muito promissor, onde a sustentabilidade está à frente, e o plano ABC vem dar ainda mais dinamismo a isso.
“O plano vige no Brasil de 2009 a 2020, e é notório que o Acre já avança nas práticas de sustentabilidade. Agora, o plano inclui mais oportunidades de linhas de crédito para os produtores. O lançamento oficial deve ocorrer em 15 de dezembro”, enfatiza Carvalho.
Dos investimentos ao acesso a linhas de crédito
Para o alcance dos objetivos traçados pelo plano ABC, foram disponibilizados no país recursos da ordem de R$ 197 bilhões, financiados com fontes orçamentárias e por meio de linhas de crédito.
O superintendente do Banco do Brasil no Acre, Paulo Henrique Gomes, destacou que a instituição possui linhas de crédito para os sete eixos do plano.
“Tudo que diz respeito ao agronegócio para nós é fundamental. Nós temos linhas de crédito disponíveis para fomentar todos os eixos do plano ABC e contribuir com o desenvolvimento e crescimento da economia acreana, com foco na sustentabilidade”, disse.
O produtor rural Jorge Moura destacou que sua maior contribuição para o crescimento econômico no Acre é mostrar trabalho em prol do melhor desenvolvimento e produção no agronegócio.
“Aqui sempre recebemos todo o apoio do governo para o desenvolvimento do agronegócio. Assim plantamos cana [1.400 hectares], soja e milho [600 hectares], e temos o nosso forte: o gado. Seguimos a integração lavoura-pecuária, o caminho para o futuro”, diz Moura.
Os sete eixos do plano ABC
O plano ABC é composto por sete programas, seis deles referentes às tecnologias de mitigação, e ainda um último programa com ações de adaptações às mudanças climáticas.
O Acre já avança em vários deles, que são: recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta e sistemas florestais, plantio direto, fixação biológica de nitrogênio, florestas plantadas, tratamento de dejetos animais e adaptação às mudanças climáticas.
O que disseram:
“Ajudamos a elaborar este programa. Vamos fazer a alusão e a transferência tecnológica para o campo. Temos cerca de 45 mil hectares de milho com o ABC e queremos chegar a 120 mil hectares. Vamos tornar o Acre um Estado que produz, coopera e se devolve.” – Representante da Embrapa Idésio Franke.
“Esta é uma conquista para a agricultura acreana e o empreendedorismo, a partir deste programa que envolve mais de 100 bilhões de reais e leva alta tecnologia para o campo.” – Secretário de Desenvolvimento e Indústria Sibá Machado.
“Este plano tem um diferencial que é o aproveitamento das áreas degradadas, e parte do principio de que é possível consorciar a agricultura-pecuária extensiva tradicional com culturas como o milho, a soja, o amendoim e outros.” – Deputado estadual, Daniel Zen.