A informação é um instrumento de poder. Quando utilizada corretamente, pode promover transformações sociais essenciais para a humanidade. Mas, em pleno Século XXI, mesmo com o alto desenvolvimento da tecnologia, encontraram uma maneira de subverter os avanços da comunicação social através da propagação de mentiras trasvestidas de verdade. São as famigeradas fake news, que invadiram as redes sociais e, até mesmo, importantes meios de comunicação de massa. Elas são utilizadas por indivíduos e corporações inescrupulosas para alcançarem resultados inconfessáveis. Um caso em que os fins não justificam os meios, por provocarem muito sofrimento às vítimas das setas envenenadas dessas notícias falsas.
Sobretudo no meio político, as fake news encontraram um campo fértil para proliferarem. Transformaram-se numa arma eficiente para se alcançar o poder a qualquer custo. Mesmo que, para isso, reputações sejam destruídas, espalhando medo e sofrimento para inúmeras pessoas. É a valorização da desinformação que promove a ignorância. Das trevas tentando se sobrepor à luz do esclarecimento.
É preciso entender que as fake news representam uma abominação do ponto de vista ético da comunicação social. Promovem uma espécie de “suicídio coletivo” aos incautos com tendências a acreditarem em qualquer coisa publicada sem a devida visão crítica. O objetivo das fake news é destruir e não construir. É cegar e não ampliar a visão. Assim, prestam um desserviço à sociedade, mantendo as desigualdades sociais em níveis inaceitáveis do ponto de vista humano.
O objeto de qualquer ciência é melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. E essa é a premissa que deve nortear também a comunicação social. Imbuído de informações verdadeiras, qualquer individuo poderá fazer as transformações necessárias à sua vida. Terá as opções para trilhar um ou outro caminho, conforme a sua consciência. As fake news, por outro lado, promovem as mentiras que levam ao erro, que pode ter consequências nefastas na vida pessoal de qualquer cidadão.
Existe um outro aspecto ainda mais cruel nas fake news: a devastação que provoca na vida das suas vítimas, julgadas pela opinião pública, sem nenhum direito à defesa. É como um travesseiro de penas rasgado. Depois das suas penas serem jogadas ao vento, jamais será possível encontrar todas para recolocá-las no travesseiro. Uma vítima das fake news, por mais enganosas que sejam as informações propagadas ao seu respeito, jamais conseguirá restaurar totalmente a sua credibilidade. Sempre alguém permanecerá com a dúvida provocada pela mentira. Uma aberração que se transformou num câncer na sociedade contemporânea.
É preciso que os leitores, telespectadores, ouvintes e internautas se atentem para as informações que recebem pelas redes sociais e os mais diversos meios de comunicação. Desenvolvam o senso crítico para separarem o joio do trigo. Questionem as procedências das fontes, antes de absorverem as informações que consomem. Essa consciência é importante para restaurar a credibilidade entre os seres humanos. Como conta uma parábola védica: não se pode ficar imobilizado numa estrada por avistar ao longe uma serpente no caminho. Sobretudo, se essa serpente, na verdade, for apenas uma inofensiva velha corda enrolada e jogada na beira da estrada.
Nelson Liano Jr.
Jornalista – Diretor de Comunicação da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom)