Festival Mariri reafirma cultura Yawanawá

Festa, brincadeiras, cultura e preservação permeiam os cinco dias e noites do Mariri (Foto: Sérgio Vale/Secom)
Festa, brincadeiras, cultura e preservação permeiam os cinco dias e noites do Mariri (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Com os pés na canoa, seis horas de barco pelo Rio Gregório, em Tarauacá, equilibrando-se entre a euforia e o temor de conhecer a floresta amazônica, turistas chegam ao Festival Mariri Yawanawá 2015, que durou de 27 a 31 de julho. “Quem subisse o barranco do Mutum tinha que estar hoje aqui, sejam todos bem-vindos!”, saúda os visitantes, Tashka Peshaho Yawanawá, presidente da Associação Sociocultural Yawanawá (Ascy).

Esta é a terceira edição do festival Mariri, realizado na Aldeia Mutum da Terra Indígena (TI) do Rio Gregório. Algumas aldeias acima, na mesma TI ocorre também, desde 2002, o Festival Yawa. O grupo Yawanawá segue, a cada ano, em cada aldeia, firmando suas tradições e costumes, seja nos festejos ou nas conversas com os mais velhos e aulas em sua própria língua.

Este ano, o festival teve uma homenagem especial ao pajé Tatá Yawanawá, um líder espiritual centenário e um dos últimos guardiões da tradição yawa. Tatá é quem inspira toda aldeia: “O Tatá representa a memória viva do povo Yawanawá. É nosso pajé, nosso líder espiritual”, afirma Tashka, abraçado com o senhor já sem a visão, porém firme em seus ensinamentos.

"Somos todos irmãos, estamos todos na mesma energia” - Tatá
“Somos todos irmãos, estamos todos na mesma energia” – Tatá (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Desde que o povo Yawanawá passou pela exploração de seringueiros e de missionários, Tatá, seguido de outros “parentes” (modo como indígenas nomeiam seus semelhantes) mais velhos, cultivam sua cultura e repassam para os mais novos. “Um povo que não tem sua tradição e seus costumes espiritual, que não tem uma educação, é um povo morto, como um rio sem peixe. É um vazio”, explica Matsni Yawanawá, um dos jovens aprendizes de Tatá.

Seguindo os passos do resgate cultural, cada festival, que junta aldeias e diversas etnias do estado e turistas de diversos países, apresenta-se também como ferramenta da preservação cultural amazônica. Atualmente, neste mundo globalizado, as trocas de experiências nas terras indígenas ganham o importante contexto de sensibilizar o mundo para a não destruição das florestas e seus povos.

“O Mariri, para nós, é sempre uma reverência aos nossos ancestrais. Queríamos que as manifestações culturais e espirituais Yawanawá pudessem se manter na sua essência, na sua pureza, como sempre fizeram nossos ancestrais”, a afirmação de Tashka pode ser ampliada a toda a cultura amazônica, e pode ser levada a todo o Brasil e ao mundo nas mãos e nos sentimentos dos que ali estiveram.

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