Fazenda da Esperança e a luta contra a dependência química no vale do Juruá

Instituição pretende ampliar número de vagas

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Trabalho, convivência e espiritualidade. É nesse tripé que a Fazenda da Esperança baseia sua técnica para ajudar os dependentes químicos e alcoólicos (Foto: Flaviano Schneider)

Trabalho, convivência e espiritualidade. É nesse tripé que a Fazenda da Esperança baseia sua técnica para ajudar os dependentes químicos e alcoólatras. Entidade ligada à Igreja Católica, a Fazenda Esperança existe há 28 anos ee além do Brasil, existem Fazendas Esperança em dez países, num total de 74 casas. No Acre, há dois anos funciona uma casa em Sena Madureira.

Em janeiro deste ano, por ação do padre Guilherme Stader, da paróquia de Mâncio Lima, a instituição abriu uma unidade no município, já em pleno funcionamento. Logo foram admitidos 12 internos, que é o máximo que a casa pode receber atualmente. No interior da fazenda, os 12 internos seguem um ritual diário que envolve o trabalho, interação com os colegas e educação espiritual.

O trabalho

Para poder ser admitido numa Fazenda Esperança, o dependente químico precisa se decidir a mudar de vida. Não são aceitos internos mandados por pai, mãe ou parentes. O candidato a uma vaga tem que escrever uma carta de próprio punho contando sua história e demonstrando disposição de se submeter às regras da entidade e ao processo de desintoxicação.

A meta da entidade é a autossustentabibildade. Nos quatro meses de existência, a fazenda, situada no Ramal do Batoque, em terreno de 110 hectares, já tem roçados de feijão, milho e mandioca, horta, além de dois tanques onde foram colocados 3.700 alevinos de pirapitinga. Os dois tanques foram construídos com apoio do governo do Estado. Quando iniciar a produção, cada interno, como fruto de seu trabalho, receberá uma cesta de produtos que será entregue à sua família para comercialização. O dinheiro servirá para a manutenção da fazenda.

De acordo com o administrador da Fazenda, Fábio Pereira Gomes, a necessidade é tão grande e tantos são os pedidos que a instituição já pensa em ampliação. Foi adquirido novo terreno, contíguo ao primeiro, onde se erguerá uma segunda unidade e onde estão sendo implantados projetos de agricultura, com o plantio de dez mil pés de abacaxi e participação no programa do governo do Estado de plantio de coco. No local, a pretensão é  construir nova unidade para 20 internos.

Missão

Fábio Pereira é ex-dependente químico. Paraibano, ele conseguiu recuperar-se na Fazenda Esperança de seu Estado natal e decidiu continuar na missão. Convidado pela direção da entidade, topou o desafio de vir trabalhar no Acre. Deixou a esposa e duas filhas, mas espera em breve trazê-las para o Vale do Juruá.

Ele conta que nos primeiros três meses, os internos são auxiliados. Depois, até o sétimo ou oitavo mês, o interno aprende a caminhar sozinho e nos últimos meses eles ajudam a guiar os recém-chegados. O sistema é rígido: os internos não podem ter celulares; a programação da TV tem horários estabelecidos e a primeira visita de parentes só pode ocorrer depois de três meses.

Para oferecer novas opções de trabalho, Fábio está começando a implantar o artesanato na fazenda. Para isso, ele conta com a ajuda de um colega, Dorval do Nascimento Feitosa, que veio da Fazenda Esperança, de Manaus, e é conhecedor do ramo. Ainda está sendo construída na fazenda uma pequena padaria.

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