Gestor citou que rombo previdenciário não para de crescer e que se mudanças não forem feitas, a saúde financeira do Estado estará comprometida em poucos anos
O governador Gladson Cameli voltou a defender na manhã desta segunda-feira, 11, a necessidade da aprovação das atuais regras da previdência estadual para assegurar o equilíbrio orçamentário e financeiro do tesouro do Estado. O gestor citou que se nada for feito, o déficit previdenciário será de quase R$ 1 bilhão até 2022, impossibilitando novos investimentos em setores prioritários e, consequentemente, dificultando o desenvolvimento do Acre.
Ainda durante a entrevista ao programa Fale com o governador, que foi ao ar em rede estadual de rádio pelo Sistema Público de Comunicação, o gestor rechaçou a maneira como a oposição tratou o assunto, sobretudo espalhando inverdades aos servidores públicos e lideranças sindicais. Cameli revelou que o texto será o mesmo da recente reforma da previdência aprovada pelo Congresso Nacional e que deve ser promulgada em breve pelo governo federal.
“Não fui eu que criei isso. Como governador tenho que criar as condições para que a gente possa ter a segurança de quem está se aposentando saber que vai receber, e de quem está trabalhando saber que vai receber os seus direitos. Sou contra àqueles que passaram 20 anos no poder e não fizeram nada. Quero deixar claro aos servidores que eu não quero tirar direitos de ninguém”, disse o governador.
Gladson enfatizou que seu governo é pautado pela democracia e o diálogo aberto com a sociedade e instituições. O governador citou o consenso com o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nicolau Júnior, para que a votação da proposta fosse adiada para o próximo dia 26 novembro. Até lá, o tema será amplamente discutido de maneira técnica com os funcionários públicos e entidades sindicais.
Cameli fez questão de explicar que, para conseguir renegociar as dívidas do Estado no valor de R$ 650 milhões, contraídas por meio de empréstimos pela antiga gestão, o Tesouro Nacional exigiu o equilíbrio da previdência estadual. Para não perder a oportunidade de obter descontos milionários por meio do abatimento de juras e multas, o governador afirmou não ter outra alternativa para concluir a negociação.
“Mandamos a reforma da previdência para a Assembleia porque o Congresso Nacional não vai incluir os estados e municípios neste ano e eu tenho falado constantemente que precisamos vender a dívida do Estado e aproveitar uma operação que o Tesouro Nacional entra como fiador para dar garantias para quem vai comprar e nos ajudar a ter equilíbrio nas contas. Com a economia que teremos, vamos pegar esse dinheiro para investir em infraestrutura e melhoria de ramais. Mas acabei sendo surpreendido quando o Tesouro Nacional nos informou que para os ‘finalmentes’, o governo precisava sinalizar com a reforma da previdência e eu tive que fazer essa escolha”, salientou.
Gladson confirma retorno de Alysson Bestene à Secretaria de Saúde e fala sobre expectativa de relação comercial com a China
Questionado sobre a nova gestão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesacre), Gladson Cameli confirmou o retorno de Alysson Bestene ao comando da pasta e disse que tem nele a confiança de um irmão para gerenciar a área que ele considera como o maior desafio de seu governo.
O governador agradeceu o empenho da ex-secretária Mônica Kanaan e afirmou que o momento é de trabalhar ainda mais para assegurar atendimento digno e de qualidade para a população que depende da rede pública estadual. Cameli recordou dos avanços alcançados, como a inauguração do novo Pronto-Socorro de Rio Branco e do funcionamento, a partir desta semana, da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cruzeiro do Sul.
Na próxima segunda-feira, 18, o prédio será entregue em definitivo para a população do Vale do Juruá. O evento contará com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Em relação à missão governamental realizada na China, Gladson Cameli, o único governador brasileiro a compor a comitiva presidencial, afirmou estar otimista com a possibilidade de investimentos chineses no Acre. O chefe do Executivo argumentou que o Estado não dificultará a instalação de indústrias e assegurou total apoio aos empresários orientais. A previsão é de que o parque industrial a ser construído na Zona de Processamento de Importação (ZPE), em Senador Guiomard, atraia R$ 1 bilhão e gere 20 mil empregos.
“Durante um jantar que tivemos na China, falei para o presidente que não estava ali para vender facilidades, mas para pedir oportunidade para o meu povo. Somos brasileiros e quero dizer que é melhor para vocês do que para nós e se vocês usarem a nossa porta como entrada, vocês economizarão quinze dias, fora a economia do custo. Eles querem comprar a nossa carne e fazer o processamento na ZPE. Se os chineses fizerem dez por cento do que disseram, o Acre será outro”, pontuou.