Equipe da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) está no Acre para fazer um vídeo sobre as ações de combate à malária que será exibido no Prêmio que acontece em novembro, em Washington, capital dos Estados Unidos. Pelo segundo ano consecutivo, o Acre foi selecionado para representar o Brasil como melhor estratégia de combate à malária nas Américas. Ano passado, o Estado concorreu com Honduras e Nicarágua e foi o vice-campeão. Este ano concorre com Equador e Paraguai.
Na manhã desta quarta-feira, 26, o chefe do Departamento de Comunicação da Opas em Washington, Ary Rogério Silva, e a jornalista Vivian Zanatta gravaram entrevista com o governador Tião Viana e com a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo. Ao Estado coube apresentar suas estratégias no que se refere ao teste para diagnóstico, tratamento da doença e vigilância em saúde.
O governador fez um breve histórico da malária na Amazônia e lembrou que as ações da doença sofreram um grande impacto com a transição da antiga Sucam para o SUS e com a demissão, no governo Collor, de mais de seis mil agentes, quando o Acre e Rondônia foram fortemente afetados.
“Com a epidemia que aconteceu entre 1995 e 1996 e depois em 2006, percebemos que a grande equação da malária só iria fechar com diagnóstico, tratamento precoce e vigilância epidemiológica, e foi o que conseguimos fazer. Outro fator que contribuiu para a queda nos índices e teve grande aceitação da população foi a chegada dos mosquiteiros impregnados. Aí os números de casos caíram bruscamente. Nessa época eu entendi que a malária não era só um problema sério, como também deveria ser fortemente combatida. Eu vivi o drama da malária de perto”, disse o governador.
Para a secretária Suely Melo, a integração, a intersetorialidade e a decisão política foram fundamentais para a redução dos casos de malária. “A gente vai ter sempre malária pelas condições naturais da Amazônia, o que a gente não quer é ter epidemia, por isso fazemos um trabalho incansável de educação com a população e com os próprios agentes, que são capacitados constantemente e incentivados para que não desanimem”, esclarece a secretária.
Ela informou ainda que os agentes de saúde aproveitam as visitas domiciliares para coletar outros exames e que agora mesmo estão fazendo um curso de análises clínicas para identificar doenças como a hanseníase, filariose, tuberculose, leishmaniose e doença de Chagas.
“Hoje a gente não tem mais o quadro de epidemia porque foi muito suor derramado, muito dinheiro investido. E não podemos perder o fio da meada, a continuidade das ações, independentemente do governo que aqui esteja”, continuou.
Perguntada se tinha um sonho, a secretária disse: “Eu sonho em termos de verdade um controle das doenças tropicais – não só a malária, mas a dengue, as hepatites, a leishmaniose, a hanseníase. Que possamos ter tratamentos efetivos e uma população confiante, porque a Amazônia é um paraíso para se viver”.
O chefe de comunicação da Opas, Ary Rogério Silva, disse ter ficado “impressionado” com as ações adotadas no Vale do Juruá ao ver o vídeo gravado ano passado, quando o Acre concorreu pelo prêmio. “O Acre tem um grande potencial porque faz um excelente trabalho que tem que ter continuidade, porque é muito profissional”, avalia.
Acompanhada da gerente de vigilância em saúde Izanelda Magalhães, a equipe seguiu para Cruzeiro do Sul, para continuar as gravações que mostram a estratégia adotada pelo governo do Estado no combate à malária que fizeram com que o Acre saísse de uma epidemia em 2006, quando o Vale do Juruá chegou a registrar mais de 12 mil casos por mês.