O Floresta Digital se consolidou como um exemplo de democratização da informação e inclusão para a população do Acre. O programa atende hoje quase 60 mil usuários cadastrados e atinge, através de diferentes serviços, mais de meio milhão de acessos, entre cadastros para utilização da internet e serviços prestados nos telecentros.
Para implantá-lo, o governo do Estado investiu R$ 7,5 milhões – um investimento baixo, considerando o ganho revertido para a população em serviços diretos e indiretos de acesso à internet: sinal do Floresta Digital nas residências, através da antena corretamente instalada, cursos e oficinas nos telecentros e o recém-disponibilizado Portal de Ensino a Distância.
Apenas em um dos rádios localizados no bairro Irineu Serra, disponibilizado para atender uma pequena comunidade (foto 1), há diariamente uma média de 20 pessoas acessando a internet, com tempo médio de três horas de navegação. Com velocidade entre 380 e 420kb, alguns desses usuários chegam a realizar um tráfego de downloads de mais de 30 Gb por mês, comprovando o acesso da região ao serviço oferecido pelo Floresta Digital. “O que acontece é que muitas vezes o usuário está com má instalação do equipamento ou apontando para o lugar errado. Dessa forma, ele não consegue captar o sinal emitido”, esclarece Silmar Antônio, diretor do Floresta Digital.
Na região de Sena Madureira, só no mês de março, 381 pessoas usaram o serviço, realizando quase onze mil conexões. O sinal de internet foi liberado no município a partir de novembro e desde então só sofreu corte na transmissão em decorrência da falta de energia elétrica no município, operando com uma média de 1,5 Mb e picos de 2,92 Mb. Apenas nas últimas oito horas (dados coletados às 22hs do dia 18/04) o pico ultrapassou os 3,85 Mb, números similares aos registrados na última hora (vide Gráficos).
Atualmente, o programa está passando por uma nova fase, voltada à aproximação com o cidadão, em busca de melhores resultados. Como o principal motivo da falta de acesso é a dificuldade para que os usuários instalem corretamente suas antenas, o Floresta Digital preparou uma equipe e há alguns meses vem realizando um trabalho de visitação técnica, indo à casa dos usuários e ensinando a forma correta de instalação e uso da antena. “Houve um temporal forte e arrancou minha antena, e depois disso não consegui mais acessar a internet. Agora eu consigo todos os dias, pois os técnicos vieram aqui e identificaram o problema”, disse Josimar Lima de Almeida, comerciante e residente no bairro Boa União.
Outra moradora da região, Cristina Belo, 23, teve a mesma experiência. “Antes eu só conseguia acessar a internet de manhã. Agora, depois que recebi a visita e eles arrumaram a antena para mim, eu acesso todo dia, a qualquer hora”, comemora a usuária. “Estou muito feliz agora, pois eu precisava muito da internet. Eles disseram que ela estava apontando para o lugar errado, muito para baixo. E depois eles ainda voltaram para ver se continuava pegando bem”, conta Cristina, relatando um problema simples, que muitas vezes compromete a qualidade do sinal.
No último ano, a velocidade média da internet do Floresta Digital dobrou, passando de pouco mais de 200kb para mais de 400kb, e novos pontos de acesso foram implantados. Embora a equipe do programa esteja trabalhando para melhorar os serviços, ainda há dificuldades. Uma delas ocorreu recentemente no município de Tarauacá, quando o cabo subterrâneo de energia elétrica foi rompido, em três ocasiões e locais diferentes, impossibilitando a continuidade do serviço. Para resolver o problema, os cabos de energia estão sendo trocados e reforçados com um cabo de aço suspenso.
Projeto Baixada
“A cidade é um organismo vivo”, definiu Carlos Alberto Rebello, assessor especial do governo. Ele explica que muitas vezes o sinal do Floresta Digital acaba sendo prejudicado pelo crescimento da cidade, com paredes sendo levantadas, árvores crescendo e obstáculos interrompendo o sinal, que antes era livre de barreiras. “Tudo isso influi na velocidade de conexão, por isso nossa equipe está a campo para realizar o mapeamento e proceder a novos ajustes no programa”, ressalta. O assessor explica que a Baixada da Sobral está sendo um piloto para essa revisão do Floresta Digital.
De acordo com Paulo Roberto Ruela, consultor de redes da Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (DTIC) da Seplan, além da elevação dos pontos de acesso visando facilitar a captação do sinal pelas antenas domésticas, também estão sendo instalados na região novos equipamentos, como Rádio Painéis e Pontos de Acesso. “É importante lembrar que esse processo de aprendizagem e melhorias será replicado nos outros locais. Esse é apenas nosso ponto inicial”, afirma.
De acordo com a DTIC, a Praça Joaquim Macedo está sendo preparada para oferecer internet gratuita através de Hotspots (pontos de acesso), possibilitando entrar na internet sem a necessidade de antenas, apenas com notebooks ou celulares, como ocorre em outros pontos da cidade, a exemplo da Biblioteca Pública.
Telecentros e cursos a distância
Nos telecentros do Floresta Digital, mais de seis mil pessoas puderam se qualificar, participando de cursos e oficinas gratuitas. “Sem os telecentros, pessoas humildes, que não podem pagar escolas de informática, não poderiam ter realizado seus cursos”, afirma Paulo Henrique Oliveira chefe da Divisão de Inclusão Digital da Seplan. De acordo com ele, são mais de 60 mil cadastros realizados apenas para os telecentros, além do Floresta Digital, que têm a mesma proporção. “Já são quase seiscentos mil os números de acessos realizados nos telecentros. Imagine esse montante impedido de exercer esse direito por não poder pagar pelo serviço?”, defende Oliveira.
Fazendo intermédio entre o acesso à internet proporcionada pelos Hotspots e os cursos oferecidos nos telecentros, que hoje já somam mais de seis mil formados, a Diretoria de Modernização Administrativa (DMA), também da Seplan, lançou este mês o Portal de Ensino a Distância do Floresta Digital. O portal está aberto à comunidade e pode ser acessado no endereço www.ead.florestadigital.ac.