Governo anuncia investimento histórico nas reservas extrativistas do Acre

O governador Tião Viana fez uma viagem longa na manhã deste sábado, 31. Saindo de Rio Branco, a comitiva do governo do Estado se dirigiu para Xapuri e em seguida atravessou o Rio Acre em direção ao coração da Reserva Extrativista Chico Mendes para um anúncio histórico: o investimento de R$ 28,5 milhões em todas as reservas do estado. Serão projetos de geração de renda, mantendo a floresta de pé e guiados pelo ideal do líder Chico Mendes. O ato foi celebrado na presença de mil produtores rurais.

Tião Viana anunciou R$ 28,5 milhões em investimentos para dar uma vida digna aos povos da floresta (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Tião Viana anunciou R$ 28,5 milhões em investimentos para dar uma vida digna aos povos da floresta (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O grande investimento é uma ação direta do governo do estado junto ao governo federal e instituições de fomento como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o KfWBankengruppe. Só para o manejo florestal dentro das reservas serão destinados R$ 5 milhões, com o objetivo de inserir mil famílias no negócio. Mais R$ 2 milhões serão destinados para o fortalecimento da produção local e R$ 3 milhões entram em parceria com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) para pagamento adiantado dos coletores de látex para a fábrica de preservativos Natex.

Governo estadual, federal, BID e KfW se uniram em projetos de desenvolvimento sustentável para gerar riqueza sem agredir a floresta (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Governo estadual, federal, BID e KfW se uniram em projetos de desenvolvimento sustentável para gerar riqueza sem agredir a floresta (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O lançamento na Resex Chico Mendes foi simbólico não só por levar o nome do líder dos povos da floresta, mas pelo aniversário de 24 anos da maior reserva do estado. “Nós fomos capazes de preservar o Acre que acreditamos. É floresta em pé para gerar riqueza com o trabalho de preservação. O Chico Mendes sonhou e da cabeça dele ninguém entendia. Já hoje chamamos todos vocês para sonharem o futuro com a gente”, disse Tião Viana.

Luta e superação

Para viver numa reserva extrativista é preciso ter o perfil extrativista. O morador e sua família devem preencher requisitos específicos de que não organizarão atividades predatórias e que suas vidas serão baseadas no extrativismo. Só a Resex Chico Mendes possuí uma área de 970.570 hectares, abrangendo sete municípios. São 46 seringais e 76 núcleos de base, sendo a maior reserva do Estado, com mais de duas mil famílias – cerca de 10 mil pessoas.

Dentro da Resex encontramos um de seus moradores mais antigos e que representam a força dos povos da floresta. Raimundo Barros, o Raimundão, se mudou para a reserva há 37 anos. “Estou feliz por receber aqui, na minha colocação, essas pessoas tão queridas. Quando eu cheguei aqui, mais de 90% dos nossos companheiros não sabiam nem ler, nem escrever, nem tinham registro. Hoje esse número é o contrário”, conta Raimundão emocionado e afirmando com orgulho que sua renda neste ano já foi de mais de R$ 6 mil só com a venda de castanha.

A administração das reservas extrativistas do Brasil é feita diretamente pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio). O presidente do Instituto, Roberto Vizentin, esteve no Acre e afirmou se orgulhar do modo como o governo do Acre cuida de suas reservas. Segundo Roberto: “Nós temos mais de 50 reservas no Brasil afora e só uma se chama Chico Mendes. E não podemos esquecer o legado deste homem. Eu não sei se temos no Brasil um governo estadual como o do Acre, que procura o governo federal primeiro para cuidar de suas reservas”.

A frente dos convênios para o investimento, o secretário de Desenvolvimento Florestal, da Indústria, do Comércio e dos serviços Sustentáveis (Sedens), Edvaldo Magalhães, não conteve o orgulho perante a grande conquista para aqueles que tanto lutaram na época dos empates de Chico Mendes. “Nós vamos realizar o sonho desses trabalhadores de uma vida melhor dentro da floresta. O que nós estamos fazendo aqui é dando todos os instrumentos para que essa turma possa trabalhar e preservar a floresta”, disse Edvaldo.

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que-disseram-01-06-2014

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