O frigorífico de peixes que o governo está construindo na Estrada Variante, no bairro Miritizal, em Cruzeiro do Sul, recebeu a primeira parte (cerca de 50%) dos equipamentos necessários ao funcionamento, trazidos do Sudeste do país em dez carretas. Chegaram todos os maquinários de refrigeração industrial e os paineis e portas para fechar o frigorífico.
Até o final do ano chegarão os equipamentos do processo industrial, como balanças, esteiras e equipamentos para processamento do peixe. “Vamos fechar o frigorífico, climatizar, receber os últimos equipamentos e montá-los já com as salas divididas”, informou o engenheiro mecânico Davi Melo da Costa Bussons ao secretário de Articulação Institucional, José Fernandes do Rego, que visitava o local na hora da chegada das carretas.
O secretário Edvaldo Magalhães passou grande parte do dia por lá, acompanhando o descarregamento das carretas e vistoriando o andamento das obras. O frigorífico está em fase de montagem final, esclareceu Edvaldo Magalhães: “Terá capacidade de processar duas mil toneladas por ano, podendo ser ampliado, aumentando mais um turno de trabalho”, disse.
Metade dos equipamentos é do setor de refrigeração, que vai garantir a fabricação de gelo e manter a temperatura ambiente adequada à manutenção e processamento do peixe. Os equipamentos do frigorífico totalizam investimentos de aproximadamente R$ 5 milhões, que se somam ao montante de R$ 4,5 milhões da construção da obra.
A expectativa do governo é, segundo Magalhães, chegar até o final de março com a obra concluída, em condições de entrar em teste pré-operacional. A capacidade instalada é 30 vezes é superior à produção local, mas, para o secretário, a produção só pode crescer se houver capacidade de processar o peixe. “Se não, fica como a piracema. No auge da piracema, o mandim fica a um real, mas, depois, fica caro novamente porque não há como processar aquele peixe”.
Um detalhe importante é que esse frigorífico tem o selo de inspeção federal (SIF), o que autoriza a exportar o pescado para outros estados e países. “Isso aqui vai ser a locomotiva da piscicultura no Juruá. Vai animar o produtor a aumentar a produção”, avaliou Magalhães.
Mercado para o peixe
O secretário acredita que quando iniciar a exportação o primeiro grande mercado que poderá ser abastecido pelo Juruá é o de Manaus, a metrópole amazônica. Ele conta que o Amazonas é o estado que mais consome peixe per capita no país e depende em 70% do peixe importado de estados como Rondônia, Mato Grosso e até do Acre.
A plena capacidade o frigorífico deverá abrir cerca de cem postos de trabalho, incluindo os setores de administração, de produção, da cozinha industrial e do tratamento de efluentes.
Gestão do negócio
Para gerir o frigorífico e o Centro de Alevinagem, em construção na Vila Assis Brasil, em Cruzeiro do Sul, o Estado criou uma empresa, a Juruá Peixes S/A. Na composição ao lado de empresários locais, estão as cooperativas que são sócias do empreendimento.
Para o presidente da Juruá Peixes, Marcos Venicio Alencar, a chegada dos equipamentos é a complementação de um sonho. “Está havendo um investimento muito grande na piscicultura e este frigorífico vai absorver todo o peixe do Juruá. Isso vai trazer um grande ganho”, avaliou.
O empresário Francisco Tomé da Silva, “Neto”, também sócio da empresa, entende que hoje ainda não se enxerga a dimensão desse negócio. Acredita que vai beneficiar a região em muitos aspectos, como na criação de empregos e geração de renda.