Freud, corre aqui!

Já imaginou fazer parte de um experimento psicológico? Certamente a resposta será negativa, não é? Ainda mais se o teste for baseado nas teorias  do psiquiatra Sigmund Freud (tsc, tsc, tsc…) que deixou como parte da teoria da psicanálise o conceito de id, ego e superego.

Em resumo, o id trata dos desejos primitivos, impulsividade, enquanto o ego seria o equilíbrio, ou melhor, o mediador entre a realidade e os desejos inconscientes do id, a razão; pesando as consequências de todas as ações. O superego, por sua vez, é o amigo “chato”, “certinho”, aquele que ninguém quer escutar porque sabe que ele está certo e vai estragar a diversão; o juiz.

Agora, ao observarmos a realidade mundial, mas principalmente local, identificamos que o pedido – do ego – é para que tenhamos cautela, cuidado, para controlar a circulação do coronavírus. Para isso, é necessário a privação dos prazeres (controlar o id): não sair, não aglomerar com os amigos, não viajar, e, não viver “como se não houvesse amanhã”, porque ele chega e a conta é alta.

Diante disso, o superego entra com a face moral e tenta nos ensinar o autocontrole. Por exemplo, ele é aquele amigo que diz: não vou sair em respeito ao fulano que não conseguiu vencer a Covid-19. Sair não é ilegal, é direito ir e vir, mas aí, baseado no conceito de Freud, entra a moralidade.

Percebem o jogo?

Até o momento, a sociedade está totalmente controlada pelo id. A razão, autocontrole e moralidade estão fora da quadra. Com isso, não existe mais o cuidado coletivo, o amor ao próximo, o certo. Só existe o imediato, o agora. O futuro foi tirado dos tempos verbais, ou melhor, o seu uso foi reduzido para semanas, no máximo meses.

Não há programação certa para daqui um ano, não há como ter, porque as perspectivas não são as melhores. Todo dia o cenário muda, quem está com você hoje, pode não estar mais amanhã. E ao invés de controlarmos esse buraco negro, só o fazemos crescer, levando sonhos e momentos.

O que diria Freud se fosse um dos estudiosos sociais dessa época? O que escreveria se visse uma sociedade que detém toda a tecnologia sucumbindo ao primitivo? Entregue à irracionalidade?

Nem Freud explica!?

Taís Nascimento é jornalista da Secretaria de Estado de Saúde.

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