Para tirar Feijó da condição negativa de maior desmatador da Amazônia e com maior quantidade de focos de incêndios florestais, conforme dados registrados em 2024 pelo Instituto Imazon, a operação Sine Ignis, coordenada pelo Instituto Meio Ambiente do Acre (Imac), em parceria com instituições que defendem a causa ambiental, e as forças policiais, realizaram operações no município nos últimos 10 dias.
Como resultado da ação foram registrados 20 autos de infração, por desmates e queimadas numa área equivalente a 218,08 hectares e um total de R$1,419 milhão em multas.
Para cumprir as fiscalizações a equipe composta pelo coordenador Ivan de Jesus Pereira, a geógrafa Harryette Silva, o engenheiro florestal Rafael Strapasson e o chefe do escritório do Imac no município, Júnior Dourado rodaram pelos ramais, a maioria intrafegáveis, por uma média de 2,5 quilômetros, incluindo final de semana e os dois feriados da última semana.
Também integram as operações de fiscalização contra desmate e queimadas o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), o Instituto Nacional de Meio Ambiente (Ibama), Grupo Especial de Fronteira (Gefron), Batalhão de Policiamento Ambiental da Polícia Militar do Acre (BPA/PMAC) e Corpo de Bombeiros. Três equipes atuam na fiscalização na região de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá.
Segundo o chefe do escritório do Imac em Feijó, Júnior Dourado, uma situação que vem sendo muito observada nas operações de fiscalização no município é a constatação de passivos ambientais praticados por trabalhadores braçais contratados por supostos proprietários que residem em outro estados, como Mato Grosso, Rondônia e até nos Estados Unidos.
“Nesse caso a busca pelo responsável se torna mais complexa, contudo, a equipe encaminha os meios legais para se chegar a eles, através da integração com outros órgãos, como IBAMA, BPA/PMAC e até mesmo a inteligência das Policiais Civil e Militar”, esclareceu.
Um desses casos foi registrado no Projeto de Assentamento Liberdade, Ramal do 18, onde a fiscalização constatou uma concentração de cinco lotes, somando 250 hectares, que segundo o caseiro pertence a um proprietário que mora nos Estados Unidos.
O coordenador da equipe de fiscalização, Ivan de Jesus Pereira, esclareceu que na primeira fiscalização nesses lotes foi constatado um desmatamento de 11,60 hectares e uma multa de R$56mil. Na segunda vistoria um desmate de 22,6 hectares, correspondentes a uma multa de R$113 mil.
“Em muitas circunstâncias é desafiador chegar ao nome do responsável pelo dano ambiental, nos deslocamos por horas em ramais intrafegáveis, mas nosso papel é fazer cumprir o papel do Estado e aqui estamos”, constatou Cordeiro.