Festival Yawa aquece mercado de artesanato indígena

Feira de Trocas da SEPMulheres resgata economia solidária para os participantes do XII Festival Yawa (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

Feira de Trocas da SEPMulheres resgata economia solidária para os participantes do XII Festival Yawa (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

Turistas do mundo inteiro prestigiaram o Festival Yawa, que este ano completou a sua 12ª ediação com sucesso. O evento foi realizado na Aldeia Nova Esperança do Rio Gregório, em Tarauacá, e encerrou sua programação na noite de terça-feira, 29. Durante os cinco dias de festividade, os participantes puderam conhecer o estilo de vida yawanawá e vivenciar um pouco a cultura indígena acreana, além de terem contribuído para a economia local, ao adquirir peças de artesanatos que estavam sendo comercializadas pelas índias.

Pulseiras, colares, brincos, cocares, adornos de penas e artesanatos em geral eram disputados pelos turistas, que queriam levar mais que fotos e recordações para casa: queriam levar objetos de decoração pessoal e presentes para aqueles que não puderam prestigiar a festa. Visando a oportunidade de mercado, índias das aldeias arredias também levaram seus produtos para serem expostos aos “novos consumidores”.

A artesã indígena da Aldeia Amparo Aldelicia Yawanawá ficou satisfeita com o resultado financeiro que obteve durante o festival. “Este ano eu preparei uma quantidade grande de artesanato para vender e tive um resultado muito positivo. Confeccionei meus produtos meses antes. O curso de beneficiamento de semente que tivemos na Casa da Mulher Yawanawá me ajudou a diversificar as peças”, afirmou.

A secretária de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), Concita Maia, realizou no mês de agosto Oficinas de Beneficiamento de Sementes para as índias da Terra Indígena Yawanawá do Rio Gregório, que serviu como uma pré-produção dos produtos que elas iriam comercializar no Festival Yawa. O curso faz parte das metas a serem cumpridas do projeto “Casas de Produção de Cultura da Mulher Indígena”, executado pelo governo do Estado e financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento.

Para a liderança da aldeia Amparo, Alderina Yawanawá, a Oficina chegou no momento certo. “O curso com sementes casou com a grande procura de artesanato proporcionada pelo Festival Yawa. As coisas aconteceram de maneira sequenciada, nos possibilitando a oportunidade da produção em maior escala”, ressaltou.

“O governo está atuando em diversas frentes no que se refere às políticas de gênero. No caso das mulheres indígenas, além de termos construindo um local todo equipado para a produção do artesanato e repasse de saber, ainda proporcionamos um curso para que elas aperfeiçoassem as técnicas que já dominam, fazendo uso das matérias-primas que elas têm em abundância. Nesse sentido, o Festival Yawa, do qual somos parceiros, possibilitou o escoamento dessa produção, gerando renda para as mulheres indígenas por meio do etnoturismo”, enfatizou a secretária.

Feira de Trocas

Secretária Concita Maia visitou o depósito de artesanato das índias da Aldeia Amparo e foi presenteada com um colar de miçangas (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

Secretária Concita Maia visitou o depósito de artesanato das índias da Aldeia Amparo e foi presenteada com um colar de miçangas (Foto: Maria Meirelles/SEPMulheres)

O projeto das Casas de Produção e Cultura da Mulher Indígena visa mais que a inclusão socioeconômica das índias, ele busca o resgate da cultura dos povos indígenas que tanto sofreram com a influência do “homem branco”. Neste contexto, a SEPMulheres tem uma didática voltada para os conceitos de economia solidária na gerência da Casa. Pensando em proporcionar essa vivência os visitantes, a secretária incluiu uma Feira de Trocas dentro da programação do Festival Yawa.

A ideia era que cada participante levasse um objetivo que não lhe era mais útil para trocar com outra pessoa que também tivesse mesmo propósito. Turistas e índios entraram na brincadeira, que além resgatar a cultura dos povos indígenas de ajudar o próximo sem o uso do dinheiro, também possibilitou o acesso a uma maneira diferente e solidária de consumo.

O senador Jorge Viana fez questão de participar da brincadeira. “A melhor lição de economia solidária que nós podemos viver é na aldeia, pois esse povo nunca usou moeda e eles sempre tiveram o necessário para viver. O que estragou esse mundo foi à chegada do dinheiro, então iniciativa da SEPMulheres em estimular isso em festival de cultura é também um resgate do jeito dessa população tradicional se relacionar”, afirmou.

Para turista paulistano, Claudio Spoiler, que veio pela primeira vez ao Festival Yawa a experiência da feira foi muito proveitosa. “Eu achei ótimo, troquei um monte que eu não estava usando com artesanato para dar para minha esposa”. Já a liderança da Aldeia Amparo, Antônio Luiz Yawanawá, a feira deveria ser reproduzida nas escolas indígenas. “Eu fiquei muito feliz em ver todos juntos: turistas e índios trocando coisas de maneira solidária. Vou inclusive sugerir que isso seja realizado nas escolas, para que as professoras possam estimular os nossos filhos a viver de maneira igualitária e justa, como os nossos antepassados”, disse.

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