Gestão de bacias hidrográficas

Rios Liberdade e Paraná  dos Mouras vão ter os primeiros planos de gestão da Amazônia

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Comitês gestores vão realizar planos de metas para as bacias dos rios Liberdade e Paraná dos Mouras (Foto: Onofre Brito)

A organização não-governamental SOS Amazônia realiza em Rodrigues Alves um curso de gestão sobre bacias hidrográficas. A meta é capacitar as comunidades dos rios Paraná  dos Mouras e Liberdade, além dos profissionais de órgãos públicos que atuam de alguma forma nas bacias desses dois rios, para que se organizem na gestão dos recursos hídricos.

Participam da atividade representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), Ibama, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), associações, colônias de pescadores, extrativistas e indígenas.

Serão criados comitês gestores das bacias desses dois rios com representantes das comunidades e das entidades que têm qualquer tipo de atuação nelas. Só então, segundo a bióloga Vângela Nascimento, coordenadora do curso, será elaborado o plano de metas para cada bacia a ser apresentado ao governo.

Segundo Nascimento, em toda a Amazônia não existe nenhum plano de gestão de bacia hidrográfica, e a ideia é que as bacias do Paraná dos Mouras e do Liberdade sirvam de exemplo, no Acre e em outros Estados, para que outras comunidades tenham uma referência. 

Problemas nas bacias

Um diagnóstico realizado pela SOS Amazônia e que está em fase de conclusão deve ser apresentado oficialmente em março próximo e já aponta problemas nas bacias dos rios Paraná dos Mouras e Liberdade. O relatório preliminar indica que muito lixo é jogado nessas bacias hidrográficas, e a falta de saneamento faz com que as pessoas canalizem seus esgotos in natura para o leito dos rios.

Outro problema é o desmatamento das matas ciliares e da cobertura vegetal das nascentes, o que, de acordo com Vângela Nascimento, aparentemente tem diminuido o nível dos rios ao longo dos anos. O relatório diz ainda que a pesca com tingui – produto natural que mata os peixes – tem desencadeado a reprodução demasiada de caracóis, que deixam a água com gosto de lama.

O agricultor Ezequiel Araújo de Moura participou do curso e contou que há algum tempo a água do Paraná  dos Mouras apresenta alterações. Para ele, é fundamental a educação ambiental, pois muitos trabalhadores rurais sequer têm ideia de que estejam cometendo crime ambiental. “A gente sabe da importância da preservação da água, porque quem preserva a água preserva a vida.”

Edem Oliveira, secretário da Promotoria Especializada na Defesa do Meio Ambiente, do Ministério Público Estadual, disse que o interesse da instituição é conhecer a situação das bacias, participar no plano de elaboração da gestão delas e direcionar seu plano de ação por meio da troca de informações.

O vice-prefeito de Rodrigues Alves, Manoel da Silva Magalhães, lembrou que a bacia do rio Paraná  dos Mouras é bastante habitada e muitas famílias dependem de suas águas, além de o rio ser essencial para o escoamento da produção da região. “Precisamos cuidar muito bem desse rio, pois a nossa vida depende da sobrevivência dele”, declarou.

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