Fé, união e gratidão marcam festejos de São João do Guarani em Xapuri

Fiéis comparecem para homenagear o santo padroeiro da comunidade, o São João do Guarani (Foto: Sérgio Vale/Secom)
Fiéis comparecem para homenagear o santo padroeiro da comunidade, o São João do Guarani (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Os dias 23 e 24 de junho são sagrados para os moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex), em Xapuri. É momento de homenagear o santo padroeiro da comunidade, o São João do Guarani. Na sexta-feira, 24, o governador Tião Viana, acompanhado pela primeira-dama, Marlúcia Cândida, o deputado federal, Leo de Brito, e a deputada estadual, Leila Galvão, compareceu aos festejos que foi marcado pela fé, união e gratidão dos xapurienses da Resex.

Distante 42 quilômetros da área urbana de Xapuri, a pequena colocação Guarani, no seringal Boa Vista, ainda guarda com muito respeito uma das mais antigas manifestações religiosas do Acre. Todos os anos, há mais de um século, sempre no dia 24 de junho, data em que também se festeja o Dia de São João, fiéis adentram as matas da colocação para pagarem promessas e pedirem graças a São João do Guarani, mais conhecido como o Santo da Floresta.

“É uma alegria imensa estar aqui. Venho pra cá em oração para acompanhar o movimento de fé e espiritualidade do povo de Xapuri. Aqui há esperança compartilhada e sentimentos como simplicidade e boa fé nas relações entre as pessoas”, disse Tião Viana.

Após a romaria, foi celebrada uma missa pelo padre Francisco das Chagas, da Paróquia de Xapuri, com o apoio do padre Luiz Ceppi, de Rio Branco. “Uma vida sem espiritualidade é vazia. A fé tem força e capacidade para voar acima de nossos egoísmos, para que possamos ver o mundo assegurando a estrutura real para o amor”, proferiu o padre Ceppi, na abertura da missa.

Após a romaria, foi celebrada uma missa pelo padre Francisco das Chagas, de Xapuri, com o apoio do padre Luiz Ceppi (Foto: Sérgio Vale/Secom)
Após a romaria, foi celebrada uma missa pelo padre Francisco das Chagas, de Xapuri, com o apoio do padre Luiz Ceppi (Foto: Sérgio Vale/Secom)

A primeira-dama Marlúcia Cândida, também descreveu sua alegria em poder participar dos festejos junto à comunidade. “Estudei nessa área e fiz meu mestrado aqui. Há tantas histórias bonitas pra gente contar. Em pensar o que foi o Acre no passado e o que será amanhã. É um estado que conseguiu se desenvolver e oferecer dignidade para as pessoas da zona rural. E essa história de desenvolvimento começou aqui”, afirma.

O seringueiro Raimundo Barros, parceiro de luta de Chico Mendes, destacou que os fiéis de São João do Guarani identificam-se intensamente com sua vida e história. “Independente de qual for a verdadeira história do São João do Guarani, ele foi mais uma vítima das dificuldades enfrentadas pelos seringueiros”, conta Raimundão.

História e gratidão no seringal

O professor João Oliveira dos Santos conta que trabalha há mais de 20 anos na colocação e é um dos moradores que ajudou a fundar a comunidade na década de 1984, com a ajuda da igreja católica.  Em sua versão, ele narra um pequeno trecho do que acredita ser a verdadeira história do santo.

“João Guarani era um seringueiro que, após uma briga com o patrão, morreu sozinho em casa, por conta de uma doença grave. Alguns meses depois, dois amigos de infância de João se perderam na mata e disseram que foram ajudados pela alma dele a encontrar o caminho para casa. Desde então prometeram cuidar do túmulo do seringueiro até o fim de suas vidas. A partir daí sucederam muitos milagres na comunidade”, conta o professor.

O produtor rural Raimundo Nonato Fernandes caminhou durante duas horas até a capela, para pagar uma promessa ao santo (Foto: Sérgio Vale/Secom)
O produtor rural Raimundo Nonato Fernandes caminhou durante duas horas até a capela, para pagar uma promessa ao santo (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Apesar da história de São João do Guarani divergir entre os fiéis, de uma coisa todos têm certeza: o santo faz milagre! São inúmeros casos de cura de doenças, reencontros com familiares perdidos na mata há dias e tantos outros casos.

O produtor rural Raimundo Nonato Fernandes é prova disso. Aos 61 anos não poupou uma caminhada de duas horas até a capela, onde, ao chegar, deu três voltas até deixar sua homenagem em agradecimento ao santo. “O meu milagre foi de cura. Entrou um espinho no meu dedo e eu estava a ponto de amputar. Até a noite em que fiz uma promessa e no outro dia ele amanheceu sarado. Hoje a promessa foi paga”, conta sorridente.

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