Governador visita o Hosmac e garante ampliação nas instalações e no atendimento

Hospital administrado pelo médico Paulino é um dos que mais avançou na humanização e no trato diferenciado aos pacientes

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O governador sugeriu que a equipe desenvolva atividades que promovam a orientação da sociedade e a integração do paciente (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Quem conheceu o Acre que existia há  pouco mais de uma década deve lembrar que um dos retratos mais deprimentes da saúde pública era o Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac). O lugar era deprimente, sujo, fétido e não parecia um local onde pessoas eram tratadas. Pelo contrário, não precisava ser especialista para saber que poucas eram as chances de alguém ter alguma recuperação ali.

Esse era o Hosmac do passado. O Hosmac de hoje é outro e pode ser considerado o local onde mais se avançou na humanização. A partir do primeiro governo de Jorge Viana (1999/2002), aquela unidade de saúde passou a receber maior atenção. A edificação sofreu reforma, a área externa recebeu um jardim, foi construído estacionamento e a equipe liderada pelo médico psiquiatra José Rosa Paulino iniciou um processo irreversível que está levando o Hosmac a se tornar um hospital diferenciado, onde a direção, equipe médica e equipe técnica se dedicam pela qualidade do atendimento.

Na manhã desta quinta-feira, 17, o Hosmac foi visitado pelo governador do Estado, Tião Viana. Ele foi recebido pelo doutor Paulino, pelos demais médicos e pelos funcionários da instituição. Viana conheceu as dependências do hospital, conversou com pacientes e, ao final, manteve reunião com toda a equipe de trabalho, oportunidade em que ouviu as reivindicações e falou sobre as ações de governo para a melhoria da saúde no Estado.

Uma das surpresas que teve o governador foi o fato de as reivindicações feitas por médicos e funcionários terem sido voltadas para o atendimento e para a ampliação e reforma do espaço do hospital. “Essa é uma prova de que a humanização está em estágio bem mais avançado aqui no Homac. Em outros locais, as primeiras reivindicações são voltadas para a questão salarial. Já aqui, os profissionais põem em primeiro lugar o atendimento aos pacientes”, elogiou o governador.

Apesar de as questões salariais terem sido colocadas em segundo plano, Viana não se furtou em falar do assunto. Ele disse que desde o dia 1º de janeiro a equipe econômica do governo estuda propostas de melhorias salarias e que essas propostas devem ser colocadas em negociação com os servidores já a partir de abril próximo, quando acontece a data-base dos servidores da Saúde.

O doutor Paulino lembrou que o processo de humanização se deu a partir do momento que a unidade deixou de ser um "depósito de pessoas" com a saúde mental abalada. Apesar de ainda haver internos, a equipe do hospital tem procurado tratar os pacientes e mantê-los próximos dos seus familiares. As internações são curtas e os pacientes são liberados logo que o estado deles não oferece risco para eles ou para as famílias.

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Tião Viana se mostrou emocionado com a manifestação dos profissionais que atuam no Hosmac (Foto: Sérgio Vale/Secom)

O Hosmac está equipado com emergência psiquiátrica, possui 64 leitos e uma equipe de 12 médicos, sendo que três são psiquiatras. O hospital tem um moderno consultório dentário, onde, inclusive, é feito tratamento estético, destacando-se o clareamento a laser.

É consenso entre todos do Hosmac de que é preciso ampliar a capacidade de atendimento ambulatorial. De acordo com o médico Paulino, a unidade tem capacidade para pouco mais de 1,7 mil atendimentos por mês, mas já trabalha como mais de 2,7 mil atendimentos. “E a cada mês esse número de atendimento cresce algo em torno de 80 a 100 atendimentos”, disse Paulino.

Uma das formas de resolver esse problema seria promover o atendimento em saúde mental a partir das unidades primárias de saúde, ou seja, os postos de saúde. Essa proposta foi apresentada ao governador pelo psicólogo Fabiano Guimarães de Carvalho, que é membro da Associação dos Pacientes e Amigos da Saúde Mental do Acre (Apasama). Ele sugere que as equipes que atuam na saúde primária recebam capacitação para o atendimento em saúde mental. “Esse tipo de atendimento contribuiria para reduzir a demanda no Hosmac, como também a recuperação mais rápida do paciente, haja vista que ele estaria mais perto de seu bairro e contaria com maior apoio familiar”, disse o profissional. “Elaborem um projeto para operacionalizar essa capacitação, que o governo do Estado custeia”, assegurou Tião Viana.

A assistente social Valdenízia Oliveira demonstrou preocupação com a habitação de alguns pacientes. Ela contou que há um pequeno número deles que está interno do Hosmac por não ter família nem onde morar. Ela solicitou ao governador que fosse analisada a possibilidade de inserir esses pacientes nos programas habitacionais, o que lhes daria uma qualidade de vida bem maior. “Muitos acabam ficando aqui porque não têm mesmo onde morar. Já outros que conseguiram uma aposentadoria estão morando em locais alugados. Porém, o que ganham já é tão pouco que não lhes sobra quase nada para o sustento e para as despesas diárias”, contou Valdenízia. “A construção dessas casas é possível, sim. Esse é um pedido que fazemos questão de atender, haja vista o caráter humanitário que ele tem”, afirmou o governador.

Tião Viana se mostrou emocionado com a manifestação dos profissionais que atuam no Hosmac. Cada um deles reivindicava algo ou sugeria algo que tinha como propósito final o bem atender. Tião Viana, que também é médico, comprometeu-se em atender as reivindicações daqueles profissionais. Disse que iria solicitar que o secretário de Obras, Wolvernar Camargo, entrasse em contato com a direção do Hosmac para planejar e já executar as obras de reforma e ampliação do hospital, principalmente da área ambulatorial. Viana quer também a ampliação da equipe médica e irá criar condições para que os profissionais possam participar de cursos de atualização, de capacitação e de residência terapêutica.

O governador sugeriu ainda que a equipe desenvolva atividades que promovam a orientação da sociedade e a integração do paciente. Segundo ele, uma das opções seria um programa de rádio produzido pela direção do hospital e por pacientes. “Esse programa pode ser desenvolvido pelos pacientes e pela direção com o apoio do governo do Estado, através da Rádio Aldeia. Creio que é possível fazer um programa de 20 minutos que ajudará a informar as pessoas sobre a saúde mental e integrar os pacientes através de uma atividade como essa”, disse Viana.

Gestão que faz a diferença – Não há quem duvide que Hosmac de hoje é o reflexo de quem o administra. O médico José Paulino Rosa, o Doutor Paulino, como é conhecido, o fez humanizado. É difícil encontrar alguém no Acre que não conheça ou não ouviu falar dele. Ele lembra de como o hospital era há alguns anos. Disse que era triste ver tantas grades, tantas mazelas que ali existiam. “Era comum os casos de gravidez, já que homens e mulheres estavam juntos sem nenhum cuidado”, disse Paulino.

O diretor do Hosmac é mineiro, tem 63 anos e está no Acre há 29 anos. Sobre a visita do governador, ele disse que se sentia gratificado, pois tem uma relação de amizade com Tião Viana e está convicto de que ele proporcionará a melhoria da estrutura e ampliará os recursos humanos para poder atender a saúde mental com mais qualidade.

Reencontro emocionado – Durante a visita ao Hosmac, na manhã desta quinta-feira, 17, o governador Tião Viana teve um reencontro emocionado com Mercedes Gonçalves, que se consultava com o médico Jefferson Zotelli. Mercedes abraçou Viana e disse que era grata por ele ter salvado sua vida há nove anos.

A mulher contou que viajava para Goiania (GO) em busca de atendimento médico no ano de 2002, quando sofreu uma parada cardíaca em pleno voo. “Estavam ele, a mulher e um filho pequeno. Ele veio e me atendeu ali mesmo, dentro do avião. Se não fosse ele, eu teria morrido. Devo minha vida a este homem”, disse Mercedes, emocionada.

Tião Viana abraçou a mulher e disse estar feliz por revê-la e saber que ela estava bem. “É bom a gente reencontrar as pessoas assim. Fico feliz que a senhora esteja bem”, afirmou.

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