Solenidade foi marcada pela lembrança das ações do líder seringueiro no dia em que ele completaria 67 anos
Cada dia mais perto do povo e em prol do povo. É assim que atuam os que fazem o Prêmio Chico Mendes de Florestania e seus premiados. Este ano a solenidade de entrega do prêmio aconteceu em frente ao Palácio Rio Branco, na noite desta quinta-feira, 15 e contou com a presença do governador Tião Viana que entregou os prêmios aos homenageados, do vice-governador César Messias, familiares de Chico Mendes e ainda de secretários de Estado.
A luta do líder seringueiro foi lembrada por cada um dos presentes a premiação. O governador Tião Viana ressalta que Chico Mendes é transcendente.
“Chico é saudade, é vida, é futuro. Ele é um arquétipo humano que atravessou gerações, séculos e seguramente atravessará milênios. Entendo que a saudade que sentimos dele e os ensinamentos dele têm que se converter em um belo trabalho para mudar a qualidade de vida e os indicadores da vida do Acre”, avalia o governador.
O filho mais novo do líder seringueiro, Sandino Mendes falou representando a família. Sandino Mendes lembrou que no dia 15 de dezembro seu pai completaria 67 anos. Porém o jovem lamentou não ter lembranças de como fora a comemoração por ser criança na época em que seu pai estava vivo.
“Infelizmente eu não tenho nenhuma lembrança daquele último aniversário que meu pai pode compartilhar conosco. Eu queria poder estar aqui falando de alguma conversa ou abraço que recebi porque isso foi trado de mim. Meu pai morreu muito cedo. Infelizmente ele não está aqui hoje para ver que alguns sonhos dele já foram realizados”, lamentou o filho do líder seringueiro.
Contudo, Sandino Mendes destaca que mesmo com a falta que o pai sempre fez em sua via hoje ele pode compartilhar com todos a mobilização que tem sido realizada no Brasil e no mundo graças ao legado que Chico Mendes deixou antes de partir.
“A luta em defender, proteger e tornar a floresta sustentável para quem lá vive hoje não é mais um pequeno grupo de seringueiros e ambientalista que compreendem a importância de preservar a natureza, mas sim diversas classes que se mobilizam e se manifestam para disseminar a mensagem de preservação e o prêmio mostra essa diversidade”, relata Sandino Mendes.
Os premiados
Este ano foram premiados um centro de saberes de Marechal Thaumaturgo, um professor universitário da área de História e uma atriz que trabalha na divulgação da importância de se preservar a floresta e seus povos.
Na categoria Iniciativa de Origem Comunitária foi premiado Centro Saberes da Floresta Yorenka Ãtame. Este centro é uma iniciativa cultura e pedagógica inédita dos Ashaninkas para levar seus conhecimentos para além dos limites da terra indígena kampa, do rio Amônia. Localizado no município de Marechal Thaumaturgo o centro promove a troca de saberes índios e não-índios e ainda, valoriza a plantação de sistemas agroflorestais, a produção de mel com abelhas nativas como opções mais saudáveis e sustentáveis para manutenção das comunidades e das florestas.
Eliane Yawanawá afirma que o prêmio foi muito importante para estimular cada vez mais o trabalho do centro.
“Com esse prêmio o Governo do Estado reconhece o trabalho dos povos da floresta, dos indígenas que vêm desenvolvendo com outros povos para a conservação do meio ambiente”, observa Eliana Yawanawá.
Na categoria de Iniciativa de Origem Estadual o premiado foi o professor dr. Eurípedes Antônio Funes, do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC). Funes é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor pela Universidade de Campinas (Unicamp). Atualmente leciona no Departamento de História da UFC.
Funes possui vasta pesquisa realizada na Amazônia e conviveu com Chico Mendes no período em que lecionou na Universidade Federal do Acre (Ufac), no curso de História. Eurípedes Funes é um dos fundadores do curso de economia da Ufac.
O professor Funes também foi um dos professores fundador do Movimento de Defesa da Amazônia, ao lado de Edgard de Deus e outros docentes. Esse foi um dos primeiro movimentos da Universidade Federal do Acre em defesa da preservação da Amazônia.
Funes revela que foi diante de uma sala de alunos diferentes como Binho Marques, Marina Silva, Júlia Feitosa e Carioca que ele percebeu que na universidade havia jovens que aprendiam um pouco dentro da universidade, mas aprendiam muito mais na universidade da floresta, com seu povo. Ele confessa que também aprendeu muito mais com os povos das florestas do Acre.
“Saí da Amazônia, mas assim como muitos amigos, a Amazônia e nem o Acre saíram de mim”, diz Eurípedes Funes.
Também foi premiada a atriz global Christiane Torloni na categoria nacional/internacional. A atriz teve seu trabalho relevante na divulgação pela preservação da natureza. Atualmente destaca-se no movimento Amazônia Para Sempre que luta pela preservação da Amazônia.
O trabalho socioambiental da atriz iniciou depois que ela conheceu o Acre e parte da Amazônia quando participou do elenco da minissérie Amazônia: De Galvez a Chico Mendes, escrita pela novelista acreana Glória Perez.
A atriz não pode vir ao Acre porque esta em período de gravação de uma telenovela, mas enviou ao Acre um vídeo de agradecimento no qual afirma que o sonho de preservar a natureza que Chico Mendes tinha, também pertence a ela hoje.
“Quando estive no Acre para a gravação da minissérie Amazônia percebi a grandiosidade que é a luta para a preservação da Amazônia. Esta luta é a luta pela vida da nossa mãe terra. Chico Mendes é, sem dúvidas, um dos nossos grandes líderes”, conclui Torloni.
Galeria de imagens